Jornal da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | Especial

DIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 24 sente, diz. “Hoje há um embate entre indústria de comunicação e rela- cionamento em vertente democrática e a indústria de relações não públicas, danosa para empresas, instituições e mídia”, ex- plica. Isso porque as em- presas afinal dependem de decisões no campo de políticas públicas e, por sua vez, são em si mesmas territórios an- tropológicos com expres- são da sociedade. Se nos anos 1980 era necessá- rio baixar os muros das empresas com políticas de portas abertas, agora com democracia, novas tecnologias, pessoas e comunidades empode- radas os muros caíram e, como sistemas abertos, empresas e sociedade passam a atuar pratica- mente em conjunto. Hoje, avalia, cada vez mais executivos de alto nível, de CEOs a conse- lheiros e acionistas, ex- pressam-se politicamen- te e as empresas são demandadas a se posicionar em temas que tradicionalmente eram exclusividade da ação política tradicional. Para Nassar, sistemas fechados tendem a perder energia e chegar no limite à entropia, com destruição do sis- tema organizacional. Segundo ele, o pensamento estratégico é construído com base em relação compartilhada, com con- fiança em todas as dimensões estratégicas, saindo do pensa - mento militar onde um ganha e outro perde. Isso demanda comunicadores com pensamento democrático, que deixem para trás a postura de “manda quem pode, obedece quem tem juízo” e fortaleçam o diálogo, já que a escuta é terreno fértil para a inovação. A Abracom, por sua vez, está se preparando para come- morar 20 anos de atuação no ano que vem. Seu percurso de profissionalização como representante do setor inclui hoje um presidente executivo, responsável por representar a entidade, e um conselho com presidente eleito a cada dois anos, sendo o atual Daniel Bruin . O formato responde a uma questão cultural. “Em um país presidencialista, uma reunião com a secretaria da Presidência, por exemplo, exigia a pre- sença de um presidente”, conta Carlos Carvalho , jornalista de formação e profissão que chegou à entidade em 2002 atendendo uma das exigências impostas para o cargo de secretá- rio geral – não ter traba- lhado antes em agências de comunicação. A evolução do merca- do no período é expressa em números. “Quando entrei na entidade, a maior agência do setor tinha 80 funcionários. Hoje a maior tem 800”, compara. Além disso, se a atividade reunia perto de 5 mil pessoas, agora chega a 16 mil. Além de absorver representati- vidade das instituições separatistas anteriores, Anece e Aberp, a Abra- com também se fundiu ao Simco, sindicato pa- tronal das agências de comunicação, que cele- brava convenções coleti- vas com o sindicato dos jornalistas – algo difícil de ser produtivo para um setor tão diverso. A assessoria de im- prensa, que antes repre- sentava 90% do valor do setor, caiu para 50%, embora man- tenha sua relevância principalmente como porta de entrada para os clientes. Outra virada de chave foi a mudança de compreensão profissional, já que mesmo com formação em jornalismo a área exige atuação multidisciplinar (na prática, relações públicas, nomenclatura que não pode ser emprega- da por regulação). Mais uma, a relevância da internet e do digital, iniciada com sites, conteúdo e blogs corporativos e que hoje envolve máquina sofisticada de captação, análise e emprego de dados com inteligência. A diversidade também avançou, principalmente no campo do gênero, ganhando espaço na questão racial. Ou- tra marca do período é a concentração, diz Carlos. Com a aceleração de grupos internacionais, o mercado está seg- mentado em agências grandes e de médias para pequenas, principalmente com estilo butique ou voltadas a nichos, sem uma fatia intermediária. A estimativa é de existirem perto de 880 agências no mercado, 180 delas associadas à Abracom, representando aproximadamente 80% do faturamento do setor. Vale ressaltar no entanto, segundo Carlos, que “cerca de 70% das associadas são micro e pequenas agências”. Carlos Carvalho

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