Jornal da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | Especial

DIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 6 P ara se ver como a mestiçagem estava já na origem da atividade, um dos nomes mais importantes da História da Comunicação Empresarial, no Brasil, Carlos Eduar- do Mestieri , é advogado por formação e relações públicas por vocação. Recém formado em Di- reito, ele chegou a abrir uma banca em 1961. Dois anos depois, traba- lhando no cerimonial da Assembleia Legislativa de São Paulo e com co- nhecimento prático de relações governamen- tais, foi seduzido pela ati- vidade quando ganhou um livro sobre o que era relações públicas dos sócios da AAB, agência pioneira, fundada em 1963 por José Carlos Ferreira , vindo da Ford, e José Rolim Valença , ex-relações-públicas da agência de publicidade JW Thompson (cargo em que foi sucedido por Va- lentim Lorenzetti ), além de Carlos Chueiri e Mário Fioretti , e que na época começava a estruturar departamento especifico para se relacionar com governos. Não havia então, a bem da verdade, curso inde- pendente de relações pú- blicas no Brasil. Depois de um está- gio na Hill and Knowlton, em Washington (EUA), Mestieri voltou ao Brasil, uniu-se à AAB e passou a estimular o relaciona- mento entre indústrias e o legislativo federal. Mas durou pouco. O fe- chamento do congresso pela ditatura direcionou a atividade para rela- ções com militares. O pensamento estatizante na época demandava esforços de educação a respeito da importância da indústria, com interlo- cução facilitada por mili- tares com passagem por iniciativas como a Escola Superior de Guerra (ESG) e o Curso de Relações Públicas do Exército. AAB, a mãe de todas as agências Carlos Eduardo Mestieri comunicação. E é só observar o perde e ganha de contas que cada dia se acentua, para ver o grau de competitividade hoje existente na atividade. Ives Lee, o pioneiro A atividade oficialmente inaugurada por Ives Lee nos Estados Unidos chegou aqui com indústrias atraídas pela infraestrutura implantada em meados do século passado, incluindo de centrais elétricas a estradas e matéria-prima, como siderurgia. Os anos 1960 foram marcantes. No início da década as multinacionais já contavam com estruturas de comunicação sob as quais até então se concentravam dis- ciplinas como Publicidade, Relacionamento com Imprensa e Comunicação Interna. Tal escopo, conceitualmente, seria definido como Re - lações Públicas, uma nomenclatura que aqui no Brasil vale nas universidades, mas praticamente inexiste no mercado por causa de questões legais. A imposição legal de formação específica para quem atua na área, mais do que favorecer a atividade a tem prejudicado, pois o caminho que o merca- do encontrou para driblar essa obrigação, que surge com a criação dos Conselhos Federal e Estaduais dos Profissionais de Relações Públicas (o Conferp e os Conrerps), foi mudar a nomenclatura para Comunicação Empresarial, Comunicação Organizacional, Comunicação Corporativa e outras, dificul - tando a própria entrada no mercado e ascensão dos profis - sionais formados. A mestiçagem, defendida por instituições como a Aberje e a Abracom, tem prevalecido, com ganhos substanciais para toda a atividade. São jornalistas, publicitários, advogados, teólogos e, claro, também relações públicas – uma realida- de ainda mais acentuada hoje, não só nas empresas, mas em agências, seja pela crescente consciência da necessida- de de empresas apostarem na diversidade para entender e atender de forma adequada seus diferentes públicos, seja pela demanda operacional de diferentes habilidades para a prestação do serviço, com um rol que inclui de estatísticos a bibliotecários, designers e sociólogos.

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