Anuário Brasileiro do Setor de Locação de Veículos | 2021

19 2021 Anuário Brasileiro do Setor de Locação de Veículos Brazilian Vehicle Rental Sector Yearbook segundo semestre do ano passado, “quando motoristas de aplicativos e pessoas físicas se enfileiraram na cor- rida pelo aluguel do carro”, relembra Rogéria. Em Rondônia e no Acre, o diretor Miguel Alves Ferreira Júnior conta que a reação também não tardou. “Mas, no auge da crise, em sua maioria as loca- doras da nossa região mesclaram an- tecipação de férias, algumas reduções de equipe e adesões ao programa de flexibilização do governo federal”. Na região Sul, durante abril e maio de 2020, o alento veio dos clientes cor- porativos. “No aluguel para pessoas fí- sicas, a retração chegou a 80%”, com- para Eduardo Andreotti Ignácio, diretor da ABLA em Santa Catarina. “Mesmo assim, o índice de demissões nas loca- doras catarinenses permaneceu baixo, com a maior parte optando por desmo- bilizar veículos para obter os recursos necessários naquele momento”. No Sudeste, Luiz Felipe Coser Ne- mer, diretor da ABLA no Espírito Santo, frisa que o principal reflexo da pande- mia segue sendo a escassez de veícu- los no mercado. No saldo de 2020, ele relembra a retração do aluguel de car- ros para o turismo de lazer, a necessi- dade de rolagem de contratos com os bancos e a dificuldade na obtenção de novas linhas para capital de giro. Em São Paulo, o diretor Daniel Ri- beiro Huss confirma que o setor sentiu a mudança brusca, mas seguida por uma também rápida recuperação dos negócios. “No segundo semestre, nos deparamos com demanda aquecida tanto do cliente pessoa física, reticen- te em adquirir o carro próprio, como do corporativo e dos motoristas de aplicativos”. Sem cancelamentos significativos de contratos e evitando a dispensa de mão-de-obra, os obstáculos surgiram na hora de renegociar dívidas com os bancos e de se enquadrar às exigên- cias das linhas de crédito. Vale lembrar que o setor de locação paulista enfren- tou agravantes como o fim do descon- to de 50% no IPVA, além do aumento do ICMS sobre o carro usado. Já no Paraná, as locadoras con- taram com o suporte dos clientes do agronegócio, setor que não paralisou suas atividades e seguiu demandando veículos alugados no estado. Cláudio Rigolino, diretor da ABLA, explica que ao representar quase 34% do PIB pa- ranaense, o agronegócio colaborou para que os números do setor não caíssem a patamares drásticos. “A terceirização de frotas sofreu menos, mas foram recorrentes os pedidos de renegociação de contratos, revisão nos valores de locação, carência de mensalidades e de prazos mais elás- ticos para pagamento”. Já Adriano Donzelli, diretor da ABLA em Goiás, lembra que a tercei- rização de frota, responsável por 75% dos negócios nas locações da região, apresentou retração de não mais do que 20% no início da pandemia. Já no aluguel diário o efeito foi drástico: “os segmentos de turismo, mais os aplica- tivos, foram à zero”. Segundo Donzelli, a partir de se- tembro de 2020 o sinal se inverteu e a demanda por parte dos motoristas de aplicativos passou a ser até maior em comparação com o período anterior à pandemia. Além disso, a terceirização de frota se expandiu para atender o agronegócio e empresas das áreas de saneamento e de energia elétrica. Em Minas Gerais, as perdas foram expressivas na locação para pessoa física, conforme o diretor da ABLA no estado, Leonardo Soares. Por outro lado, na pessoa jurídica o impacto foi minimizado, com a terceirização man- tida sobretudo pelas atividades de mineração, agronegócio e construção civil. “Em Belo Horizonte, nossa ativi- dade foi considerada essencial a partir da primeira flexibilização e o trabalho se manteve presencial”. Ele recorda, também, a insatisfa- ção dos empresários do setor com a dificuldade para obter crédito novo. “A solução foi renegociar com os bancos a flexibilização dos pagamentos e a adoção de medidas para proteção de caixa, incluindo corte de despesas”, conclui Soares.

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