Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2021

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2021 119 O olhar mais atento de investidores, órgãos mundiais e reguladores está reforçando o interesse corporativo em práticas aderen- tes à agenda ESG – sigla em inglês que traduz as questões relacionadas a meio ambien- te, preocupação social e boa governança sobre as quais as organizações devem se debruçar. Entre os investidores, as preocupações com a criação de passivos e geração de prejuízos diretos contrapõem-se com indicativos de prosperidade e melhores resultados financeiros relacionados às empresas voltadas ao tema. Artigo do jornalista Leonardo Pinto no portal XP Investimentos men- ciona estudos da McKinsey relacionando benefí- cios que vão desde facilitação burocrática junto a governos até redução de custos e preferência do consumidor, com 70% indicando que pagariam até 5% mais por produtos ecológicos com padrões de desempenho similares aos demais. Uma das empresas que aproveitaram a tendên- cia da demanda é a Unilever, cujo projeto Sunlin- ght resultou em detergente lava-louças com me- nos água necessária para enxágue, que superou o crescimento da categoria em mais de 20% em locais com escassez de água. Já a 3M economizou bilhões de dólares com o programa de reutilização de matérias-primas Pollution Prevention Pays, en- quanto a Fedex expande frota de carros híbridos ou elétricos para cortar gastos com combustíveis. No quesito social, um dos exemplos vem de den- tro: pesquisadores da London School of Economics mostraram que as ações de empresas cujos fun- cionários tinham maior conexão com valores cor- porativos e bem-estar social tiveram retorno 2% a 3% maior ao ano em período de 25 anos. Sustentabilidade, ética e religião - O artigo situa o nascimento da ideia de investimento sus- tentável a partir de códigos éticos e crenças re- ligiosas, com grupos como judeus, muçulmanos e metodistas sendo pioneiros no estabelecimento de padrões de investimento em acordo com seus valores, com veto a setores como bélico, de bebi- das alcoólicas e tabaco. Um dos primeiros fundos constituído especificamente com valores deste teor foi o Pax World Fund, de 1971, criado por re- verendos com foco em empresas voltadas à res- ponsabilidade social e exclusão das contribuintes com a Guerra do Vietnã. Em 1977, outro reverendo e líder de direitos ci- vis, Leon Sullivan, compilou um código de conduta empresarial, Princípios de Sullivan, para promover responsabilidade social corporativa e ajudar a apli- car sanções econômicas como pressão contra o apartheid na África do Sul. A ONU adotou versão atualizada deste código para fundar o Pacto Global, que empregou pela primeira vez o termo investi- mento ESG em 2005. “Há um processo em andamento no mercado financeiro para quantificar essas questões, tiran- do o foco exclusivo de valor para o acionista para incluir valor para todos os stakeholders ”, diz Le- onardo Paes Müller, economista, doutor em filo- sofia e pesquisador da Aberje, que este ano criou programa com uma série de entrevistas sobre o tema. Esse alargamento de horizonte tem visão horizontal, com abrangência de outros públicos, e temporal, tirando o foco da rentabilidade de cur- to prazo para olhar para um futuro marcado pelo que ele chama de capital ético. “Em certo senti- do, a conta chegou no bolso e estão sendo criados Leonardo Paes Müller, Aberje

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