Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 10 ABERJE Équase lugar-comum afirmar que, desde a revolução digital dos anos 1980-1990, instalou-se uma realidade que constitui, simultaneamente, um desafio e um amplo horizonte de possibilidades para a chamada imprensa tradicional. Desde o aparecimento dos primeiros blogs até os dias atuais – com seus podcasts, plataformas de vídeo e diversas modalidades de redes sociais –, a comunicação transformou-se, expandindo-se em escala imprevista e adquirindo feitios e características novos, cujos impactos ainda estão por ser inteiramente compreendidos e mensurados, mas já se fazem notar de diversas maneiras. Em razão desse processo de transformação, muito já se falou sobre um colapso da imprensa tradicional. E não foram poucos os especialistas que vaticinaram, por exemplo, a extinção do jornal impresso, o esvaziamento das grandes corporações de rádio e televisão, e outras tantas previsões apocalípticas para o jornalismo ao qual estávamos acostumados até os anos 1990. Essas possibilidades fizeram soar o alarme entre aqueles que consideram o jornalismo de qualidade uma conquista orientada para o bem comum, cujos rituais de produção foram forjados e testados em contextos históricos difíceis. Assegurar a expressão social dos inúmeros pontos de vista sobre os destinos das sociedades foi o alicerce para a construção e a preservação da democracia, destacadamente no Ocidente. A história e a memória desses mais de 300 anos de boas práticas é o que faz a maior parte da sociedade reconhecer a imprensa como uma instituição cuja existência é condição suprema para a existência da democracia. Como se sabe, tais previsões catastróficas nunca se confirmaram inteiramente. No que concerne à atividade jornalística, é inegável que a disputa pela atenção do público tornou-se mais acirrada. Todavia, apesar das crises, a morte anunciada provou ser um mito. Felizmente, não só os jornais impressos continuam a existir, como passaram a veicular seu conteúdo na web e incorporaram recursos típicos das novas mídias, numa demonstração de sua capacidade de adaptação e de sua resiliência, desencadeando um processo que terminou por erodir as fronteiras entre mídia virtual e impressa. Algo semelhante, pode-se afirmar com segurança, ocorreu no que concerne às redes de rádio e televisão. Em todos esses casos, o jornalismo institucional estendeu-se ao domínio digital, aumentando seu alcance e adaptando-se. Mesmo assim, não faltam dados que sinalizam um significativo realinhamento da importância atribuída, seja aos meios digitais, seja à imprensa tradicional. Em levantamento recente, a Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) constatou que o investimento das empresas em comunicação tende, mais do que nunca, a se concentrar nas novas mídias online e redes soRelacionamento com a imprensa: Paulo Nassar e Hamilton dos Santos

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