Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022

PESQUISA MEGA BRASIL 2022 Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 204 As agências de comunicação corporativa historicamente empregam mais mulheres do que homens, em proporção ainda superior à encontrada na população brasileira. Segundo dados do IBGE, baseados no censo demográfico de 2010, a população feminina no Brasil representa 50,7%. Nas agências de comunicação essa proporção sobe para 65,4%, segundo o estudo “Pesquisa Mega Brasil com Agências de Comunicação 2022 / Instituto CORDA”. Nas redações jornalísticas brasileiras há uma sub-representação nesse perfil: segundo a pesquisa “Perfil Racial da Imprensa Brasileira”, de 2021, realizada por Jornalistas&Cia, Portal dos Jornalistas, Instituto CORDA e I’Max, apenas 36,6% dos jornalistas de redação são mulheres. O levantamento aqui apresentado registrou um crescimento de 19,4%, entre 2020 e 2021, nos empregos diretos entre as agências pesquisadas. Nessa evolução, a participação das mulheres sofre um pequeno recuo, caindo de 67,2% para os atuais 65,4%. É ainda uma marca que mantém com folga uma participação das mulheres em níveis superiores aos da representatividade na população brasileira, mas que devem ser sempre acompanhados, já que em muitas áreas e setores econômicos a participação das mulheres é inibida pelo preconceito e discriminação históricos de que são vítimas. As indicações desse preconceito apareceram na pesquisa nas redações jornalísticas, acima citada, e é uma evidência que fica logo ali, na atividade vizinha da comunicação corporativa. Já a representação da população negra no contingente de empregados nas agências de comunicação fica de braços dados com a situação encontrada na pesquisa nas redações jornalísticas. A população negra no País, segundo os dados do IBGE, atinge 55,8% do total, sendo 46,5% de pardos e 9,3% de pretos. Nessa segmentação racial, a pesquisa nas redações detectou uma sub-representação que marcou 20,1% de negros empregados nas redações, 13,2% de pardos e 6,9% de pretos. Nas agências de comunicação essas proporções se aproximam. São 20,7% de negros empregados, sendo 11,2% de pardos e 9,5% de negros. O inusitado é que os pretos não estão sub- -representados, apenas os pardos. Há aqui uma ponderação metodológica que faz com que esses resultados sejam vistos e analisados como uma primeira aproximação sobre a questão racial nas agências de comunicação. Diferentemente de como se procede no censo demográfico do IBGE e de como se procedeu na pesquisa nas redações jornalísticas do Brasil, onde a autodeclaração da cor/raça foi o procedimento utilizado, nesse estudo sobre as agências de comunicação a informação veio de um questionário respondido pela empresa, que identificou, segundo seus próprios critérios, a composição racial de seus empregados. Isso pode trazer distorções a esses resultados, mas também nos aproxima dessa questão nesse setor econômico, e abre essa importante discussão, até aqui não colocada publicamente. Entre as mulheres empregadas nas agências, 79,3% são brancas e 19,1%, negras, também uma sub-representação, já que as mulheres negras representam em torno de 49,7% das mulheres na população brasileira. Outra situação que marca a importância de iniciar essa discussão nesse mercado é o resultado de que 39,6% das agências pesquisadas não responderam a essa pergunta, por não terem a informação ou por uma política de não divulgação. Só há possibilidade de encontrar alternativas para resolver esses graves descompassos na empregabilidade da população negra no Brasil com dados abertos, coletados, divulgados, discutidos. É a possibilidade de planejar e implementar ações afirmativas contra o racismo também no conjunto do setor da comunicação corporativa. A - Composição da força de trabalho nas agências por gênero e raça

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