Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 222 ARTIGO O caminho é longo. Exige quebra de paradigma de ambas as partes. Não é novidade que o racismo estrutural é forte no País. Por causa do preconceito, algumas pessoas ficam incomodadas ao verem um médico negro, um juiz negro, um CEO negro, um arquiteto negro e um jornalista negro na direção de uma redação ou agência de comunicação. Ficarei contente quando não precisar entrevistar executivos para perguntar “quantos negros ocupam cargos de chefia em sua empresa”. Neste dia, a política de diversidade racial será apenas mais um assunto que não provoca tensão. Será algo comum. Como dizia o mestre Nelson Cavaquinho, num verso da inesquecível Juízo Final: quero ter olhos pra ver / a maldade desaparecer... Não é de hoje que a sociedade organizada e a iniciativa privada colocam-se como agentes de políticas públicas, implementando práticas que levam ao aprimoramento das relações sociais e de trabalho. Na Ambev, por exemplo, o assunto Diversidade, relacionado a profissionais negros, levou ao entendimento da longa jornada que se teria pela frente, além da compreensão do papel da empresa como agente de mudança e de transformação, com a urgência que a pauta requer. Para tanto, anunciou uma série de metas para aumentar a diversidade racial de toda a cadeia de valor dentro e fora da companhia. Entre os compromissos estão: 1) ampliar a representatividade de pessoas negras em processos seletivos e contratações, bem como em promoções, capacitando profissionais com potencial; 2) promover conscientização da pauta de diversidade e inclusão em todas as unidades, inclusive ampliando as ações do Bock (grupo de diversidade racial da Ambev); e 3) fomentar a diversidade e a inclusão no seu ecossistema, influenciando fornecedores, clientes e parceiros a colocarem em prática iniciativas em relação ao tema. Segundo a organização, essas metas têm prazos, KPIs para mensuração, orçamentos dedicados, e prestará contas publicamente sobre o status de cada uma delas. Outra medida que já ampliou a representatividade de negros no quadro da companhia foi a adoção de um programa de estágio que elimina a obrigatoriedade do domínio da língua inglesa − compensada pela concessão de bolsa de estudo de idiomas a todos −, bem como da preferência por estudantes de cursos específicos, como engenharia, e de universidades tidas como mais renomadas. Os programas de estágio e trainee também podem ocorrer às cegas, isto é, sem o contato direto com os inscritos, de forma a não avaliar os talentos por influência de raça, idade, gênero, curso ou faculdade. EMPRESAS QUE SE POSICIONAM COMO AGENTES DE MUDANÇA DIVERSIDADE E A QUESTÃO RACIAL

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