Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2022 6 Nos múltiplos depoimentos colhidos por este Anuário, debatendo tendências, desempenho, desafios e o futuro da atividade da comunicação corporativa, chamou a atenção a seguinte declaração, do colega Ricardo Cesar, fundador e CEO do Grupo Ideal: “O mercado de relações públicas está entrando no momento mais interessante de sua história”. Foi possível, de fato, constatar isso nos números colhidos pela atividade em 2021, pelo surpreendente aquecimento do mercado no primeiro semestre de 2022, mas, sobretudo, pela quase unanimidade de afirmações de que nunca havíamos visto um momento como esse, em que agências de porte crescem 30, 40, 150%; em que não há mão de obra em quantidade suficiente para dar conta do crescimento do mercado; em que as concorrências nunca foram tantas; em que a comunicação consolidou-se, de fato, como protagonista do andar de cima das organizações, sendo chamada a sentar com o board e participar das decisões estratégicas. Sim, sim, temos problemas e vamos também falar deles. Mas chamamos a atenção para um outro trecho do depoimento de Cesar: “Talvez esteja faltando mostrar melhor essa missão fascinante que temos pela frente. Inspirar mais. PR é uma indústria do futuro, a arte e a ciência de criar estratégias de engajamento com seus públicos num mundo cada vez mais conectado, com imensas mudanças na maneira como as pessoas interagem e se comunicam. PR tem um papel relevante a cumprir para que as empresas tenham não só discurso, mas também práticas responsáveis, e para fomentar mudanças comportamentais positivas na sociedade, como promover e celebrar a diversidade, o respeito e a inclusão. Não é pouco. Mostrar esse nosso papel de uma maneira mais inspiradora ajudaria inclusive a indústria de PR a atrair e reter mais talentos”. Nunca se comprou e se consumiu tanta comunicação como nesse período iniciado em 11 de março de 2020, quando o diretor geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), Tedros Adhanom, anunciou formalmente que a Covid-19 era uma pandemia. Desde então, passados o pânico e a desordem momentânea de toda a sociedade – aí incluídas as empresas e organizações –, os processos de reordenamento econômico, político e social passaram fundamentalmente por uma boa e correta comunicação. Para se ter uma ideia, este Anuário colheu cerca de 60 depoimentos de agências e fornecedores de serviços de comunicação sobre o mercado. Praticamente 100% deles garantem que foram bem em 2021 e que estão indo ainda melhor neste 2022. Mais uma? O segmento das agências de comunicação registrou um crescimento real de 13,9% em 2021, descontada a inflação do período, de 10,06%. Nominalmente, o crescimento foi de 23,92%, com a receita bruta chegando a R$ 3,7 bilhões, contra os R$ 3,02 bilhões de 2020. Se em 2022 vier a crescer metade do que o fez em 2021, vai pela primeira vez romper a barreira de R$ 4 bilhões. Uma das principais preocupações para que a atividade consiga seguir nesse ritmo acelerado é a oferta de mão de obra qualificada. E esta, infelizmente, por tudo o que se tem visto e falado, não está acompanhando a expansão dos negócios. Há um descompasso real que tem tirado o sono de muita gente diante da necessidade de contratar, montar equipes, ampliar o atendimento, dar conta de novas demandas operacionais. É um quadro que impacta diretamente as margens das agências, às voltas com elevação de salários, turnover acima do normal, queda nas entregas, entre outros fatores, sem que possam repassar ou renegociar os contratos. Para se ter uma ideia da expansão da mão de obra, o crescimento em 2021 foi de 11,79%, elevando o total de empregados na atividade de 15.228 para 17.023 − ou seja, foram criados em apenas um ano 1.795 vagas na comunicação corporativa. O detalhe é que, na maioria dos casos, não são vagas para novatos, pessoas sem experiência, porque quem contrata está em busca de profissionais prontos, para demandas imediatas, com pouquíssimo tempo para treinar e formar. Como isso não tem sido possível, o jeito é “se virar nos 30” e minimizar o prejuízo, sobretudo na qualidade das entregas, fator fundamental para a retenção de boas contas. Não é conjuntural, no entanto, o que está acontecendo com essa atividade. O aquecimento é um dado e obviamente pode diminuir. Mas há de fato algo novo O melhor momento da história EDITORIAL Eduardo Ribeiro e Marco Rossi

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