Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 17 O poder da desinformação de impactar a saúde das democracias tem despertado cada vez mais atenção pelo mundo. O Brasil está entre os países com alerta vermelho. A comunicação do Governo Federal abriu o ano com a derrota para a boataria sobre taxação do pix, após ter encerrado 2024 encabeçando diversas pesquisas entre os países onde mais se consomem fake news, inclusive sobre direitos fundamentais como políticas públicas: “quase 90% da população brasileira admitem ter acreditado em conteúdos falsos; oito em cada dez brasileiros já deram credibilidade a fake news”. O movimento pela desinformação vem combatendo e abatendo outro, que sequer chegou a se consolidar: o movimento mundial de fortalecimento das democracias, via acesso à informação, instaurado entre 2000 e 2016, quando 78 países, inclusive o Brasil, instituíram leis de acesso à informação. Antes de vencerem a barreira da falta de acesso, os governos passaram a ter que gastar energia no combate à desinformação e lidar com ataques à legitimidade das instituições democráticas. O negócio da comunicação pública Radicalmente diferente de vender um produto, sensação ou ideia, o negócio da comunicação pública é traduzir direitos e deveres; é motivar o cidadão a entender que o seu papel vai muito além de um cliente recebendo um serviço, é ser parte das soluções. Os eixos centrais da atuação dos profissionais que exercem a comunicação pública nas diversas instâncias e esferas de governo são ajudar a transformar o modo como os órgãos de governo interagem com a sociedade e a produzir um diálogo público que auxilie o cidadão a compreender e a exercer o seu papel na democracia. A construção da comunicação pública com foco na população é projeto inacabado no País, que ainda guarda resquícios do autoritarismo, como a autopromoção de dirigentes e de administradores públicos. Além disso, recaem sobre a comunicação pública as consequências de um novo sistema informativo-tecnológico que, desde o início do século XXI, tem reconfigurado a interface de receptores e emissores e derrubado modelos convencionais. Por Lília Gomes, vice-presidente de Comunicação da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública) Lilia Gomes © ABCPública
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