COP30 Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 192 Belém e o Brasil falando para o mundo Os desafios da comunicação pública para aproveitar a janela midiática proporcionada pela COP30 e apresentar a diversidade ambiental e cultural do País Os profissionais de comunicação pública trabalham em um flerte permanente com a crise. Diariamente, cidadãos, empresas e organizações são afetados por ações ou omissões do poder público. Sempre com a vigilância da imprensa e da sociedade civil. Pautas positivas costumam ser publicadas ou veiculadas com contrapontos. O governo inaugurou uma escola? Entregou uma linha de metrô? Ótimo, mas existem alunos com dificuldade de acesso à escola? A obra do metrô atrasou alguns anos? Essa vigilância faz parte do Estado Democrático de Direito. O governo está sempre sob o escrutínio da opinião pública, não importando se está fazendo o certo ou provocando problemas para seus cidadãos. O que pensar então sobre um momento em que os olhos de todo o planeta estarão voltados para o Brasil? Mais especificamente para a Amazônia. E, dando um zoom, focados em Belém, capital do Pará, onde será realizada a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30. Como o poder público poderá, do ponto de vista da comunicação, inserir sua agenda para o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável na mídia e nas redes sociais? Qual a dose certa de exposição e quais os riscos envolvidos na organização de um evento de tamanha complexidade? Para Jorge Duarte, presidente da ABCPública, entidade que apoia este Anuário e congrega profissionais de comunicação pública em todo o País, o caminho é apostar em ir além de cumprir uma função instrumental de divulgação: “Precisamos transformar um tema, que muitas vezes pode parecer técnico ou distante, em algo próximo e relevante para o cotidiano das pessoas. A comunicação pública deve mostrar como as decisões e os compromissos assumidos impactam diretamente a vida de cada cidadão, seja na alimentação, na saúde, na economia e no ambiente em que cada um vive”. Um dos desafios da comunicação pública brasileira na COP30 será o de aproveitar a janela midiática para mostrar a diversidade ambiental e cultural do País. Com a Amazônia na vitrine, os outros biomas brasileiros, igualmente impactados pelas mudanças climáticas, pedem passagem. Patrícia Gil, doutora em comunicação e professora da ESPM, pontua esse desafio: “Em termos bem pragmáticos, a chance de chamar a atenção para biomas como cerrado ou caatinga, para ficarmos em dois exemplos apenas, é inseri-los no âmbito da própria COP30, ainda que não estejam em sua pauta oficial ou não estejam relacionados ao palco principal em que ela ocorre. Provocar a discussão sobre esses outros biomas é algo que pode ocorrer em Belém. A cria-
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