Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 193 ção de projetos especiais em torno desses biomas e de suas intersecções com outros temas, como ações preventivas frente a emergências climáticas, pode ganhar espaço de visibilidade em função de um ambiente maior que a COP30 provoca no País. É como se a sociedade, de forma geral, estivesse mais porosa a tais temas e, também, mais sensível. Por causa disso, as próprias organizações de mídia podem estar mais abertas a tratar dos temas gerais de sustentabilidade, demonstrando a capacidade de reverberação que a COP30 tem em diferentes regiões, além de buscar pautas diversificadas para aproximar a cobertura de audiências locais. Mas, claramente, será preciso inovar na forma de comunicação para conquistar espaços no debate público”, afirma a consultora, que também é mestre em Políticas Públicas e Governança pela Universidade de New South Wales, na Austrália. Para Jorge Duarte, que tem carreira ligada à comunicação pública e livros que são referência no tema, há um conjunto de oportunidades que não pode ser desperdiçado: “Como reforça a ABCPública, a comunicação pública deve servir à cidadania. Assim, a COP30 não é apenas um evento internacional de alcance global, é uma oportunidade de engajar nossa sociedade no debate sobre o futuro do planeta e de cada brasileiro, fortalecendo a participação social e o senso coletivo de responsabilidade. A comunicação tem a missão de construir pontes entre a conferência do clima e as realidades locais, conectando as decisões políticas às esperanças e preocupações das pessoas. É assim que a COP30 também pode ser a COP da comunicação para a cidadania”. As matérias recorrentes sobre os problemas estruturais de Belém para ser anfitriã de um evento global mostram que a mídia estará atenta às ações dos governos durante todo o período da COP. Prefeitura, estado e o governo federal serão cobrados constantemente. Mas, na visão de Patrícia Gil, “existe muito espaço para que não apenas os governos como também organizações privadas ou públicas possam abrir outros espaços de discussão. Os eventos preparatórios são um exemplo. Mas é recomendável também criar agendas próprias e não se restringir à condução das discussões motivadas pela COP30. Está na hora de criar projetos robustos, que possam ser anunciados antes da conferência deste ano e possam ser acompanhados nas próximas edições. Parcerias entre instituições públicas e privadas, por exemplo, têm chances de alcançar maior notoriedade à medida que somam esforços de implementação e de comunicação. Ações em conjunto com a comunidade acadêmica também são bem-vindas, como o anúncio de incentivos a novas pesquisas sobre o clima ou sobre outros assuntos correlatos à agenda da sustentabilidade. De forma geral, as estratégias de comunicação que se mostram mais interessantes são aquelas que até podem se utilizar da oportunidade de um anúncio na COP30, mas precisam se estender para além da agenda da própria conferência – ou seja, é preciso abandonar uma visão de um resultado estanque, calcado apenas na janela midiática oferecida pela COP”. O enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas também está no radar da ABCPública. Levando-se em conta que as consequências dos eventos climáticos extremos, como as chuvas de 2024 no Rio Grande do Sul ou a seca em biomas como o Pantanal e a Amazônia, recaem sobre o poder público, a entidade propõe a criação de redes de colaboração entre comunicadores públicos, Jorge Duarte: “COP30 é oportunidade de engajar nossa sociedade no debate sobre o futuro do planeta e de cada brasileiro” © Márcia Yukiko Patrícia Gil: “É hora de criar projetos robustos, que possam ser anunciados antes da conferência”

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