COP30 Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 194 que envolvam profissionais dos governos e das agências contratadas para dar respostas rápidas às demandas e mostrar o que o poder público faz para combater os efeitos dos desastres naturais. O próximo congresso da associação vai se debruçar sobre esse tema. “O evento será um espaço para discutir como a comunicação pública pode contribuir para informar, engajar e mobilizar a sociedade em torno das transformações exigidas pela crise climática, com foco no fortalecimento da cidadania, da transparência e do diálogo com a população”, afirma Duarte. A comunicação governamental sobre a COP30 ainda está em fase inicial. A presidência da COP no Brasil foi definida recentemente, com a nomeação do embaixador André Corrêa do Lago. A tendência é que os governos comecem a esquentar o assunto em seus canais e na relação com os públicos estratégicos e a sociedade à medida que a programação do evento seja definida pela ONU. Por enquanto, é o Pará o maior alvo de procura por informações. Seja pelas questões de logística, o preço das hospedagens e outros temas sensíveis, como a recente manifestação de populações indígenas e a ocupação de escolas. Do lado federal, a demora em indicar os nomes para compor a presidência da COP e outros cargos chave também provocou degastes. Quanto às questões estruturais e as oportunidades de comunicação que ela pode trazer, fizemos alguns questionamentos à Secretaria de Comunicação do Governo do Estado do Pará, que nos enviou a seguinte nota: A COP30 vai colocar a Amazônia no centro das discussões climáticas e dar ao Brasil a oportunidade de se afirmar como liderança nas negociações sobre mudança climática e sustentabilidade. Será a primeira vez que o maior evento da Organização das Nações Unidas (ONU) acontecerá na floresta. Belém passa por um processo de modernização para receber a COP30. No âmbito do Governo do Pará, estão sendo realizadas mais de 30 obras estruturantes nos eixos de desenvolvimento urbano, mobilidade, saneamento e tecnologia. O orçamento do Estado para essas obras em 2024 e 2025 somam R$ 4,5 bilhões, com recursos do Tesouro do Estado, de Itaipu Binacional, do BNDES e da Caixa Econômica Federal. Todas as obras foram pensadas para serem legados importantes para a população. Entre as obras, destaca-se a construção do Parque da Cidade, onde o evento vai acontecer. Construído em uma área de 500 mil m2 de um antigo aeroporto, o parque será entregue para uso da população depois da COP. O projeto final do parque contempla o museu da aviação, um centro de economia criativa, boulevard gastronômico, ciclotrilha e ecotrilha, áreas verdes preservadas, lago e instalações esportivas voltadas para a promoção da qualidade de vida, lazer, cultura, arte e bem-estar. Cinco galpões cedidos pela Companhia Docas do Pará (CDP) ao governo do Estado estão sendo recuperados e vão ser transformados no Porto Futuro II, um complexo de lazer e gastronomia, com um inovador polo de bioeconomia. Com espaço para valorização da cultura popular, do patrimônio imaterial, da história amazônica, das experiências gastronômicas e também da biodiversidade do Pará, o Porto Futuro II será um novo ponto turístico da cidade e vai proporcionar uma experiência única para o visitante. Também estão em andamento obras de saneamento das bacias do Tucunduba, Una, Murutucu e Tamandaré, com a requalificação de 13 canais, beneficiando mais de 500 mil pessoas, e o saneamento do histórico Complexo do Ver-o-Peso, cartão postal da cidade. No campo da mobilidade, destaque para as obras de conclusão do BRT metropolitano e de quatro viadutos, pavimentação asfáltica e os parques lineares da Nova Doca e da Nova Tamandaré. A COP30 já trouxe visibilidade para o Estado, atraindo mais turistas, novos investimentos e desenvolvimento. Lançado em março de 2024, o programa Capacita COP30 oferece 105 cursos nas áreas de turismo, produção alimentícia, infraestrutura e segurança do trabalho, com modalidades EAD e presencial, e já qualificou 16 mil participantes. Além de preparar mão de obra para o evento, esse já é um grande legado da COP para que Belém se consolide como um destino turístico internacional e também como porta de entrada para a Amazônia. Para receber os participantes da COP30, estão em andamento diversas soluções, como a construção de quatro novos hotéis, incentivo para modernização da rede hoteleira atual, parceria com plataformas de hospedagem, utilização de escolas como hostels e contratação pelo governo federal de navios cruzeiros, entre outros. A COP da Amazônia será marcada também pela participação de movimentos sociais, com a presença dos povos originários, mobilizados pelo combate à mudança climática e pela defesa da floresta. A batalha por visibilidade na COP não se resumirá ao governo local. Estados como São Paulo, regiões como a do Consórcio dos Estados do Nordeste, empresas públicas e prefeituras também marcarão presença no evento. Seja com a realização de encontros preparatórios, como aconteceu no ano em que o Brasil exerceu a presidência do G20, ou mesmo com a organização de espaços no pavilhão da sociedade civil durante a COP em Belém. (*) Carlos Carvalho é consultor de negócios e conteúdo em comunicação corporativa, representante da agência Temple, de Belém, no mercado do Sudeste. Formado em Jornalismo pela PUC/SP, tem especialização em gestão de agências de comunicação pela Fundação Dom Cabral. Foi executivo da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) entre 2002 e 2023. Dirigiu e editou programas e documentários nas redes Cultura, Record, Gazeta e Sesc/Senac de TV. Na área pública, integrou a equipe de comunicação da Prefeitura de São Paulo entre 1989 e 1992 (Gestão Luiza Erundina). Nos anos 1980, produziu vídeos e documentários para movimentos sociais da periferia de São Paulo, Comissão Pastoral da Terra e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Apaixonado por literatura, é coautor do blog Lombada Quadrada.
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