Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 216 ESG Observa-se, assim, que há pouca percepção da materialidade das questões sociais, ambientais e de governança para o negócio das agências. Os temas materiais, vale ressaltar, são, para uma empresa ou segmento de negócio, os assuntos mais pertinentes que impactam de forma significativa as suas operações, economia, meio ambiente e sociedade. Para direcionar esforços numa jornada ESG é fundamental que esses temas materiais sejam identificados e priorizados. Por outro lado, no âmbito das agências que declararam ter iniciativas ESG internas, 38% atestaram realizá-las nas três vertentes: ambiental, social e de governança. Em seguida, ganharam destaque as vertentes social e de governança (16%) e somente social (12%). Interessante observar que estes três grupos de vertentes ESG, apontados pelas agências no quesito iniciativas internas, são os mesmos grupos e estão na mesma ordem de importância dos apontados no quesito impacto positivo das atividades da agência. Isso indica que a percepção dos impactos positivos das atividades das agências pode estar relacionada às suas próprias iniciativas e não necessariamente à matriz de materialidade do negócio − ou seja, àquilo que é realmente inerente às atividades, que é relevante e que conduz à sustentabilidade do negócio. Talvez por isso as agências não percebam o impacto negativo de suas ações, como demonstrado no gráfico 8. Ainda sobre as iniciativas ESG internas, uma significativa parcela de respondentes, 22%, relatou nunca se ter engajado em iniciativas próprias. ESG junto aos clientes Embora no âmbito consultivo não se perceba grande ingerência das agências junto aos clientes, no propositivo e operacional a situação é outra. Entre as agências que declararam prestar serviços ESG aos clientes, como demonstra o gráfico a seguir, as características destas atividades são preponderantemente operacionais (76%), ou seja: proposição de conteúdo, pautas, elaboração de relatórios, eventos, ações de comunicação interna. Apenas 14% disseram exercer atividade consultiva e 10% de treinamentos. Podemos inferir a pouca maturidade consultiva das agências de comunicação para tratarem do tema em treinamentos e eventos diante de clientes, muitas vezes empresas de capital aberto, com maturidade sobre o tópico e certificações demandadas pelo mercado. Gráfico 9 – Serviços Prestados em ESG para Clientes Operacionalização Consultoria Educação (Treinamentos) 76,0% 10,0% 14,0% Por fim, as agências revelaram os maiores desafios envolvendo o tema ESG enfrentados por elas. A falta de tempo hábil dos profissionais para dedicação ao tópico de forma estruturada foi o mais citado. Na sequência, custos elevados para obtenção de certificação ESG, seguido pela falta de recursos para investir em qualificação de equipes e contratar profissionais especializados, além de falta de métricas e padronização de indicadores para avaliar o progresso e o impacto de iniciativas implementadas. A falta de profissionais especializados e em seguida a falta de conhecimento sobre o assunto foram os menos citados. Chama a atenção que o desafio da resistência ou a dificuldade de mudança no comportamento da equipe interna para a implementação de iniciativas ESG não tenha sido citada por nenhuma agência. Gráfico 10 – Maiores desafios ESG para as agências Falta de métricas/padronização de indicadores para avaliar iniciativas Custo elevado das certificações ESG Falta de tempo para se dedicar Falta de profissionais especializados Falta de recursos Falta de conhecimento 13 17 18 10 16 5 Nota: As agências podem ter destacado mais de um item
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