Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 223 instituições públicas. Hoje elas estão submetidas a leilões, pregões eletrônicos, como se fossem fornecedoras de clipes, cadeiras ou qualquer outro material comum. Não há uma regulamentação específica. O que há são “pedaços emprestados de outras legislações”. Órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Supremo Tribunal Federal (STF) costumam recorrer a pregões eletrônicos. Imagine então as prefeituras do País afora. Uma outra questão, que também encolhe os resultados das agências, é a disputa pelo dinheiro da comunicação dentro das próprias empresas, que se torna cada vez mais agressiva. Atividades como marketing direto, por exemplo, acabam tirando parcelas do orçamento destinadas aos serviços prestados pelas agências. Para complicar ainda mais a situação, Santos lembra do efeito da redução da oferta de mão-de-obra nos custos das empresas. “Está cada vez mais difícil e mais caro contratar e manter o pessoal”, diz ele. Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje, complementa, a esse respeito, que a área de comunicação “não é a única vítima”. Ele destaca que os serviços em geral estão sofrendo muito, e isso acontece em nível global. Quanto à “briga” pelos recursos da comunicação dentro da mesma organização, não é necessariamente falta de estratégia. Pode ser resultado da estratégia escolhida pela empresa. Mais mestiçagem Com sua longa trajetória na comunicação, Nassar crava que nesse quadro de desafios e dificuldades quem tem visão corporativista é justamente quem tem mais problemas na comunicação. E, a bem da verdade, isso não é de hoje e nem se limita à área da comunicação. Trata-se de um problema que sobrevive há tempos, por uma avaliação equivocada de que o corporativismo funciona como uma proteção contra a instabilidade do mercado de trabalho. Proteção que acaba se transformando numa amarra para a evolução dos profissionais. Os exemplos se multiplicam. Por que apenas um profissional com formação específica em Relações Públicas (RP) teria condições de exercer essa função? Será que o mundo de hoje, onde as fronteiras são cada vez mais fluidas, comporta essas barreiras? Por que, na comunicação pública, a contratação de profissionais ainda está baseada em carreiras, em concursos? “A área da comunicação é de mestiçagem, hibridismo”, compara Nassar. E o ideal é avançar nessa tendência, não combatê-la. Difícil concordar hoje com a definição de que a comunicação está estritamente dentro das ciências sociais aplicadas. A realidade está mais para a incorporação de outras ciências, para a ampliação de conversas, para a formação de um cientista de narrativas. “Nosso campo não consegue mais sobreviver em cima das profissões tradicionais”, diz Nassar. Daí que, obviamente, a defesa desse campo não pode ser mais cartorial e corporativista. Educação mais aberta Essas contradições são visíveis na educação. Há escolas que ainda se apegam à divisão clássica de cursos, que não contemplam as variadas interfaces da comunicação e, em consequência, não preparam o estudante para o novo cenário. Pior: o modelo de cada um no seu quadrado migrou também para o mercado de trabalho. Diante disso, é mais eficiente partir para cursos mais específicos, pós-formação básica, que permitam a expansão das alternativas profissionais, a exemplo de marketing e ciência de dados − sem dispensar, é Eduardo Ribeiro conduziu o encontro O futuro da comunicação corporativa, organizado pela Mega Brasil

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