O FUTURO DA COMUNICAÇÃO Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 224 claro, uma pressão institucional para a reconfiguração da educação superior. “A hora é de valorizar a formação multidisciplinar”, diz Nassar. Ainda há um caminho a percorrer nessa direção, mas as mudanças já começaram. A redução da procura por cursos tradicionais é uma realidade. Um bom exemplo é o que aconteceu com o curso de Relações Públicas (RP). Segundo lembra Nassar, em 2020 haviam 54 cursos de RP, 17 em instituições públicas e 37 em instituições privadas. Em 2009, havia o dobro de ofertas (112), mas de lá para cá foram minguando e praticamente desapareceram, cedendo lugar a pesquisas em interfaces de comunicação. Na mão contrária, ampliou-se o cardápio de cursos livres, mestrados profissionalizantes e outros “atalhos” desse tipo. É nessa nova configuração que está sendo gerado o novo profissional de comunicação. A ambição, no extremo, é formar e contratar aquele profissional que saiba trabalhar em todas as plataformas, que combine inovação e criatividade. Um profissional com formação multidisciplinar, com habilidade para montar e gerir equipes multidisciplinares. Ninguém sabe tudo nem é capaz de responder a todas as demandas da comunicação. Entre a Ford e a Toyota Guardadas as devidas diferenças e as devidas proporções, Nassar vê o mundo atual da comunicação corporativa ainda dividido em dois modelos: um mais próximo do taylorismo e outro do toyotismo. O taylorismo foi desenvolvido no final do século XIX e inspirou empresários como Henry Ford. Caracterizado por rigidez na divisão do trabalho e extrema especialização da mão de obra, busca, em síntese, maior eficiência produtiva. Princípios desse modelo ainda sobrevivem na comunicação pública, que continua guiada pelo desenvolvimento de carreiras mais “fechadas” e contratação de pessoal por concursos para o exercício de funções específicas. Segundo Nassar, trata-se de uma alternativa incompatível com a reviravolta ocorrida principalmente nos últimos cinco anos, com o mundo assistindo, entre outras mudanças, à explosão da pandemia da Covid-19, à ascensão de governos autoritários e à eclosão de novas guerras. O outro modelo é semelhante ao toyotista, apoiado na flexibilidade. O toyotismo, adotado nas fábricas japonesas da Toyota na década de 1970, baseia-se na fabricação sob demanda, na eliminação de estoques e no uso de mão de obra multitarefas. Pode-se traçar um paralelo desse modelo com o trabalho executado hoje nas agências de comunicação. Na era da desglobalização Enquanto a comunicação corporativa se desdobra entre modelos de organização do trabalho de um século atrás, a desglobalização começa a impor novos questionamentos ao setor. A primeira
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