Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 229 nos resultados do setor. O estudo também mostrou eventuais riscos associados à má gestão desses aspectos, os possíveis prejuízos financeiros e as oportunidades para garantir uma atuação consciente e estratégica. A matriz evidencia, por exemplo, que questões como diversidade e inclusão ainda são tratadas de forma incipiente em muitas agências e que há um enfraquecimento da pauta por parte dos clientes. Isso gera não apenas riscos reputacionais e legais, mas também perda de talentos, diminuição da inovação e afastamento de públicos relevantes. A saúde mental aparece como outra preocupação central. A pressão por entregas, a falta de limites na relação com clientes e o ambiente de sobrecarga emocional impactam diretamente a produtividade e a reputação das agências como marcas empregadoras. Outro destaque é a percepção de que o setor ainda investe pouco em inovação e tecnologia. A inteligência artificial (IA) apareceu como um tema de alta intensidade. As agências, em geral, reconhecem a necessidade de estruturar políticas internas para lidar com os riscos e oportunidades da transformação digital a partir da IA. A matriz também revela um dado preocupante: a pauta ESG vem perdendo força entre os clientes. Apesar disso, cresce dentro das agências a compreensão de que essas questões são estruturantes para o futuro dos negócios. Esse descompasso precisa ser superado por meio de diálogo, formação e práticas consistentes, que demonstrem o valor estratégico da sustentabilidade na comunicação. As relações contratuais e governamentais também surgem como áreas críticas. A prática de pregões eletrônicos, escopos mal definidos e relações assimétricas com contratantes fragilizam a capacidade das agências de entregar valor e comprometer-se com processos sustentáveis. A matriz reforça a importância de contratos equilibrados, diretrizes claras e maior protagonismo da Abracom na formulação de políticas públicas que afetam diretamente o setor. O lançamento da matriz acontece em um momento oportuno. Vivemos um cenário em que a comunicação é exigida tendo em vista a desinformação, a falta de transparência, as pressões por performance, as novas plataformas, o cuidado com a saúde dos profissionais e, ao mesmo tempo, a entrega com ética e consistência. Temos, com ela, um ponto de apoio para navegar nesse contexto desafiador, que nos ajuda a reconhecer o que realmente importa, a alinhar prioridades e a construir um futuro para o setor. A partir dela, cada agência poderá identificar os temas que mais se relacionam com seu perfil e contexto, revisar práticas internas, redesenhar estratégias e qualificar o diálogo com clientes e demais públicos. A matriz mostra que o setor não se exime de seus impactos e que está disposto a enfrentá-los com maturidade, método e escuta. Ela é, verdadeiramente, um convite à corresponsabilidade. Um lembrete de que o valor da comunicação não está apenas no que se entrega, mas na forma como se entrega.
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