Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 251 O cenário atual, desafiador e dinâmico, demanda que os profissionais e as organizações se adaptem continuamente, investindo em formação, tecnologia e em práticas que promovam a integração entre os diversos atores do ambiente político e social. Dessa forma, o futuro aponta para um mercado de relações institucionais cada vez mais estruturado, ético e estratégico, capaz de contribuir para a criação de um ambiente regulatório estável e favorável ao desenvolvimento dos negócios e, ao mesmo tempo, comprometido com o interesse público. “Acompanhar as agendas, hoje, exige do profissional da área um aparato intelectual que o capacite para a investigação e a pesquisa”, avalia Guttilla. “A polarização demanda uma avaliação aprofundada de riscos e uma capacidade maior de leitura de cenários. É preciso saber navegar entre dois mundos”. Em síntese, a evolução das práticas de lobby para o advocacy, o aprimoramento do planejamento estratégico, as iniciativas regulatórias e a valorização dos profissionais formam o alicerce de um setor em transformação, que desempenha um papel crucial na intermediação entre o setor privado e o poder público. Essa intermediação, baseada na transparência, no diálogo e na ética, não só fortalece a imagem das organizações, como também contribui para a construção de políticas públicas mais eficazes e para o desenvolvimento sustentável do País. Para Grazielle Parenti, vice-presidente Latam de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da Syngenta, a área de RIG é cada vez estratégica dentro das organizações: “Ao analisar a matriz de risco de uma organização, é evidente que muitos riscos significativos estão sob a responsabilidade da área de relações governamentais. Esses riscos incluem questões tributárias, regulatórias e econômicas. As empresas precisam gerenciar esses grandes temas e estar preparadas para as mudanças iminentes. Embora a área de relacionamento não altere diretamente a política econômica, ela desempenha um papel crucial ao acompanhar, monitorar e traduzir informações do ambiente externo para o interno e vice-versa. Isso permite avaliar os possíveis impactos dessas mudanças”. Ao reconhecer as múltiplas dimensões do mercado de relações institucionais – que hoje abrange desde a defesa direta de interesses até a mobilização social e a construção de narrativas integradas –, fica evidente que esse setor é um dos pilares para o fortalecimento da democracia e para a promoção de um ambiente de negócios competitivo e responsável. O caminho para o futuro passa pela consolidação de práticas inovadoras, pelo constante aprimoramento das competências profissionais e pela integração plena com as áreas de comunicação e relações públicas, de forma a construir uma cultura de diálogo aberto e de colaboração entre todos os atores envolvidos no processo decisório. Evolução das atividades: do lobby puro ao advocacy Historicamente, o termo lobby remonta à prática de defesa de interesses junto a órgãos de poder, principalmente no contexto do acesso direto aos corredores dos parlamentos. No Brasil, durante os anos 1980 e início dos anos 1990, a atividade de lobby era praticada de maneira relativamente informal e, muitas vezes, de forma pontual. O foco estava na articulação de contatos diretos com legisladores e gestores públicos com o objetivo de influenciar votações e decisões pontuais. Essa prática, muitas vezes rotulada de lobby puro, era encarada – inclusive pela opinião pública – como uma ferramenta de negociação de interesses, emRodolfo Witzig Guttilla: “Acompanhar as agendas, hoje, exige do profissional da área um aparato intelectual que o capacite para a investigação e a pesquisa”
RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=