Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 253 Exemplos notórios incluem setores como o agronegócio, diante da necessidade de defender políticas que garantam a competitividade internacional, e o setor farmacêutico, que busca influenciar regulamentações específicas; ambos migraram de práticas pontuais para estratégias integradas e pautadas na transparência e no diálogo com diferentes segmentos da sociedade. “O setor de RIG evoluiu significativamente, deixando para trás um modelo reativo e transacional para se consolidar como uma frente estratégica, baseada na inteligência institucional e na construção de convergências”, analisa Fábio Zambeli, vice-presidente executivo da Ágora. “Mais do que buscar acessos diretos a tomadores de decisão, a atuação eficaz em RIG requer a inserção qualificada no ambiente de tomada de decisões, influenciando narrativas e modelando percepções de forma estruturada e legítima”. Iniciativas de regulamentação das atividades do setor No Brasil, a regulamentação das atividades de RIG e do lobby tem sido um tema recorrente, especialmente em um contexto de intensificação do debate sobre ética, transparência e combate à corrupção. Historicamente, a ausência de uma legislação específica para o setor contribuiu para que a prática fosse, muitas vezes, associada a métodos informais e até mesmo a condutas questionáveis. Contudo, a crescente demanda por profissionalismo e a necessidade de assegurar um ambiente de atuação ético impulsionaram iniciativas visando a regulamentação da atividade. Diversos projetos de lei foram apresentados ao longo dos anos com o objetivo de definir as regras para a atuação de lobistas e profissionais de relações institucionais. Um dos marcos importantes foi a discussão sobre o Projeto de Lei 1202/2007, que propunha estabelecer parâmetros claros para a atuação da área, diferenciando-a de práticas ilícitas como o tráfico de influência. Embora o tema ainda esteja em debate, a inclusão da ocupação “Profissional de Relações Institucionais e Governamentais” na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), em 2018, pelo Ministério do Trabalho, sinaliza um reconhecimento oficial e a necessidade de maior formalização da atividade. A discussão, que já dura mais de 30 anos, gera muita controvérsia. Segundo Flávio Schmidt, CEO da ProImagem e coordenador do Grupo EstratéFábio Zambeli: “O setor de RIG evoluiu significativamente, deixando para trás um modelo reativo e transacional para se consolidar como uma frente estratégica, baseada na inteligência institucional e na construção de convergências” Flávio Schmidt: “Eu sou a favor do princípio da regulamentação. Acho que precisa regular, orientar os comportamentos, não tenho dúvida disso, mas do jeito como está sendo feito é ineficaz, não vai alcançar o que se discute fora dos gabinetes”
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