Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 254 RELACIONAMENTO ESTRATÉGICO gico de Inteligência em Crises (Gestic) do Grupo Trama Reputale, os projetos atualmente em tramitação no Congresso Nacional focam em regulamentar o lobby em Brasília e entendem que isso servirá de espelho para estados e municípios: “Eu sou a favor do princípio da regulamentação. Acho que precisa regular, orientar os comportamentos, não tenho dúvida disso, mas do jeito como está sendo feito é ineficaz, não vai alcançar o que se discute fora dos gabinetes”. Fábio Rua, vice-presidente de Políticas Públicas, Comunicação e ESG da General Motors América do Sul, afirma que sempre foi favorável à regulamentação do lobby. “Acho que ela fortalece, gera transparência e não o contrário. Mas tem uma turma que acha que a regulamentação vai gerar burocracia. Talvez as pessoas não queiram ser controladas”, avalia, referindo-se àqueles que se beneficiam do lobby “não republicano”. Para Andrew Greenlees, sócio-fundador da Flag Public Affairs, a regulamentação é positiva se garantir atividades dentro de padrões éticos e com códigos de conduta: “As agendas devem ser públicas, mas isso não deve burocratizar o setor, evitando esvaziá-lo formalmente”. Greenlees acredita que a eventual resistência do mercado em relação a legitimar a atividade de lobby tem muito a ver com uma visão ainda pejorativa da mídia: “Acho que a questão está no noticiário, que ainda é muito enviesado. Manchetes sobre lobistas presos aparecem frequentemente. Converso com colegas jornalistas sobre o uso da palavra lobby, que continua carregada de conotações negativas. Nós falamos muito em trabalhar a imagem, a reputação do cliente, mas precisamos também trabalhar a nossa”. Em nível internacional, instituições como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas (ONU) têm estabelecido diretrizes para garantir que a atuação de lobby e advocacy se dê dentro dos limites da legalidade e da ética. No Brasil, essas referências têm sido utilizadas por associações de classe e entidades setoriais para orientar a conduta dos profissionais. Entre os princípios defendidos, destacam-se: a necessidade de transparência na divulgação de informações, a definição clara dos papéis e responsabilidades dos lobistas, a prevenção de conflitos de interesse e a promoção de uma cultura de integridade no relacionamento com o poder público. A busca por uma regulamentação não apenas contribui para a melhoria da imagem do setor, mas também fortalece a credibilidade das organizações que investem em relações institucionais. Ao adotar práticas transparentes e alinhadas com os parâmetros internacionais, as empresas passam a ser vistas como parceiras éticas no diálogo com o Estado, o que tende a favorecer a construção de um ambiente regulatório mais estável e previsível. Essa previsibilidade é, por sua vez, um fator determinante para o investimento e o desenvolvimento econômico no País. “A Abrig foi fundada em 2007 justamente para acompanhar esse processo de regulamentação do setor”, lembra Jean Castro, presidente da entidade e CEO na Vector Relações Governamentais e Institucionais. “A relação entre o público e o privado precisa ter muita transparência. Mas nós temos de tomar cuidado com excessos regulatórios que possam afastar bons profissionais da atividade de RIG e buscar uma outra forma de poder fazer a mesma coisa, mas com menos insegurança jurídica. Enfim, a legislação tem de atrair para a legalidade. Ela tem que capturar as pessoas que querem sempre estar dentro da legalidade. E atuar sem ser nas sombras, com uma legislação que dê segurança e abrigo, e que não seja draconiana”. Fábio Rua: “A regulamentação fortalece, gera transparência e não o contrário. Mas tem uma turma que acha que a regulamentação vai gerar burocracia. Talvez as pessoas não queiram ser controladas”

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