Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 260 RELACIONAMENTO ESTRATÉGICO pessoas ligadas ao jornalismo e pela Aberje. Essa transição é um marco, porque você tem Monica Cotrim na 3M e um grupo de jornalistas na Rhodia, sob a liderança de Walter Nori, que se expressam de uma forma política, dizendo que a conversa tem de envolver as comunidades e outros agentes. Lembrando que ainda não existia à época o termo stakeholders. A comunicação nos anos 1980 está na Aberje. É a associação, marcada por um forte espírito público, que produz comunicação através do alinhamento entre empresas, em um encontro bem padrão americano, como um exemplo, entre outros, que começa a organizar no final dos anos 1980, início dos 1990. Trata-se de um almoço para os comunicadores onde você sempre tinha um palestrante e um debate entre os comensais. É ali que eu conheço a figura de Said Farah.” O nascimento da ideia de regulamentação do lobby – “Said Farah foi ministro da Comunicação Social no Governo João Figueiredo. Era um jornalista e empreendedor, dono da revista Visão, uma importante publicação da época. Farah era um intelectual que pensava as relações entre empresas, instituições e governo. Foi nas conversas com ele e outros líderes da comunicação organizacional reunidos nos almoços da Aberje que, de forma orgânica e institucional, começou a ser levantada a bandeira da regulamentação do lobby no Brasil. Se você pegar meu livro de 1995, O Que é a Comunicação Empresarial (Editora Brasiliense), que se tornou um best seller, verá que eu trago um capítulo chamado Lobby é palavrão?. E por que este tema dentro de um livro sobre comunicação empresarial? Porque eu trago a ideia de que a comunicação também se relaciona com o governo, com as autoridades. A comunicação empresarial engloba todo tipo de comunicação e representação da empresa. Inclusive publicidade e propaganda. E para ter relacionamentos excelentes você precisa ter comunicações excelentes. Então, aí já há uma convergência, que é uma visão prática, porque naquele momento ainda não sou acadêmico. Portanto, estamos falando de um movimento que surgiu de pequenos encontros, almoços com pessoas como Said Farah.” Aberje assume o papel de fomentadora das atividades de RIG no Brasil – “Em 2007, eu, Luiz Márcio Caldas e Renata Borges pegamos aproximadamente 5 mil páginas de escritos de Said Farah sobre lobby e editamos pela Aberje o livro que se tornou referência na área. A obra discute como trazer ética e transparência na representação junto a governos e é toda baseada na experiência de Farah. Na introdução, chamada de Acendemos os refletores, falamos que é preciso tirar da penumbra algumas atividades no Brasil confortavelmente acomodadas ou por conveniência política, ou por preguiça, ou por interesses políticos e particulares, ou como brecha para a prática do ilícito. São muitas essas atividades, que encontram no lusco-fusco gente especializada em “dar jeitinhos”. São 505 páginas retratando a experiência de Farah no universo do lobby. Que falam do projeto de Lei pioneiro do senador Marco Maciel de regulamentação do lobby, regras gerais, primeiros passos como lobistas, função social do lobby, grupos de interesse e pressão, internet, cibernética na política. Na cerimônia de abertura do Prêmio Aberje, em dezembro de 2007, Rodolfo Guttilla, então presidente do Conselho Deliberativo da Aberje e executivo da Natura, menciona em seu pronunciamento que a palavra lobby passou a ser quase sinônimo de suborno, extorsão ou tráfico de influências, ou seja, crime, enquanto defender seus interesses é direito inalienável de qualquer pessoa ou grupo. A partir dos anos 1990, eu publiquei mais de uma dezena de artigos em jornais, como Correio Braziliense, o Globo, a Folha de S.Paulo, entre outros, defendendo a regulamentação do lobby de forma convergente, não cartorial. A Aberje promoveu nos anos 1990 um curso sobre lobby em parceria com a George Washington University, trazendo para o Brasil um grupo de professores daquela universidade. Em canais como o youtube há inúmeros audiovisuais produzidos pela Aberje. Nos eventos como cursos da Escola Aberje, congressos anuais da entidade, desde os anos 1980, o tema das relações governamentais está sempre presente. Quero destacar que a Aberje sempre promoveu um intercâmbio produtivo com associações e institutos, que surgiram, a partir dos anos 2000, especificamente para iluminar o tema das relações governamentais. Lembro ainda do livro Relações Governa-

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