ASSESSORIA DE IMPRENSA Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 270 apontar dificuldades, como a baixa qualidade dos releases, o acesso restrito a informações e fontes e a tentativa de assessores de controlar a abordagem da matéria”, lembra Jorge Duarte, de Embrapa e ABCPública. “Também reclamam por assessores não conhecerem o suficiente sobre o trabalho da imprensa. Por outro lado, os assessores criticam a pressa das redações, o foco excessivo em ângulos negativos e a superficialidade em algumas coberturas. Quando há boa vontade, respeito mútuo e compreensão do papel de cada um, a dinâmica tende a ser produtiva. O desafio surge quando os interesses se chocam ou quando a transparência e a confiança são comprometidas”. Para ele, algumas atitudes precisam ser tomadas para que essa relação melhore: “Creio que o domínio do processo jornalístico e um senso de cooperação é fundamental para assessores. Eles precisam entender o ritmo e as necessidades das redações, além de serem ágeis e objetivos nas respostas. Já os jornalistas podem contribuir ao valorizar e respeitar o papel dos assessores, tentar entender melhor suas limitações, mantendo uma postura aberta e receptiva, avaliando as informações com espírito crítico, mas sem preconceitos. Um diálogo transparente sobre as demandas editoriais e as eventuais dificuldades nas organizações que são fontes tornam o trabalho mais produtivo para os dois lados”. E é justamente essa falta de diálogo que tem transformado a internet, em especial plataformas como o linkedin, em um palco para reclamações e queixas, principalmente de jornalistas que teoricamente têm menos a perder nessa relação ao criticar os colegas do outro lado do balcão. O resultado, porém, é uma recorrente intolerância de parte a parte, com acusações mútuas de incompreensão do que cada um faz e prejuízos pela perda de tempo, desperdício de energia e estresse gerado pelos dois lados. Uma discussão rasa, muitas vezes focada no problema, mas que não traz soluções efetivas. “Acompanho no linkedin esse debate entre jornalistas e assessores sobre o volume e a relevância dos press releases. Entendo que todos estão buscando fazer o melhor, mas disparar releases indiscriminadamente, sem estratégia, é um erro grave”, afirma Carla Simões, superintendente Executiva de Comunicação e Marketing da Confederação Nacional das Seguradoras – CNSeg que por 20 anos atuou em redações, com passagens por Bloomberg e TV Globo. Para ela, o excesso de informação genérica é justamente o que os jornalistas rejeitam: “Com tantas ferramentas e inteligência artificial disponíveis, já é possível se fazer uma curadoria melhor. Precisamos usar tecnologia e estratégias para tornar essa relação mais eficiente, menos hostil e mais produtiva para ambos os lados”. “É claro que isso é algo frustrante, mas entendo que não se restringe ao fato de o assessor não fazer o trabalho de forma adequada”, contrapõe Rogério Porto, da KB!COM. “Passa também pelo overload de tarefas do repórter, por seus prazos de entrega sempre curtíssimos. Tendo que gerenciar um universo de variáveis, é claro que uma mail box lotada nunca será sinônimo de ‘oportunidades’, mas de fardo”. De olho nesse debate, o jornalista Jorge Soufen Junior tem agitado no linkedin a discussão de temas envolvendo a intersecção de atividades entre redações e agências de comunicação. E o faz por meio do que ele de forma bem-humorada batizou de Instituto Data Jorge, ou IDJ, um grupo de whatsapp com aproximadamente 700 membros, todos assessores de imprensa. O intuito da comunidade, além Rogério Porto: “A expertise do profissional, com seu feeling, senso de oportunidade, visão de pauta e de mercado, ainda são os fatores mais determinantes para o sucesso das campanhas”
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