Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 271 de compartilhar dores e desabafos que muitas vezes não podem ser feitos de maneira aberta, é justamente qualificar o debate e discutir de maneira leve questões sensíveis da relação entre os dois lados da atividade, ou entre “agencianos” e “redacienses”, como preferem seus membros. “Tudo começou como uma brincadeira, quando comecei a publicar no linkedin textos utilizando dados fictícios fornecidos pelo ‘Instituto Data Jorge’ para falar sobre preferências de jornalistas e assessores em relação às suas atividades”, lembra o profissional. “Eu sentia que os grupos de whatsapp tinham um grande problema. Eles não debatiam o nosso segmento, apenas serviam como um lugar para trocar e divulgar pautas, ou eventualmente procurar emprego. E vemos muito hoje em dia, principalmente do lado da redação, a crítica pela crítica. É o repórter que critica o assessor porque a caixa de e-mails tem milhares de releases. É o editor que reclama que foi acionado pelo whatsapp quando gosta de ser acionado por e-mail. Ao longo do debate, tenho percebido que isso geralmente não leva a soluções. A nossa ideia é que a crítica é sempre bem-vinda porque precisamos entender como jornalistas de redação lidam com o dia a dia, também precisa trazer um debate sadio para que possa haver melhoras no segmento”. Outra diferença é que, além de não permitir a troca de pautas, a comunidade proíbe o compartilhamento de contatos de jornalistas, o que, para Jorge, não contribui para o bom relacionamento entre os dois lados. “Os assessores de imprensa são essenciais para o trabalho dos jornalistas”, lembra Carla Simões, da CNseg. “Tendo atuado por mais de 20 anos em redação, entendo bem as necessidades dos repórteres. No entanto, já vivi situações em que um cliente me pedia para ligar para o jornalista para alterar título ou texto de matéria apenas por não gostar do tom, sem erro factual. Para mim, isso é algo sério. Assim como um repórter não gostaria de receber esse tipo de pedido sem justificativa, também não me sinto confortável em fazê-lo. A relação entre jornalistas e assessores deve ser baseada na confiança e no respeito ao trabalho de cada um”. Mais enfático em suas posições, Cleinaldo Simões explica que, especialmente na questão do gerenciamento de e-mails, os jornalistas precisam ser orientados sobre como administrar melhor suas caixas. “O repórter em redação precisa se perguntar o que está Carla Simões: “Acompanho no linkedin o debate entre jornalistas e assessores sobre o volume e a relevância dos press releases. Entendo que todos estão buscando fazer o melhor, mas disparar releases indiscriminadamente, sem estratégia, é um erro grave” Cleinaldo Simões: “No meu trabalho, os contatos são feitos de forma personalizada conforme as características da informação a ser transmitida. Ser assessor é ser antes de tudo um chato”

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