Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 279 A essa escuta ativa, Filipe Xavier, diretor de Comunicação Corporativa, Branding e ESG América Latina na GE Healthcare, nomeou em sua empresa de ‘antenas’. Ele compartilha a experiência: “Na GE, criamos a figura dos “antenas”, pessoas de diferentes áreas espalhadas pelo continente. Os “antenas” trazem para nosso time o olhar local, analisam com senso crítico as linguagens que usamos na comunicação. Também fazemos testes com eles, levando perguntas prévias sobre determinadas ações que pretendemos executar e antecipando conteúdos para sua avaliação. Além de ser enriquecedor para as estratégias regionais de comunicação, a iniciativa faz as pessoas se sentirem valorizadas”. Continente multicultural Naty Sanches, sócia e diretora de Operações na Growth Comunicações, entende que, no contexto latino-americano, o Brasil está alguns passos à frente no setor de comunicação corporativa, tendo estabelecido uma dinâmica própria. A Growth tem profissionais brasileiros alocados em países como Argentina, Colômbia e México. “Não é só uma questão territorial. Somos um mercado muito desenvolvido e criativo. Já não enxergamos a comunicação organizacional de uma maneira única. Por exemplo, já estamos partindo para formatos digitais que engajam pela polêmica. Estou falando da nova prática do clickbait corporativo, tendência ainda pouco conhecida em outros países”, explica Naty, também pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), e cujo mestrado baseou-se na tese Polêmica forjada como estratégia de Comunicação Organizacional (CO): análise da visibilidade e engajamento nas mídias sociais diante dos impactos do filtro-bolha. Na opinião de Carolina Prado, diretora de Comunicação América Latina na Intel, o Brasil ainda é um bicho estranho dentro da região, enquanto a América hispânica é mais homogênea (ainda que este bloco tenha grandes diferenças internas). “Basta observar que a imprensa hispânica circula mais entre si, os impactos são mais regionais que os da imprensa brasileira, que não passa de suas fronteiras”, diz. Na multicultural América Latina, as dinâmicas das relações públicas também dançam conforme a música de cada um. Em alguns mercados, funcionam melhor cafés da manhã para encontros de reCarolina Prado: “Comunicar para um escritório que tem apenas representantes de vendas é completamente diferente de comunicar para uma unidade com colaboradores de fábrica. Essa é a complexidade da comunicação interna latam” Vânia Gracio: “Pela proximidade com os Estados Unidos, o México tem um outro universo de variedades de títulos e publicações bastante valorizadas pelos americanos (e, portanto, pela matriz das multinacionais americanas). É o caso da revista Wired, só para citar um exemplo”
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