MERCADO REGIONAL Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 292 Um dos exemplos desse cenário de elevação econômica foi a variação acumulada do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2002 e 2022, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no fim do ano passado. O cálculo mostra que as regiões Centro-Oeste (88,7%), Norte (88,5%) e Nordeste (58,8%%) apresentaram crescimento superior ao nacional (53,2%) no período. O avanço do PIB do Nordeste, de 3,8%, também foi destaque em 2024, ante a alta de 3,5% no País como um todo. De outro lado, embora ainda responda por 53,3% do PIB nacional, a Sudeste foi, em 20 anos, a única região a perder participação na série (-4,1 p.p.), com a redução dos pesos das economias de São Paulo (-3,8 p.p.) e Rio de Janeiro (-0,9 p.p.). O Sul detém a segunda maior fatia do PIB brasileiro, com 16,6%. O reflexo desse movimento entre as agências de comunicação corporativa se traduz em estruturas reforçadas, inclusive com “braços” instalados fora da cidade-sede, expansão do portfólio de serviços e captação de clientes em setores antes inexistentes. O acompanhamento das tendências de mercado contribuiu para a longevidade das prestadoras de serviços de comunicação, muitas com décadas de atuação. Também colaborou para esse quadro o amadurecimento dos próprios contratantes, com melhor compreensão sobre o peso estratégico da comunicação corporativa nos negócios – turbinado, inclusive, pela expansão das mídias sociais e de crises provocadas por elas – e áreas de comunicação compostas por equipes mais profissionalizadas. Com a evolução, a proximidade com imprensa, formadores de opinião e até governos locais e regionais tornam-se cada vez mais atraentes para estratégias nacionais de comunicação que buscam intimidade com seus públicos por meio de tons e sotaques adequados a cada geografia. “Além de empresas regionais muito fortes, há grande potencial para as agências de empresas que querem se comunicar regionalmente”, diz Michelle Cruz, CEO e fundadora da pernambucana Dupla Comunicação, nascida há 16 anos em Recife. Ela exemplifica os avanços no Nordeste nas últimas décadas com iniciativas como os portos de Pecém (CE) e Suape (PE) e o desenvolvimento industrial decorrente, bem como a chegada de montadoras e outros segmentos antes restritos ao Sul e ao Sudeste. Além disso, fusões e aquisições fizeram algumas empresas locais passarem de familiares a subsidiárias de outras de maior porte, enquanto outras cresceram ao ponto de assumirem liderança nacional – como a operadora de saúde cearense Hapvida, considerada a segunda maior do País no ano passado. “O eixo mudou”, avalia Michelle, que também é diretora regional da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) no Nordeste e diretora nacional de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) da entidade. A pulverização do interesse comunicacional Brasil afora, segundo ela, inclui questões como o foco em sustentabilidade no Norte ou o potencial de mercado e consumo do Nordeste. Para Michelle, a opção da contratação direta para buscar a linguagem regional ganha pontos por eliminar a bitributação, mas os modelos adotados por clientes incluem a formação de redes ou apoio de profissionais locais. A própria agência Michelle Cruz: “Além de empresas regionais muito fortes, há grande potencial para as agências de empresas que querem se comunicar regionalmente” © Brenda Alcantara
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