Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 321 as nossas buscas, nossas compras, e vamos delegar, por questões de comodidade e conforto, as transações comerciais e relacionais às inteligências artificiais. A IA não tem discernimento sobre um serviço se é bom ou ruim, para decidir por nós. Estamos falando de experiência humana. E isso pode gerar o crescimento de avaliações de serviços, de produtos, de restaurantes etc., para que a IA possa se basear e tomar decisões”. Durante as entrevistas para esta reportagem, falávamos sobre uma determinada ferramenta da tecnologia digital. Mas, no decorrer da conversa, parecia que nos referíamos à linguagem – aquela que diferencia o humano das outras espécies. A entrevista versava mais sobre cultura do que sistemas integrados e articulações algorítmicas. Falávamos sobre nós e a IA. E eu percebia, a cada pergunta e resposta, que as transformações estão apenas no início. “Nós estamos migrando da era em que acessávamos informação para uma era em que vamos conversar com a informação. É uma relação conversacional. Então, em vez de você ler o PDF sobre a empresa, para que possa ser um vendedor que sabe contar essa história, por exemplo, você poderá conversar com esses dados”, diz o especialista em IA. “A conversa com o ChatGPT torna a experiência mais fluida, mais didática e mais engajadora”. Maciel utiliza a funcionalidade da IA generativa para seus estudos: “Quando eu quero estudar um paper e percebo que não vou conseguir ler completamente aquele artigo extenso, busco o atalho e jogo o documento dentro de um bot. Em vez de eu acessar a informação, eu converso com ela, faço perguntas e provocações, peço para me trazer alguns insights, para falar o que isso tem a ver com aquilo. Portanto, uma análise um pouco mais comparativa, de correlação. Eu tenho a sensação de estar conversando com o autor do artigo. É um privilégio você poder conversar com aquele conhecimento”. Na Fundação Getulio Vargas, os alunos terão em breve tutores virtuais. “Está em fase de implementação chatbot para apoiar os alunos em seus cursos”, diz Facó. “É a sequência do projeto que iniciamos no ano passado, com chatbot para os novos colaboradores. Com a tecnologia, eles podem ter acesso a processos, políticas da instituição. O chatbot fornece resumos das dúvidas do colaborador e coloca links para que possa acessar os documentos na íntegra. Facilita a integração. Pesquisa feita em universidade do Equador mostra que alunos que contam com tutores virtuais tiveram 20% a mais de desempenho na comparação com aqueles que não tiveram”. É preciso aprender ainda que temos agora um “parceiro cognitivo” para a realização das nossas tarefas. Não o desperdice, alerta Maciel: “Não tenho estatística, mas, pela percepção, 90% das empresas utilizam a IA na etapa final do processo de criação, desperdiçando o potencial da ferramenta. O profissional só lembra da IA na hora de redigir o conteúdo final, seja esse conteúdo final um contrato, uma proposta, um artigo para o blog, um e-mail”. O especialista em IA alerta para o erro: “Se a sua solicitação, se o seu prompt para o chat GPT começa com um verbo de ação, que seja da Marcos Facó: “As pessoas que têm formação de nível superior e uma pós-formação terão mais conhecimento e poder socioeconômico para acessar a IA, em detrimento de uma população que não consegue ter acesso a essas inteligências artificiais, que não tem condições de as usar”
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