Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 34 MERCADO DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA AGÊNCIAS GRANDES E MÉDIAS Enquanto mal nos recuperávamos dos abalos sísmicos causados pela pandemia, surgiam no horizonte as ferramentas de inteligência artificial generativa, acendendo uma luz amarela em todo o setor de comunicação − uma atividade essencialmente focada na produção de conteúdo. Apreensão à parte, o ser humano ainda é quem liga e desliga a máquina. Cabe-nos seguir nos reinventando para aproveitar as melhores maneiras de incorporar esse advento − afinal, o nosso trabalho ainda consiste em promover conexões. A execução até pode ser automatizada, mas a estratégia segue em nossos corações e mentes. Porém, enquanto a inteligência artificial pode ser nossa aliada, o grande desafio será lidar com a ignorância natural − infelizmente, uma das nossas grandes vocações. Estamos diante de tensões globais absolutamente evitáveis, e o efeito Trump já começou a ser sentido na área de comunicação. Diante das incertezas causadas pela política americana, muitos países têm adotado a represália como mecanismo de defesa. Prevendo desaceleração, as empresas já iniciaram uma onda de demissões, que se tornam uma questão de relações públicas tanto pela crise institucional em si como pela possibilidade de redução de vagas. Ou seja: a instabilidade − e um certo quê de surrealismo − dará o tom dos próximos anos. Do ponto de vista dos negócios, o setor sofre com a comoditização da comunicação. As redes sociais democratizaram a produção de conteúdo a tal ponto que muitos perderam de vista a estratégia por trás das relações públicas. Com isso, o setor muitas vezes é mais avaliado pelo preço do que por seu valor − um preço que, na maior parte das vezes, é insuficiente para atender às demandas exigidas. Outro ponto que compromete a qualidade das entregas é a troca constante dos líderes que fazem a interface com as agências. Parece haver uma pequena crise nessa área, considerando a frequência com que isso tem ocorrido. Tanto é verdade que, olhando o caso brasileiro, existe um movimento contrário: interfaces ou líderes dessas áreas nas empresas buscando oportunidades nas agências de comunicação corporativa. Mesmo diante de instabilidades, as perspectivas são boas. Certamente teremos demanda: a comunicação, afinal, presta-se justamente a esclarecer − uma necessidade em tempos obscuros. À beira da revolução das máquinas, o que o futuro nos exige é sensibilidade para que sobrevivamos a nós mesmos. Mensagens certeiras para tempos incertos: nem sempre é a tecnologia que nos desumaniza. Antonio Salvador, CEO do Grupo CDI O século 21 não nos dá um segundo de trégua

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