AGÊNCIAS-BUTIQUE Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 74 MERCADO DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA Na medida em que começo a prestar assessoria aos netos dos primeiros clientes, organizar a comunicação de quem era estagiário quando me conheceu e analisar a estranheza de muitos nas redações quando entro em contato, sinto renovados os valores que me levaram a ser jornalista assessor de imprensa. Embora, quando sonho, sonho estar numa apuração que possa mudar o que nunca será alterado, tratar os jornalistas como clientes no sentido de contribuir com o seu cotidiano e sem esperar nada em troca ainda vale a pena, mesmo diante das bolhas sociais ideológicas e do etarismo. Ter construído relações profissionais e amizades da ultraesquerda à ultradireita tem custo aceitável. Pelas orientações de Antonio De Salvo, Paulo Ribeiro e do quarteto fantástico das relações públicas brasileira (Walter Nori, Monserrat Padilha, Armando Figueiredo e Antônio Camargo) pude ter mínima base para ser uma agência a partir de capacidade de entrega. Incentivado por amigos que me trouxeram as primeiras contas (Stephen Kanitz, Nelson Chiba e Miriam Garrido), ainda me tornei um assessor de outras agências que precisavam de alguém para lidar com temas complexos em contas que exigiam conhecimento técnico, político e finesse com a imprensa. Se nas good news contei sempre com times − hora mais ou hora menos − dedicados em usar meu ambiente como ponte correta para alçar voo seguro na profissão, foi nas bad news que, sem alardes, pude atuar, ter inteligência e método aplicados, desafiando os limites do estresse. Entender contextos, estruturar o problema real, formular saídas, indicar consequências, alinhar com advogados e até assumir a condição de porta-voz. E melhor, dar parâmetros claros para os contratantes, o que só consegui aperfeiçoar com os conselhos de Caetano Bedaque e Carlos Brickmann. Todos têm direito a uma defesa comunicacional e a ter seu ponto de vista preservado até o momento correto de ser exposto, quando e se conveniente. O advento do narcisismo epidêmico pelas mídias sociais e o negócio de influências a soldo reforçaram a necessidade dos valores do assessor, de atuar sempre com ética e responsabilidade na conduta pessoal e profissional e, assim, conseguir zelar pela imagem própria e dos clientes. Isso implica dizer ao cliente o que deve ser feito a partir do objetivo de comunicação aplicada aos negócios que possua, quando tem. Isso significa estabelecer relação em que a interação e a interseção de mundos (do assessor, do cliente) seja fortemente administrada para manter distância necessária para os melhores esforços profissionais. Até porque puxa-sacos custam bem mais caro, sempre digo. Com esse entendimento, torna-se tranquilo cumprir a função de subsidiar com informações e orientações para o cliente decidir. E conforme a rota tomada, preparar-se para um “não te disse” enfático e depois, se possível, arrumar a casa, tentando explicar até o inexplicável. Cleinaldo Simões, jornalista assessor de imprensa Assessor assessora, cliente decide
RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=