AGÊNCIAS-BUTIQUE Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 78 MERCADO DA COMUNICAÇÃO CORPORATIVA É animador ver este Anuário da Comunicação Corporativa incluir uma pauta sobre o atual momento das relações institucionais e governamentais (RIG) no País. Demonstra o fortalecimento do conceito de public affairs (assuntos públicos ou assuntos corporativos) a partir do entendimento de que existe um conjunto de especialidades que promove o diálogo entre as organizações e seus amplos espectros de públicos estratégicos. São atividades que se complementam na abertura e consolidação de canais de comunicação com setores que têm impacto decisivo na reputação da organização e na construção de um ambiente de negócios positivo. As áreas de comunicação e relações governamentais também estão juntas no convencimento das empresas e organizações sobre o caráter estratégico dessas atividades. Muito já se avançou nesse sentido, mas ainda há espaço para maior presença das áreas logo nos primeiros estágios do planejamento empresarial e das tomadas de decisão. Mesmo correndo o risco de soar repetitiva, esta defesa da importância do public affairs precisa ser feita constantemente como forma de aperfeiçoar a ação corporativa e, claro, desenvolver o mercado para profissionais, agências e consultorias. No caso específico de relações governamentais, uma linha de atividade ganha cada vez mais importância: o desenho de cenários institucionais consistentes em meio ao turbilhão de versões e fontes dos fatos, muitas vezes com clara intenção de criar desinformação ou radicalização política. Para tomar decisões e definir estratégias de negócio, empresas e entidades setoriais precisam saber onde estão pisando, ter clareza desapaixonada sobre os caminhos institucionais do País e do mundo. Nenhum consultor de RIG tem bola de cristal, mas experiência e conhecimento técnico – aliados a tecnologias que aperfeiçoam o levantamento de dados – permitem formular cenários e discutir possíveis consequências de maneira aprofundada e construtiva. Naturalmente, todos aqueles envolvidos em decisões empresariais terão suas opiniões e preferências políticas pessoais, farão suas leituras do mundo que os cerca. São aspectos que podem em muito contribuir para as discussões de cenários, de riscos e oportunidades. Nesse processo, cabe ao profissional de RIG analisar os fatos, os dados, as manifestações de atores políticos e produzir uma visão que, por falta de termo melhor, poderia ser chamada de técnica. Obviamente não será infalível nem atingirá a total isenção, mesmo porque o próprio consultor terá seu viés ideológico, por mais que esteja treinado a se afastar dele no momento do desenho de cenários. O objetivo desse trabalho será ajudar a organização a pensar sua decisão, a considerar os caminhos mais prováveis de serem abertos. Vale lembrar que a discussão de cenários institucionais ganhará intensidade com a aproximação da eleição de 2026. A partir do segundo semestre deste ano, os planejamentos empresariais e setoriais olharão cada vez mais para esta variável. Andrew Greenlees, sócio-fundador da FLAG Public Affairs; foi duas vezes jurado na categoria Relações Públicas no Festival de Cannes Luiz Antonio Flecha de Lima, sócio-fundador da FLAG Public Affairs e membro do Conselho Superior da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig) Comunicação e relações governamentais: aliados na construção do diálogo
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