Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025

Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2025 99 Michel Rodrigues, diretor-geral da Savannah Comunicação Adolescência nas corporações e na comunicação corporativa A série Adolescência, da Netflix, trouxe para o “meio da sala” um assunto complicado, a que não estamos dando a devida atenção: o abismo de comunicação entre as gerações. Na série, eles abordam o tema pelo viés do crime e das relações familiares. No entanto, a sua grande popularidade escancara o tamanho do problema e acende uma luz de alerta também para todos nós que trabalhamos com comunicação, marketing e gestores de empresas com grande número de colaboradores. Quem está enfrentando primeiramente esse desafio são os pais e as escolas, mas a Geração Alfa (nascidos a partir de 2010) logo se tornará mais representativa no mercado consumidor de muitas marcas e “amanhã” estará no mercado de trabalho. É você que ama o passado / E que não vê / Que o novo sempre vem Profissionais de RH e as gerações mais antigas têm disponibilizado vasto conteúdo no ambiente digital criticando e ironizando o comportamento e o perfil dos integrantes da Geração Z, anterior à Alfa, que começou a se formar no ensino superior e adentrou ao mercado de trabalho nos últimos cinco anos, a partir do início da pandemia da Covid-19. Realmente, a ruptura de padrões é grande, mas como Belchior frisou bem na canção Como nossos pais, eternizada na voz de Elis Regina, “...o novo sempre vem...”. Ou seja, essa crítica a gerações anteriores não é de hoje, mas enxergo como mais grave o momento atual, devido à onda conservadora que se alastra pelo Brasil e pelo mundo, o que aumenta a intolerância e coloca “raízes e Nutellas” em rota frontal de colisão. Para agravar, tudo isso tendo como pano de fundo a Quarta Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0, e após uma pandemia mundial que acelerou, à velocidade da luz, muitas transformações. Esse contexto deixa as novas gerações numa posição de vantagem perante às anteriores já num futuro bem próximo e com mudanças cada vez mais rápidas, transformando o novo em velho caquético de maneira extremamente precoce. Assim, as corporações que primeiramente acolherem e aceitarem o novo, investindo profissionalmente em uma comunicação interna inovadora, que compreenda e fale a mesma língua desses novos entrantes, sairá muito na frente. Aí é que entram como protagonistas as agências de comunicação, que precisam estar preparadas para atender a essa demanda crescente dos setores de RH e Marketing, que já estão buscando ajuda externa para se adequarem ao futuro que já é praticamente hoje. Se continuarem a fazer piada e confrontarem os padrões de comportamento e visão dos jovens atuais, como estão fazendo com a Geração Z, poderão entrar num caminho sem volta ao precisarem interagir, contratar e vender para a Geração Alfa. Precisamos baixar a guarda, ouvir mais essas duas últimas gerações, voltar nossas atenções ao estudo da semiótica que permeia a comunicação deles, conhecendo-os e arrancando as nossas raízes que nos paralisam e provando a Nutella sem fazer cara feia. Por isso cuidado meu bem / Há perigo na esquina / Eles venceram / E o sinal está em alerta pra nós / Que não somos jovens

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