JCC Especial | Rádio Mega Brasil Online 20 anos

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 2 Jornal da Comunicação Corporativa é uma publicação da Mega Brasil Comunicação. Essa edição especial celebra os 20 Anos da Rádio Mega Brasil Online, no ano de 2025. Autorizada a reprodução das matérias desde que citada a fonte. Diretores e editores: Eduardo Ribeiro e Marco Rossi • Editora Redação: Martha Funke • Diretora de Assuntos Institucionais: Célia Radzvilaviez • Editor: Marco Antonio Rossi • Projeto gráfico e produção: Nilson Santos | Ponto & Letra. Ilustrações: Freepik®. Edição digital: virapagina.com.br Mega Brasil Comunicação – Avenida Professor Noé de Azevedo, 208, Cj 105, Vila Mariana, São Paulo, SP, 04117-000 | www.megabrasil.com.br. | Telefones: (11) 97852-9239 e (11) 98843-0304

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 3 “Se dá para pensar, dá para fazer”. A frase, repetida diversas vezes ao longo da apuração desta história, retrata a dedicação, a teimosia e, principalmente, o idealismo por trás dos 20 anos da Rádio Mega Brasil Online. Apelidada de RA.M.B.O. (anagrama do nome da rádio), a iniciativa foi marcada por pioneirismo e desafios e, fiel ao personagem eternizado por Silvester Stallone, venceu batalhas e se sagrou campeã: primeira e única emissora na internet brasileira dedicada ao campo da Comunicação Corporativa – e uma das que inaugurou o formato, até então praticamente desconhecido no País –, registrou 53 programas diferentes ao longo dessas duas décadas e navega na liderança do segmento. A semente da emissora surgiu de uma palestra apresentada pelo extinto Congresso Brasileiro de Comunicação no Serviço Público, assinado pela Mega Brasil Comunicação. Em sua quinta edição, em 2005, o então CEO do Ibope Inteligência, Marcelo Coutinho, apresentou a palestra “O ovo em pé – o Blog, o Jornalista e o Político – como e por que a internet vai mudar o DNA do serviço público no Brasil e no mundo”. Na época, a internet comercial, com pouco mais de dez anos de vida, ainda engatinhava e surtia debates sobre qual seria seu impacto na área pública e política, com possibilidades em expansão como blogs independentes e rádios online. “O surgimento das rádios web me encantou. A rádio convencional implica custos muito altos, licença de governo, viés político, muito distante da nossa realidade. Mas a internet abria um universo de possibilidades. A palestra acendeu aquela luz na minha cabeça”, conta Marco Antonio Rossi, sócio-diretor da Mega Brasil, ao lado de Eduardo Ribeiro. Por Martha Funke Sonho, aventura e emoção os 20 anos de registros da história da Comunicação

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 4 “Não tinha tido ainda nenhuma grande eleição com impacto relevante [da internet]. Mas quando a gente olhava para fora, via coisas acontecendo em países da Europa, nos Estados Unidos, com impacto da internet em serviço público e política. Na época, estava começando uma onda de blogs sobre o assunto e se discutia muito o que a internet poderia fazer para melhorar o relacionamento do cidadão com o serviço público. Dentro desse contexto, apresentei alguns números e chamei atenção para outro fenômeno que estávamos começando a ver, uma tecnologia que era a voz na web – hoje, a coisa mais normal e corriqueira do mundo, naquele tempo um negócio absolutamente incrível a possibilidade de se comunicar por voz pela internet. Aí o modelo óbvio de analogia era o rádio, mais próximo do que televisão. O YouTube ainda não existia, o podcast não existia, havia problema de volume de dados, velocidade de conexão, mas a voz era um caminho mais tranquilo e já existiam algumas iniciativas de rádios, de comentaristas, políticos fazendo experiências com rádio na web. Mas ainda você tinha de juntar quatro ou cinco coisas diferentes, fazer a gravação em um software, edição em outro, transmissão em mais um, uma operação extremamente complexa. Começava a se falar em narrowcast (transmissão de informações ou mídia para um público específico e limitado, em vez do público em geral) em oposição ao broadcast, direcionado a grandes audiências. A segmentação já era comum naquela época para o rádio. Discutia-se como a mídia, primeiro a impressa, seria sugada e redefinida pela convergência digital. O precursor da política na internet foi um blogueiro, Matt Drudge [Matthew Nathan Drudge, responsável na época pelo blog Drudge Report, ainda hoje no ar]. Em 1988, ele fez um post com um furo, questionando o porquê da [revista] Newsweek, tendo todos os elementos à mão, tinha decidido derrubar matéria sobre a relação entre [o presidente estadunidense] Bill Clinton e Mônica Levinsky [estagiária na Casa Branca com quem Clinton admitiu ter tido relações sexuais, um fato que quase provocou seu impeachment na época]. Na época da palestra, no Congresso da Mega Brasil, explodiu na imprensa o primeiro grande blog [no Brasil], o Blog do Noblat, do Ricardo Noblat, jornalista famoso [até hoje no ar no site do Metrópoles]. O que atraiu os profissionais foi uma possibilidade de trabalhar de uma forma um pouco mais livre das amarras de uma estrutura organizacional tradicional. Antes do digital, a estrutura de capital para você fazer comunicação era absurda, o rádio exigia conexões políticas, é uma concessão governamental.” Marcelo Coutinho, professor de economia e estratégia digital na Fundação Getulio Vargas (FGV) e graduando em Letras na Universidade de São Paulo

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 5 Quem diria que o rádio nasceu... Depois de ouvir pela primeira vez que o inventor do rádio era brasileiro, em uma aula na escola de comunicação da FAAP, em 1976, Edu Ribeiro comparou a surpresa a um soco na cara. A invenção sempre tinha sido atribuída ao italiano Guglielmo Marconi e pouquíssimos haviam ouvido falar de Landell de Moura. Até que um colega, Hamilton Almeida, começou a pesquisar o tema. Em artigo publicado no Diário da Zona Norte no ano passado, Hamilton celebrou 120 anos da patente obtida por Landell nos Estados Unidos para o seu Transmissor de Ondas, artefato precursor do rádio. O padre atuou como pároco na Capela Santa Cruz, ao lado do Colégio Santana, na capital paulista. “Minha invenção relaciona-se à transmissão de mensagens, de um ponto a outro, sem auxílio de fios”, registrara o padre cientista em seu pedido de patente. A invenção foi chamada de “engenhoso aparelho para transmissão de vibrações sonoras” em artigo da revista estadunidense Western Electrician, de Chicago. Mas a primeira patente tinha sido obtida em 1901, no Brasil, para “aparelho destinado à transmissão fonética à distância, com fio e sem fio, através do espaço, da terra e do elemento aquoso”. no Brasil

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 6 Em 1889, Landell realizou a primeira transmissão de rádio do mundo, 23 anos antes da primeira transmissão oficial de rádio no Brasil, ocorrida em 7 de setembro de 1922. A transmissão do hino nacional, do Colégio Santana à Ponte das Bandeiras, abriu as portas para a comunicação sem fio. Mas o feito não atraiu financiadores e, com o tempo, caiu no esquecimento. O fim da I Guerra Mundial (1914-1918) marcou a chegada da tecnologia, antes controlada pelas Forças Armadas, no campo comercial. A veiculação do discurso do então presidente Epitácio Pessoa do Rio de Janeiro para Niterói, Petrópolis e São Paulo, durante a comemoração do centenário da independência brasileira, colocou o Brasil na Era do Rádio. No ano seguinte, nasceu a primeira emissora do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada pelo antropólogo e educador Edgar Roquette-Pinto. O rádio começou a se popularizar na década de 1930 e as primeiras coberturas jornalísticas no país apresentaram a evolução da Revolução de 30. Mundialmente, o destaque foi seu emprego na propaganda ideológica promovida pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Getulio Vargas aproveitou o embalo para a propaganda do governo e, em 1932, sancionou lei autorizando a veiculação de publicidade pelas emissoras, o que contribuiu para investimentos na área e para o barateamento dos custos. Ganharam espaço a música popular e programas de entretenimento, como radionovelas, até o rádio conquistar sua glória nos anos 1950, quando passa a concorrer com a TV, fornecendo talentos para aquele novo meio de comunicação. A evolução técnica foi outro marco importante. Depois da frequência de transmissão em AM (amplitude modulada, com maior alcance, mas sujeita a interferência), surgiu a FM, com cobertura menor, mas com grande qualidade. Nos anos 1980, a automatização das emissoras permitiu transmissão 24 horas por dia e, na década seguinte, surgem a primeira emissora exclusivamente noticiosa do País, a CBN, e o sistema digital de transmissão. A transmissão pela internet só viria no novo milênio. Senta que lá vem a história Aqui cabe um pouquinho de história – o que vai ajudar a entender o tamanho do esforço necessário para o nascimento da RA.M.B.O. Considerado o precursor da transmissão online, o tecnólogo Carl Malamud, autor de livros como Exploring the Internet (1992, sem tradução para o português) e defensor do domínio público, colocou no ar a Rádio HK em 1993. O formato ganhou impulso com o crescimento da banda larga e o surgimento de softwares de compressão de dados (streaming) – o software de multimídia Real Audio Player, por exemplo, foi lançado em 1995. No Brasil, “se no primeiro semestre de 1997 apenas nove estações [comerciais] transmitiam online, em setembro de 2000 o sistema já era adotado por 191 emissoras”, registrou Fernando Em 2013, no programa Café Cultural, Marco Rossi e Cristiane Linguevis entrevistam o jornalista e biógrafo Hamilton Almeida

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 7 Kuhn no artigo “O rádio na internet: rumo à quarta mídia” (Portal Intercom, 2001), e o radialista Tião de Oliveira colocou no ar a Rádio Tião de Oliveira Sertaneja Raiz Só Modã, em 2002, ainda no ar em Várzea Grande (MS). Mas a internet ainda estava longe de ter alcance popular. Em 2005, apenas 45% dos brasileiros com mais de dez anos de idade tinham acesso a computador e 68% nunca tinham navegado na internet, segundo dados do Comitê Gestor da Internet (CGI). O número de internautas domiciliares ficava em torno de 11,9 milhões e, somadas, as pessoas que acessavam a internet no trabalho ou em centros coletivos, como telecentros, chegavam a 32,1 mil. Menos de um em cada dez brasileiros (9,6% do total) navegavam pela internet todos os dias. O alcance, claro, refletia as desigualdades sociais e 88,7% dos domicílios pertencentes à classe A eram equipados com computadores, ante 55,5% na classe B, 16,1% na classe C e 2% nas classes D e E. O acesso por celulares era extremamente limitado e caro. Os mais endinheirados já podiam contar com a internet, considerada de alta velocidade na época – coisa de 500 kbps, um décimo da velocidade média na banda larga fixa atual –, com menos de 3 milhões de assinantes e serviços como Speedy (Telefônica, mais tarde Vivo) e Vírtua (da então Net, depois absorvida pela Claro). A maioria usava a linha fixa discada, com 56 kbps. Mesmo assim, pesquisa do Ibope/NetRatings indicava que o tempo de navegação na internet residencial por aqui era o maior entre 11 países monitorados, com média superior a 16 horas mensais. Portais, buscadores e comunidades, como salas de bate-papo, eram os prediletos. Os usuários passavam 27% do tempo conversando por comunicadores instantâneos, bisavôs do WhatsApp, e 20%, no Orkut, precursor das redes sociais, extinto em 2014. Nesse cenário improvável, nasceu a Rádio Mega Brasil Online. Confie na Melhor Agência de Comunicação Corporativa do Brasil. Em um mundo de incertezas, não tenha dúvidas: ELEITA 3X PELO TOP MEGA BRASIL Conheça nossas soluções: Há 25 anos sendo referência em reputação e influência.

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 8 Paixão por rádio, a derrubada

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 9 de uma emissora e o nascimento da RA.M.B.O. A relação de Marco Rossi com a mídia radiofônica vinha de longa data. “O rádio é uma paixão que remonta à minha infância e, de certa forma, acompanhou minha vida”, conta. Com isso, a ideia de criar uma rádio segmentada, sem burocracia, e colocar no ar a riqueza de notícias produzidas originalmente em formato impresso, caiu como uma luva.

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 10 “Quando eu tinha sete anos de idade – hoje estou com 70 – me lembro claramente, eu sentado à mesa da cozinha, tomando meu café da manhã antes de ir para a escola, enquanto no rádio de casa era ouvido o programa O Trabuco, apresentado pelo Vicente Leporace {1912-1978], na Rádio Bandeirantes. Era o programa que minha mãe ouvia todas as manhãs. Depois veio a fase esportiva e, embora nunca tenha sido um fanático por futebol, me rendi à criatividade do Show de Rádio, transmitido pela Rádio Jovem Pan após as partidas de futebol, que trazia a Rádio Camanducaia, [programa humorístico que foi ao ar de 1969 a 1980] criada por Estavam Sangirardi e produzido durante os jogos, com personagens como Lorde Didu Morumbi [apaixonado pelo time, o “Saint Paul de mon petit Coeur”] e seu mordomo Archibald [com quem comentava os jogos], Comendador Fumagalli, Noninha e o cão Valdemar Fiúme. Depois veio o Homem do Tempo, Narciso Vernizzi [1918-2005], que tive a oportunidade de entrevistar, figuras que sempre me encantaram e me inspiraram a sonhar, em um dia, em fazer parte daquele universo criativo. No início dos anos 1980, tive essa oportunidade quando fui trabalhar na Rádio Antena 1, um bico, numa fase em busca de emprego após ter concluído o curso de jornalismo. Atuei por pouco tempo como locutor e operador, mas deixei minha marca: fui o primeiro, ou talvez o único, a tirar a emissora do ar por alguns minutos! Eu tinha de cuidar das cartucheiras de fitas gravadas e de quatro toca-discos e, ainda por cima, falar ao microfone. Era muita coisa para meus neurônios… Um dia, me descuidei do volume de transmissão, deixei muito alto, e o sistema de segurança desarmou o transmissor. No silêncio sepulcral do estúdio, todo mundo gritando: ´Parou! Parou´. Foi uma experiência e tanto! Já nos anos 2000, eu acompanhava uma rádio de São Francisco [Califórnia, EUA], a KKSF, extinta às 15 horas do dia 18 de maio de 2009, e achava ótima a possibilidade de ouvir uma rádio diferenciada, só de jazz. Ao mesmo tempo, criei um boletim cultural sobre o litoral paulista, chamado Caminho das Praias, e passei a veiculá-lo, como colaborador, semanalmente em algumas emissoras. Primeiro pela Rádio Trianon, e depois na Rádio Grande ABC. Todas aquelas experiências se misturavam nos meus pensamentos e me instigavam a pensar numa combinação de todos esses elementos. Era, ao mesmo tempo, fascinante e perturbador” Marco Antonio Rossi, sócio-diretor e idealizador da Rádio Mega Brasil Online Só havia um porém. A ideia era boa, mas era tão nova que ninguém sabia direito como aquilo tudo funcionava. O jeito foi procurar ajuda e, como quem tem amigos tem tudo, começou o processo de pesquisa para entender como fazer. Um dos primeiros a serem procurados foi Ulisses Rocha, jornalista, proprietário de uma produtora de vídeo, a URP Filmes, e desde 1999 fornecedor da estrutura de áudio e vídeo para o Congresso Mega Brasil de Comunicação, realizado anualmente. Outro parceiro deste início de jornada foi Marcos Rogatto, à época ligado à produtora Studio Eletrônico e hoje diretor da Vista Filmes. “Mas ninguém conhecia, a gente tateava em tudo”, diz Marco. Nesse cenário, a ideia foi sendo construída. Buscando qual software seria necessário, qual equipamento seria preciso, tanto de áudio quanto de hardware, o projeto começou a tomar forma. “Eu não

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 11 ”O rádio é talvez o veículo mais importante, mais versátil, da história da humanidade. Todas as tecnologias que sucederam à sua chegada incorporaram o rádio como frente de complementação para a transmissão de informações, entretenimento e prestação de serviços. Quem inventou o rádio foi um brasileiro, Landell de Moura [1861 – 1928], padre, cientista, que tinha estudado na Itália e foi o primeiro homem a transmitir a voz humana sem fio. Essa história acabou no ostracismo, como ele próprio. A partir de pesquisas de Hamilton Almeida [autor de livros como “Padre Landell, o brasileiro que inventou o Wireless”], iniciamos, por volta de 2011, ocasião do seu sesquicentenário de nascimento, uma campanha pelo reconhecimento do padre – uma saga com abaixo-assinados, visitas ao governo, eventos, premiações. Conseguimos até uma façanha: um pedido oficial de desculpas da igreja por tê-lo proibido de avançar nas questões da ciência – a população chegou a destruir seus experimentos por considerar que tinham parte com o demônio por conta da transmissão da voz. O consagrado {Guglielmo} Marconi, conhecido por ter inventado o telégrafo, desenvolveu o rádio, é verdade, porém, mais de uma década depois do invento do padre Landell. Com as novas tecnologias, surge a possibilidade de fazer rádio pela internet, democraticamente, disponível para quem quisesse. Radio é democrático, é o companheiro de todos os momentos, com acompanhamento em tempo real. Pode estar onde a notícia chega, em qualquer grotão do Brasil; outras tecnologias nem sempre conseguem. Estamos firmes e fortes e esperando comemorar mais outros 20 anos da Rádio Mega Brasil Online.” Eduardo Ribeiro, jornalista, diretor da Mega Brasil Comunicação e da newsletter Jornalistas&Cia A MELHOR MANEIRA DE ENTENDER O FUTURO É FAZER PARTE DELE. Há 18 anos com coragem de estar à frente. www.axicom.com tinha a menor ideia de como fazer, nem o conhecimento técnico, só me ocorria a possibilidade. Mas fui aprender”, conta o idealizador da RA.M.B.O. Muita vontade e pouco dinheiro Com tudo isso, o início não foi nada fácil. Ainda por cima, a Mega Brasil tinha outras prioridades, projetos mais rentáveis que exigiam atenção e, sobretudo, aportes – entre eles, os congressos anuais e o Anuário da Comunicação Corporativa. Mesmo desburocratizada, a operação de rádio online não é barata. “Quem se propõe a trabalhar com áudio e vídeo sabe os custos que tem. Não é uma aventura barata, então a gente sempre procurou fazer mais com menos”, diz Marco. A rádio começou a tomar forma com um microcomputador, dois microfones emprestados – um deles, até hoje, exposto como símbolo da conquista – e uma mesa de som emprestada, bastante simples, analógica, mas que ajudou a colocar o projeto em pé.

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 12 “Eu tinha uma produtora de vídeo no bairro de Pinheiros e fazia trabalhos institucionais para a Mega Brasil, normalmente vídeos de prêmios [como Personalidade da Comunicação, nascido em 1999]. Um dia, o Marco Rossi me chamou e disse: ‘Quero montar uma rádio na internet.’ Em 2005, ainda não se falava em rádio web, e no Brasil essa era uma iniciativa completamente incipiente. E tinha essa outra dificuldade, a maioria dos equipamentos era de origem analógica e ele queria transmitir isso para a internet. Para mim soou muito estranho e pensei: ‘ele é meio louco para querer uma coisa dessas’. Mas, como eu o conhecia há alguns anos e sempre vi nele um visionário, imaginei que sabia o que estava fazendo. Usei o conhecimento mínimo que já tinha por ter vindo do rádio, por estar no ambiente de produção audiovisual, para dar uma pequena contribuição – naquele instante, em terra de cego, quem tinha um olho era rei. Emprestei microfones, cabos, mesa de som, uma Stunner de oito canais, jurássica, mas que colocou a rádio ‘no ar’. O Marco foi um pioneiro. Também pediu para eu fazer a voz padrão, mandava páginas e páginas de textos de chamadas, eu passava muito tempo gravando aquilo e contribuía primeiro, pela amizade. Mas, além disso, gosto muito do rádio; venho da voz. Muitas vezes ele me ligou pedindo ajuda: ‘Não tá gravando nada.’ Era um pedido de socorro, e eu ia com a máxima disponibilidade. Naquele momento, eu achava uma aventura. Foi, basicamente, o começo do que hoje se chama podcast. Sempre vi esse investimento como uma espécie de teimosia, um sonho de Don Quixote.” Ulisses Rocha, jornalista, produtor de audiovisual, cineasta e advogado criminalista Mas, colocar a rádio em pé não era movido apenas por paixão. A estratégia também tinha seu peso. Afinal, a emissora era percebida pelo Marco como um instrumento estratégico para promover a aproximação com o mercado corporativo e estreitar relacionamentos, de forma a contribuir efetivamente para os negócios mais à frente – não necessariamente para a rádio em si, mas para os outros projetos da casa, incluindo o Anuário da Comunicação Corporativa, nascido em 2009. A fórmula era válida até mesmo para os colaboradores que mantinham seus projetos (alguns sugeridos pela casa, outros trazidos por eles) na programação da Rádio. Eles, em sua

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 13 maioria, eram profissionais autônomos ou empreendedores na comunicação, e a RA.M.B.O. também funcionava como um meio de aproximação com seus stakeholders, ampliando suas redes de relacionamento e até mesmo com potencial para gerar negócios para seus projetos pessoais. “Sempre foi um projeto de ganha-ganha. Muito do que fazemos está relacionado ao propósito, dentro da missão da Mega Brasil, de dar projeção à Comunicação Corporativa. A rádio não é rentável por si, é um investimento para esse objetivo”, diz Marco. “Os encontros geram resultados”, acrescenta Edu Ribeiro. Muito amor e muita dor A missão teve início em setembro de 2005. Uma salinha onde funcionava a empresa foi escolhida como o estúdio da rádio. Dividido por uma divisória de escritório, o espaço não tinha tratamento acústico e contava com uma mesa pequena, tudo bem improvisado. Lá mesmo começaram a ser entrevistados nomes de destaque, como Audálio Dantas (1929-2018), jornalista que denunciou o assassinato de Vladimir Herzog pela ditadura militar enquanto presidia o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, depois deputado federal pelo MDB; Hamilton Almeida, jornalista pesquisador e autor do livro Padre Landell, o brasileiro que inventou o Wireless; o ator Kiko Vianello; a cantora mineira Gláucia Nasser, o cineasta Kiko Mazziero, entre outros. Além, claro, de personagens fundamentais da comunicação no Brasil, como Eloá “Lala” Aranha [1944-2022], Miguel Jorge, Walter Nori e Fábio França. “Entre tantos outros que não dá para lembrar”, conta Marco. Algumas dores do início ainda são rememoradas. Como o dia em que uma figura proemi- “Entrei para a RA.M.B.O. há 20 anos. Na época, a distribuição de conteúdo na internet era muito diferente; não tinha Facebook [nascido em 2004, só chegou ao Brasil em 2007], Instagram [lançado em 2010 para iOS e popularizado no Brasil em versão Android a partir de 2012], se bobear nem YouTube [criado em 2005 e lançado em português em 2007]. Como eu gostava muito de rádio, era uma oportunidade meio moderna, pelos padrões da época, de desenvolver essa rádio na internet, com todos os desafios, inclusive os técnicos. Seria para começar do zero. Eu tinha conhecimentos rudimentares da parte técnica de um programa de edição e trouxe uma pequena bagagem do estágio que fazia na Rádio Grande ABC. Mas a dúvida, na ocasião, era: a gente pode colocar no ar o conteúdo, mas como vai chegar até a internet? A primeira coisa que aconteceu quando eu cheguei foi aparecer na minha frente uma caixa de CDs para montar as playlists, mas a gente não sabia como colocar aquilo para as pessoas acessarem pela internet. Comecei a colocar tudo dentro do computador, e a gente achando que conseguia colocar a rádio para rodar com um computador só, ledo engano. Terminamos com três, naquele comecinho. Um para a gravação, outro para ficar com a playlist e outro para a grande chave: como chegar na internet? Era um programa que codificava os dados e os enviava para o endereço do site RAMBO, porque Rádio Mega Brasil Online é muito grande. Traduzia bem aquele momento de muita luta, suor e lágrimas.” Jennifer Cardoso, jornalista

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 14 nente, que trabalha com a teoria da oralidade, se aproximou da responsável pela operação da rádio, durante um dos congressos da Mega Brasil, e criticou com desdém – ´nossa, vocês trabalham com esse tipo de equipamento ainda?’, numa referência à primeira mesa de som analógica, emprestada de Ulisses Rocha . “Aquilo mexeu com os brios da Jennifer Cardoso”, recorda o diretor da rádio. Não foi o único momento de sofrimento da profissional. “Um dia entrei na sala e lá estava a Jeniffer, aos prantos, porque havia um ruído de fundo na transmissão que não dava para descobrir de jeito nenhum de onde vinha”, diz Marco. Era o compressor de ar do vizinho dentista, identificado tempos depois. O problema foi sanado com o tempo e com soluções acústicas tão improvisadas quanto engenhosas. Jennifer tinha se juntado à equipe depois de deixar a Rádio do Grande ABC, onde, como estagiária, atuava como interface de Marco para as entradas por telefone no programa Caminho das Praias. Nem ele, nem ela tinham experiência em rádio web. Mas Jennifer acabou sendo fundamental para colocar o projeto de pé, dando apoio, conhecimento técnico e força para enfrentar situações inusitadas. Aos poucos, tudo foi tomando forma. Um dos pilares da criatividade, marca registrada do projeto com verba curta, foi Paulo Gusmão, engenheiro, amigo e vizinho de Marco Rossi, uma espécie de Professor Pardal [personagem-inventor, de Walt Disney, amigo do Pato Donald], que contribuía com os esforços artesanais de Marco Rossi, responsável por construir, na mão, todo o mobiliário e o acabamento do novo estúdio, graças à sua habilidade com marcenaria. Foi Paulo quem, um belo dia, avisou que estavam sendo dispensadas em uma caçamba na frente de uma agência do banco Itaú Personnalité, na vizinhança, placas de um material de acabamento retiradas da fachada da agência por conta da troca de identidade visual. Era uma espécie de resina, com aparência de madeira, muito resistente, a ponto de suportar a exposição ao tempo. O material foi prontamente recolhido no porta-malas do carro do Marco, com a ajuda de Paulo – que ainda ajudou na instalação elétrica e de som do novo estúdio que começava a assumir ares mais profissionais. Aproveitando que os funcionários estariam de férias no fim do ano, o espaço destinado a abrigar o novo estúdio e a sala de operação da rádio foi transformado em uma oficina de marcenaria. As placas se transformaram em mesa de entrevistas, suíte de operação e revestimentos. Assim nasceu o novo estúdio, com quatro pontos articulados para microfones, que captaram uma infinidade de entrevistas [nesses 20 anos, a Rádio produziu 53 programas diferentes, veiculou 5.400 edições desses programas, recebeu a visita de aproximadamente 1.920 marcas e ouviu perto de 8.000 entrevistados, entre executivos, dirigentes empresariais, pesquisadores e personalidades]. “Ficou um espaço bem charmoso, com tratamento acústico e iluminação, bem profissional mesmo. Mais do que uma função técnica, o estúdio cumpriria um papel cenográfico nas entrevistas, de modo a tirar os executivos do seu ambiente controlado e levá-los a um ambiente diferente, até com certo glamour, eu diria”, conta Marco. 20 anos de Rádio Mega Brasil e 25 anos de Imagem Corporativa. Duas histórias de sucesso e de paixão pela comunicação. PR I Comunicação Integrada|Pesquisas e análises I ESG | Treinamentos Saiba mais em: iccom.com.br

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 15 Dos 53 programas já produzidos pela Rádio Mega Brasil Online nessas duas décadas, 12 continuam na grade. A diversificação sempre deu o tom. O tema geral estava definido: uma rádio web de nicho voltada ao mercado da Comunicação Corporativa. Em princípio, abordando questões técnicas, como marketing, comunicação com stakeholders, pautas mais presentes no dia a dia da comunicação empresarial. De modo geral, a maioria dos programas tinha relação, direta ou indireta, com o ambiente corporativo. Programas como Digital Lab (tecnologia), Plano de Negócios (economia), Making Of (Marketing e Propaganda), Comunicação S/A (relacionamento com stakeholders, lançamento de produtos e serviços), Ponto de Encontro (presença feminina no staff empresarial), Carreiras, Visão OCI (Observatório da Comunicação Institucional) e Consumo em Pauta têm relação direta com a atividade empresarial e a Comunicação Corporativa. Outros, como o Inclusive, After Job, Feminismos, Mega Séries ou Pitadas & Palpites, estão relacionados ao universo da Comunicação e da atividade empresarial, pois abordam temas ligados à cultura, aos costumes e ao cotidiano de todos nós, executivos inclusive. O conceito é que, sendo a cultura um motor para a criatividade, ela torna-se alimento essencial para profissionais da área, e diversos temas ao redor desse universo ganharam espaço na emissora. Foi com essa visão que nasceram programas como o Café Cultural, inicialmente feito por Rivaldo Chinem [jornalista, autor de livros como A Força da Comunicação Corporativa], depois pelo próprio Marco Rossi e, atualmente, por Sérgio Lapastina. muitos programas e muitas histórias 20anos

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 16 Outro destaque foi o Reescrevendo a História, com Paulo Vieira Lima [1947-2020], que, junto com Cecília Queiroz, havia sido sócio da Mega Brasil. Esse, aliás, foi mais um Paulo relevante para essa história. Jornalista Paulo Vieira Lima, ou PVL, como era chamado por muitos, fundou e dirigiu a Faculdade de Jornalismo da Universidade Guarulhos e, de certa forma, sua vida e carreira se entrelaçaram com a de Marco Rossi, mesmo antes de se conhecerem na Comissão de Assessores de Imprensa, no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. “Ouvia falar do Paulo mesmo antes de conhecê-lo. Fui colega da esposa dele, a Maria Soares Vieira Lima, no curso de radialismo que fizemos em Santos. Anos depois, eu o sucedi no Jornal O Dia, em São Paulo, tudo isso sem conhecê-lo. E, no final das contas, acabamos sócios e amigos. Tenho muitas e boas lembranças dele”, relembra Marco Rossi. Vieira Lima sempre foi um entusiasta da Rádio Mega Brasil Online e, nos momentos mais complicados, “sempre nos dava uma injeção de ânimo”, conta Marco Rossi. A ele foi dada a tarefa de abordar os bastidores pouco conhecidos de fatos históricos, por meio do programa Reescrevendo a História, criado especialmente para ele. Um dos episódios do programa, no qual PVL entrevistou Luiz Phillipe de Orléans de Bragança, abordando aspectos da monarquia no Brasil, até hoje é considerado um campeão de audiência da Casa com mais de 21 mil visualizações. Paulo também participou do programa Conversa de Bar, ao lado de Rossi, Luís Anversa e Patrick Ribeiro. Na linha de abordagem cultural e diversificada, surgiram ainda programas como o Sexo, RAMBO no Congresso: Sérgio Lapastina, Valéria Café, Vivian Bialski e Marco Rossi Paulo Vieira Lima no programa Cenários, comandado por ele ao lado de Celso de Freitas e Marco Rossi

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 17 “Sou jornalista e, várias vezes, participei do Congresso da Comunicação Corporativa como palestrante, mediador e entrevistador. Chegamos à conclusão de que havia necessidade de um programa que falasse dos bastidores do processo de comunicação, de campanhas e lançamentos, e surgiu o Making Of. Chamei a colega de faculdade, Regina Antonelli, para dividir a bancada, mas, um dia, perdi a flexibilidade de horários e tive de me despedir do programa. Na época da pandemia, voltei a falar com o Marco sobre a possibilidade de voltar a fazer algum programa na rádio. Ele me falou do Café Cultural. Fiquei um pouco assustado, primeiro porque talvez seja o programa mais antigo da rádio, e não tenho muito trânsito nesse mercado. Além da agenda, gostaria de incluir entrevistas e conhecer pessoas que atuam na cultura. O universo se abriu. Acho que o pessoal da produção não aguenta mais. Passo programas praticamente todos os dias: escritores, atores, produtores, pintores, tradutores. Gosto de falar, na abertura do programa, que a cultura, junto com a educação, é o que constrói uma pessoa. A rádio, de profissionais de comunicação, falando para o universo da comunicação empresarial, amplia o universo e traz subsídios para profissionais por meio de programas como Café Cultural. Sempre gostei muito de entrevistas. Quando o assessor [de imprensa] fala ‘O que você vai perguntar?’, respondo, ‘Quem é você?’ Faço a pessoa se apresentar para tirar o que ela tem de melhor”. Sérgio Lapastina, jornalista, ex-gerente de imprensa e comunicação interna na Sabesp Drogas e Rock and Roll, que abordava questões como gravidez indesejada e consumo de drogas, apresentado pelo médico João Paulo Lotufo, com apoio do Hospital Universitário e da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ou o Era uma Vez, protagonizado pelas escritoras Fabiana Prando e Celina Bodenmüller, voltado à contação de histórias infantis que, além da inovação, servia de quebra para apoiar o universo feminino em um momento em que, pouco a pouco, as mulheres passavam a tomar conta do universo da Comunicação, muitas delas com filhos. Ao longo do tempo, com a evolução da tecnologia e das redes sociais, a rádio foi avançando para novos formatos de distribuição – Facebook, Instagram e, finalmente, vídeo. Embora o Canal da Mega Brasil no YouTube, só tenha iniciado sua operação regular em 2017, desde 2006 a RA.M.B.O. experimentava transmissões pontuais também por imagem, usando os eventos da Mega Brasil como uma espécie de “campo de provas”. Por meio de parcerias, como a firmada em 2007 com a Yahoo e a WWBusiness, e depois com a Maxpress e PRNews Wire, agregou imagem ao som e trouxe, além de oportunidades, novos desafios, técnicos e prosaicos – como a necessidaEntrevista com o então juiz do STF, Marco Aurélio Melo

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 18 “Minha relação com a Mega Brasil remonta ao meu período de estagiário em uma empresa que era cliente dela. Inclusive o Marco [Rossi] fez parte da minha banca de TCC. Depois vim para Portugal, como bolsista, também graças a uma carta de recomendação da Mega, e evoluí na carreira acadêmica. Em 2007, um dos convidados internacionais do Congresso de Comunicação Corporativa da Mega Brasil era o reitor da Universidade Fernando Pessoa, o professor Salvato Trigo. De última hora, ele não pôde viajar e o Marco me acionou, propondo que eu fosse até a cidade do Porto [eu morava em Lisboa] para fazer uma entrada ao vivo com o professor. Não existiam plataformas de vídeo e as universidades tinham sistemas próprios de videoconferência. Fizemos um teste e correu tudo bem. Mas o Marco avisou: ‘Se o sinal cair, teremos um telefone de suporte.’ Então, começamos a transmissão e, em paralelo, uma ligação telefônica internacional. Não se passaram 15 minutos de fala e a transmissão em vídeo veio abaixo. A comunicação só continuou porque tínhamos o velho telefone analógico, nesse ‘desenrasco’, como se diz em Portugal, no jeitinho brasileiro. Depois disso, fui convidado a ser correspondente da rádio e foi muito interessante ser correspondente a partir de Portugal. Com a pandemia do coronavírus, veio a experiência da Conexão Internacional. O programa passou a fazer parte da minha atividade semanal como confinado. Eu havia ingressado na Universidade do Minho há pouco tempo e partilhei a ideia do Conexão com a vice-reitora de então, a professora Manuela Martins, que se interessou muito pela proposta do programa, tornando-se uma entusiasta dele. Graças a essa relação e proximidade, foi possível a participação do reitor da Universidade, professor Rui Vieira de Castro, no programa Comunicação S/A, comandado pelo Marco Rossi, e a participação da professora Manuela em um dos congressos da Mega Brasil, por videoparticipação ao lado da professora Lúcia Santela. Foi uma integração transcontinental muito interessante.” José Gabriel Andrade, professor associado de Ciências da Comunicação na Universidade do Minho, no norte de Portugal de de dar aquela penteadinha marota, ou ajeitadinha na gravata, antes de entrar no estúdio ou iniciar uma transmissão, o que era desnecessário quando as transmissões eram exclusivamente sonoras. Foi nessas coberturas que a RA.M.B.O. entrevistou nomes como a jornalista Miriam Leitão e o juiz do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Melo. A riqueza da gambiarra “As rádios hoje transmitem vídeo e, depois que a Rádio Mega Brasil Online já estava consolidada, ele veio com a novidade, e lá fui eu de novo”, diz Ulisses Rocha. “Eu acompanhava, pela Jovem Pan, o programa do [jornalista] Reinaldo Azevedo, o Pingo nos is, que fazia transmissão de imagem no Youtube. Ficava observando o posicionamento das câmeras, os cortes, imaginando quanto aquilo tudo custava. A RA.M.B.O. nunca teve recurso próprio; tudo era feito sem patrocínio, então aquele recurso parecia uma realidade muito distante para mim”, explica Marco. Mais uma vez, a criatividade foi a mãe da invenção. Um dia, na fila do hortifrúti, ele observou uma tela de TV enorme com imagens das câmeras de segurança em alta definição. E logo pensou, por que não usar um equipamento desse tipo no estúdio da Rádio? Pois é. Mesmo não sendo dispositivos profis-

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 19 “O programa Making Off está fazendo dez anos. O programa tinha 50 minutos, hoje tem 30. No início, falava mais de publicidade; hoje fala de bastidor de ação de comunicação para atingir o público de uma marca. As pessoas me procuram para serem entrevistadas. Quando era só para rádio, chegamos a entrevistar o diretor de marketing da Prudence, uma marca de preservativos. Ele levou uma sacola cheia; não tinha vídeo. Eu comecei a abrir os pacotinhos no microfone, falando o que tinha cada um deles: um é sabor champanhe; outro não sei o quê. Era o recurso para chamar a atenção das pessoas. Quando a gente começou a fazer para o YouTube, o negócio mudou. Tinha de se preocupar um pouco mais, isso dentro do estúdio. Depois da pandemia, mudou: a gravação passou a ser feita onde as pessoas estavam, normalmente em casa. Cheguei a entrevistar uma cantora, com o marido tocando piano. Em outro caso, o entrevistado foi se vestindo de palhaço enquanto conversava comigo, explicando o porquê dos acessórios que o palhaço utilizava. É uma grande oportunidade para os executivos contarem o que estão fazendo.” Regina Antonelli, jornalista e apresentadora do programa Making Off

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 20 “Minha parceira de escrita, Celina Bodenmüller, tinha uma livraria infantil [PanáPaná] e sugeriu um programa com literatura para o Marco Rossi. Ela me convidou e começamos o Era uma Vez. Toda semana tinha um convidado diferente e era simpática a visibilidade, o mundo editorial é carente de mídias e nossos contatos aumentaram. Alguns convidados passaram a ter espaços na programação, como o doutor Lotufo. Isso mostra a força da parceria. A gente cantava, contava histórias. Conhecemos autores, publicamos mais. A cultura, a literatura, atravessam toda a experiência humana; onde houver um ser humano, vai uma história atravessar e fazer sentido.” Fabiana Prando, coautora de livros como Contos Encantados da África e Contos Encantados da América Latina Fabiana Prando e Celina Bodenmüller comandaram o programa Era uma Vez sionais, meia dúzia de câmeras foram instaladas, suficientes para ter cortes de diversos ângulos. A gambiarra refinada foi reforçada por uma espécie de semáforo que ajudava os entrevistadores a controlarem o tempo da entrevista. Tudo colorido, estimulante, meio lúdico e inusitado, para atrair a atenção dos entrevistados. Uma campainha de teatro avisava quem estava por perto que a gravação ia começar. “Circulavam entre 30 e 40 pessoas por dia na Mega Brasil para as gravações. Foi um período muito efervescente”, contabiliza Marco. Com o advento do vídeo, palhaços invadiram a cena para interpretar histórias dentro do estúdio, que ainda recebeu a boneca Emília para falar sobre o escritor Monteiro Lobato – alguns dos exemplos que mostram como a programação se tornou cada vez mais lúdica. Além de ser uma rádio de conteúdo, com proximidade do público-alvo e sempre presente como fonte de notícias, a ideia de criar uma emissora para ser ouvida enquanto se trabalha levou ao ar uma playlist de músicas para criar um ambiente agradável, até sofisticado em termos musicais. O conceito levou à veiculação de um repertório ausente em rádios convencionais, incluindo Jazz, Smouth Jazz e MPB, nacionais e internacionais, incluindo autores e intérpretes norte-americanos, europeus e nomes absolutamente desconhecidos do público ocidental como Yao Beina, Sandy Lam, Shan Yichum e Tanya Chua para promover um clima ameno d diversificado sem comprometer a concentração e a criatividade. Música, maestro Dentro desse princípio, alguns programas especialmente focados em música compuseram a programação, como Beatles para Crianças (auto-explicativo), comandado por Fábio Freire e Gabriel Manetti; Cult Musical, apresentado por Antonio Afif (1950 – 2021) e que comentava produções em vinil; Bossa y algo más, produzi-

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 21 “Eu estava vindo para o Canadá para uma pós-graduação e, em 2009, surgiu a ideia de fazer um programa semanal para a rádio. Fui a primeira correspondente internacional e essa atividade jornalística me ajudou até no processo de busca de residência permanente e, depois, de cidadania. O programa chamava-se Volta ao Mundo e eu sempre buscava mostrar algum aspecto do Canadá, pouco conhecido no Brasil. O dia a dia, o urso chegando perto dos parques no verão, os pneus para neve, economia, política. Também procurava trazer a questão da comunicação, mostrando como o governo falava com a população ou a empresa com os clientes. Em um segundo momento, com a Covid e todo mundo isolado, foi uma forma de formar um grupo. Diferentemente da primeira experiência, já tinha internet, rede social, os amigos viam a gente. As pessoas estavam inseguras; foi uma forma de estar junto de amigos e saber como estava a situação em outros países.” Rosana Dias Lancsarix, mais conhecida no mercado de comunicação do Brasil como Rosana Dias, jornalista e ex-executiva de comunicação corporativa de empresas com Embraer e Fiat do no Peru por Eric Burgos, destacando músicos alternativos da nossa MPB; e Cine Cult Musical, produzido e apresentado por Laura Mendes, mesclando música e cinema. Em média, cada um desses programas durou de um a dois anos. Em outra linha de expansão, uma rede de correspondentes começou a se formar, tanto nacional, quanto internacionalmente. Profissionais de agências de comunicação localizadas no Brasil afora passaram a fazer parte da programação, como Marta Becker, no Rio Grande do Sul, e Admilson Resende, em Minas Gerais. Eles ajudaram a cobrir o Brasil, enquanto outros, expatriados – a exemplo de Valeria Café, presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, na França; Julio Gama, executivo de empresas como Bracell, Vale e Telefônica, quando na Ink de Miami (EUA); e Rosana Dias, desde o Canadá – passaram a responder pela cobertura internacional, que mais tarde foi intensificada por ocasião da pandemia, trazendo visão externa sobre a evolução da Covid mundo afora. O período da pandemia foi especialmente desafiador. Como muitos, os sócios da Mega Brasil torciam para que o isolamento social durasse poucas semanas, o suficiente para a realização do Congresso de Comunicação Corporativa, até 2020, realizado anualmente em maio. Às vésperas do evento, com patrocínios fechados, programação montada, mas sem nenhuma perspectiva de ser apenas um episódio de saúde pública que passaria rapidamente, tudo mudou para todo mundo. E o que vimos foi o início intenso das transmissões online de eventos, caríssimas.

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 22 Nó em pingo d´água “Chegamos a fazer até a cotação para tentar seguir a mesma receita que vinha sendo adotada pelo mercado. Mas o valor era maior do que o que tínhamos arrecadado com os patrocínios. Inviável”, recorda Marco. O momento parecia sem saída. Até que surgiu a ideia de usar a estrutura da rádio e o canal no YouTube para colocar o evento em pé. Fazer transmissão de um evento, afinal, não era novidade na casa, enfim, em síntese, era o mesmo que transmitir um programa, e isso a rádio já fazia há algum tempo. A questão era dar o aspecto de participação efetiva do público, sem se limitar a uma gravação simples; precisaria ser mais “quente”, trazendo calor e emoção a momentos como a entrega de prêmios ao vivo. Depois de momentos angustiantes, as nuvens começaram a se abrir. O evento foi ampliado de dois para 15 dias, com duas palestras a cada manhã e debates pré-gravados. Todo mundo em casa. Os palestrantes, no dia da transmissão, entravam ao vivo e a operação se encarregava de acompanhar o chat no YouTube para interação com o público, passando as questões aos palestrantes por WhatsApp. A entrega do prêmio foi um capítulo à parte. “Sou gaúcha de Bagé (RS), vim para Londres como correspondente do Valor Econômico e moro aqui há 26 anos. Nos últimos 15 anos, venho trabalhando com comunicação corporativa. Quando comecei, o Brasil estava bombando, nos anos Lula, grandes empresas brasileiras com presença mundial, como Petrobras, Odebrecht. Todos viraram meus clientes, porque precisavam trabalhar suas reputações no exterior por causa de mercados novos. Com a ideia de fazer um programa sobre o que estava acontecendo no meio da pandemia, descobrimos no processo a mudança no fazer jornalismo. Na prática, era uma conversa entre amigos, mas éramos todos jornalistas; conversávamos sobre as informações, as notícias na semana. Estávamos confinados em casa e descobrimos que tínhamos uma cobertura razoável. Foi importante também do ponto de vista pessoal, devido ao isolamento.” Maria Luiza “Cuca” Abbott, jornalista e consultora de comunicação estratégica Marco, no interior, seu braço direito (e esquerdo), Vitor Rocha, no comando em casa; cada finalista anunciado recebia uma ligação avisando para aguardar que o vencedor seria anunciado. Quando saía o nome, a chamada era aberta no WhatsApp para a TV e, no final, tudo deu certo. “Foi um desafio. Quando rodou a vinheta de abertura do Congresso, eu tive vontade de chorar. Pensei: a gente está conseguindo fazer uma coisa que até pouco tempo atrás podia representar o fim da nossa empresa, e a experiência da rádio foi importante nesse aspecto de sobrevivência”, diz Marco. Ao final, a pandemia trouxe inovações inesperadas. Um dos programas especiais da época foi o Causos da Comunicação Corporativa, com 12 episódios apresentados por Marco na viola, ele e Edu travestidos de caipiras, ouvindo causos engraçados de executivos da Comunicação Corporativa. Uma coisa inusitada. E uma das histórias mais engraçadas foi contada pela Malu Weber, vice-presidente de comunicação da Bayer e presidente do Conselho Deliberativo da Aberje, sobre o dia em que, repórter iniciante, ao perguntar ao guarda rodoviário o nome da pessoa que havia provocado o acidente, ouviu: “evadiu-se”. De caneta em punho, completou a pergunta: “Ok, mas qual é o sobrenome do Evadilce? “De vez em quando a gente bola uns especiais, bem diferentes”, diz Edu Ribeiro, lembrando também dos especiais de Natal, com executivos

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 23 “No começo dos anos 2000 morei em Brasília, como correspondente da ANSA, e como presidente local da Associação dos Correspondentes Estrangeiros fui convidado a participar de um dos congressos da Mega Brasil. Depois fui convidado a dar uma entrevista para o Marco, no programa Café Cultural, sobre um livro que escrevi a respeito da Primeira Guerra Mundial. Por último, veio o convite para participar do Conexão Internacional. Isso me ajudou porque escutávamos as realidades diferentes em forma pessoal. Podíamos compartilhar o que estávamos vivendo. Falar dos temores, as atitudes e reações dos governos. Era como uma válvula de escape de tensões do cotidiano. Aprendi muito, foi interessante trocar opiniões. O Brasil era a mosca branca. Com diferentes matizes, você via a seriedade dos governos para enfrentar [a pandemia] e conseguir a vacina. E o Brasil, com um governo anticientífico: um general no Ministério da Saúde. Um símbolo, para mim. Um grupo musical argentino, Le Luthier, tem uma música de paródia sobre uma ditadura latino-americana qualquer, e eles citam o caudilho, o político e o ministro da saúde é um soldado. Isso 30 anos atrás, e virou realidade no Brasil. Os amigos brasileiros estavam sofrendo. Por trás do lockdown, Boris Johnson, em Londres, e Alberto Fernández, em Buenos Aires, fizeram festinhas em residências oficiais. Sempre na mesma onda, com escândalos e abusos de poder.” Santiago Farrell, jornalista argentino e correspondente da agência italiana de notícias ANSA compartilhando suas receitas preferidas para a época natalina. Mais longevo, o Conexão Internacional, previsto inicialmente para durar um mês, ficou no ar dois anos. Além de Rosana Dias, conectava Maria Luiza Abbot, a Cuca, em Londres, no Reino Unido; José Gabriel Andrade, em Portugal, jornalista que se tornou professor por lá; Sandro Rego (1973-2023), que cobria o norte de Portugal e Espanha; e Santiago Farrel, correspondente da italiana Ansa, em Buenos Aires, na Argentina. As discussões abordaram a evolução da pandemia em todo o mundo, bem como questões políticas, econômicas e geopolíticas.

Rádio Mega Brasil Online – 20 anos 24 Programas que também fizeram parte da história da RA.M.B.O.: Programa Apresentação Papo Reto Rosenildo Ferreira After Job Mara Ribeiro Armadilhas da Liderança Leila Vanetti Arquivo Especial Geraldo Nunes Ação Comum, Comunicação Thaís Alves Beatles para Crianças Fábio Ferreira & Gabriel Manetti Boletim RadioAtividade Álvaro Bufarah Bossa y algo más Eric Burgos Café Intercom Jeniffer Cardoso & Marco Antonio Rossi Cenários Paulo Vieira Lima Cine Cult Musical Laura Mendes Comunicação e Crise Leila Vanetti Conexão Corporativa Thiago Ermano Conexão Internacional Marco Antonio Rossi, José Gabriel Andrade (Portugal), Maria Luiza Abbott (Reino Unido), Sandro Rego (Espanha), Santiago Farrell (Argentina) e Rosana Dias (Canadá) Programação atual Programa Apresentação Boletim JCC equipe Mega Brasil Café Cultural Sérgio Lapastina Carreira, substantivo feminino Priscila Santana & Juliana Ribeiro Comunicação S/A Marco Antonio Rossi Consumo em Pauta Angela Crespo Correspondentes Regionais agências da Rede Reputação & Influência Entrevista da Semana Marco Antonio Rossi Inclusive Rosa Buccino Leitura da Semana equipe Mega Brasil Making Of Regina Antonelli É Verdades Aline Dauroiz Visão OCI Carolina Correia e Manoel Marcondes Neto Nunca antes nesse país Ao longo de seus 20 anos, a RA.M.B.O. guardou essa característica de vanguardismo, ineditismo e criatividade. Foi assim que colocou em pauta temas que foram ganhando cada vez mais relevância. Da saúde mental ao trabalho feminino, do direito do consumidor ao meio ambiente. Vários programas contribuíram para a especialização de seus responsáveis em determinados temas. Só para dar uma ideia, vale colocar aqui a lista dos programas que atualmente estão no ar, bem como os que foram desativados – sem contar diversos especiais produzidos ao longo dos anos:

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