Jornal da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | Especial

DIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 32 O ano de 2020 está sendo de transformação, mas não de disrupção. Nada do tão falado novo normal ou que tais. O que a pandemia trouxe não foi uma revolução na maneira de nos relacionarmos ou lidarmos com a realidade. O que ela fez foi acelerar tendências e formatos que já estavam em andamento. Consumidores cada vez mais no controle de tudo, empresas precisando ser cada vez mais verdadeiras, sustentáveis e transparentes, experiências tendo que ser cada vez mais profundas... 2020 é um ano catalisador de transformações. E nada indica que a velocidade com que essas transformações ocorrem irá desacelerar. O que está em jogo é entender que a mudança será uma constante e construir, em cima delas, negócios que sejam flexíveis e adaptáveis a essa realidade mutante. Não é de agora que estamos em estado de transformação permanente. Basta ver as empresas, marcas e profissionais que eram referências de sucesso e simplesmente desapareceram. O fundamental é manter a capacidade crítica, não comprar verdades sem reflexão e, princi - palmente, não perder a humildade e o espírito de aprendiz. Nesse sentido, enxergo três tendências fortes e imediatas: a comunicação tornando-se core business para as empresas, finalmente alcan - çando um assento fixo nos conselhos das empresas mais bem-sucedidas; o advento da tecnologia na atividade de comunicação, de maneira intrínseca aos negócios; e um aumento da valorização das soft skills na vida dos profis - sionais de comunicação. Tão importante quanto estudar a parte técnica é desenvolver habilidades como atenção aos detalhes, resiliência, flexibilidade, inteligência emocional, autonomia e liderança. “Disciplinas” que não se aprendem na academia, mas na escola da vida. No fim, nada será como antes. Não pela pandemia, mas simplesmente porque ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio.  O ano da transformação Eduardo Vieira, Presidente, co-CEO da H+K Strategies Latin America e Sócio do WPP Foi uma pandemia que comprovou o valor estratégico da comunicação. Nossa resiliência, visão estratégica, capacidade de adaptação e de trabalhar com múltiplos e complexos cenários foram colocadas à prova – e triunfaram! Manter nossos públicos-alvo informados, engajados e motivados durante a pandemia foi o principal desafio num cenário de mudanças, incertezas, pressões profissionais e pessoais, panorama complexo e de infor - mações conflitantes para priorização e gerenciamento. E esse desafio mostrou-se ainda mais importante na comu - nicação com funcionários, contratados e terceiros, onde muitos trabalhavam remotamente pela primeira vez em suas carreiras e outros garantiam a continuidade da operação essencial em fábricas. Mesmo público, realidades e necessidades distintas. Uma ampla estratégia de comunicação com stakeholders -chave foi desenvolvida, fazendo uso das mais variadas ferramentas de comunicação, com diversas frentes de atuação ativadas, revisadas periodicamente de acordo com as mudanças de cenário: estratégia multicanal; preparação da liderança de pessoas; informação e conscientização; diálogo e reconhecimento; engajamento e motivação. Adaptamos estratégias, tons de voz, abordamos assuntos diversos como ergonomia, saúde mental, violência doméstica, dicas culturais, reflexões sobre o futuro etc.. Atuamos fortemente em ações de apoio às comunidades com as quais nos relacionamos. O distanciamento social nos fez enxergar o quanto precisamos uns dos outros, como é importante ser claro, empático e humano, como é valioso o saber e o compartilhar. A comunicação corporativa não tem mais como voltar ao que era. Conquistamos a transparência como principal legado. No fim do dia, comprovamos que clareza, humani - dade e simplicidade aproximam e conectam com todos os públicos. Muitas empresas precisaram do impacto de uma pandemia global, que igualou a todos em seus receios e incertezas, para valorizar o poder da comunicação. Cabe a nós, profissionais de comunicação da área, seguir nos rein - ventando e contribuindo nestes novos tempos.  A nova era da comunicação Eleni Gritzapis, Diretora de Comunicação Corporativa e de Crise na Dow Brasil Temos aqui visões complementares. De um lado, Edu Vieira , da H+K Strategies, relativiza o apocalipse das mudanças sob o argumento de que tudo já estava dado e houve apenas a aceleração de processos e procedimentos. Mas isso terá um desdobramento e é o que ele explica. De outro, Eleni Gritzapis , da Dow, enfatiza as boas coisas que chegaram com a crise e que mudaram a face da comunicação e dos profissionais. Uma mudança, segundo ela, sem volta.

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