Jornal da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | Especial

DIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL 6 No final de fevereiro, logo após o Carnaval, fui almoçar com um ex-executivo da Bolsa de Valores, amigo de longa data. O isolamento devido à pandemia e suas consequências ocorreriam apenas na segunda quinzena de março. Meu amigo descreveu um cenário de catástrofe por conta da China ter virado o “entreposto do mundo”, nas suas palavras. Na sua visão, que considerei um exagero, os laços econômicos da China espalhariam o vírus pelo mundo, provocando uma “greve dos caminhoneiros global”, na comparação que ele fez com o episódio ocorrido no Brasil em 2018. Quando a ficha caiu e notei que meu amigo estava ter - rivelmente certo, vi que o negócio que eu estava tocando havia apenas um ano corria perigo. Commeus sócios, nossa decisão foi reforçar os pilares da empresa desde sua criação: foco nos clientes, uso de dados para tomar decisões e um time com alta densidade de talentos. Deixamos os resultados de lado para oferecer nosso apoio aos clientes e à equipe e seus familiares. Em maio, nosso faturamento caiu, ante abril, para voltar a crescer de junho em diante. Estamos todos em home office , até dezembro, pelo menos, e contratamos para atender aos novos clientes. A comunicação corporativa voltou a ter relevância nessa crise, assim como o jornalismo. Eram duas atividades consideradas fora de moda pelas companhias diante da ascensão das redes sociais e do marketing digital. Não se trata de nostalgia de um jornalista experiente, como eu, mas de constatação. A audiência dos veículos tradicionais de mídia explodiu, as empresas de tecnologia e suas redes estão sob intenso escrutínio por patrocinadores, opinião pública e autoridades. Várias empresas foram à mídia para mostrar seu compromisso com a saúde pública. O saldo é que o livro-texto da comunicação saiu fortalecido, com um capítulo que não é tão novo assim, mas que ficou mais importante. A ciência de dados e a capacidade de analisar números e informações tornaram-se ferramentas essenciais. Intuição ajuda, mas não é tudo.  O ano em que vivemos em perigo Alcides Ferreira , Sócio-Diretor da Fato Relevante Sabemos que as áreas de comunicação corporativa têm papel fundamental na estratégia das organizações, mas mais do que nunca precisa ser vista como área elementar, e não mais apenas como a área da gestão de imagem em situações de crise. Em um momento como o que estamos, mais do que reputação, precisamos falar de conceitos como transformação do modelo de negócios, transparência, vulnerabilidade, compromisso, ética e inclusão. O ser humano no centro deixa de ser uma tendência para se tornar ponto estratégico e, quem tiver a capacidade de olhar para o humano, estará na dianteira da comunicação efetiva. Mais do que ressignificar valores e processos, os líderes passam a ter um papel ainda mais fundamental no exercício da comunicação, sendo não só influência direta para seus públicos internos, como também uma voz empoderada da empresa no ambiente externo. Ainda que os números e resultados sejam valorizados e ajudem a nortear o trabalho por meio de métricas que tornam tangíveis o trabalho de reputação feito no dia a dia, o imperativo será a voz do ser humano, das pessoas: são elas que passam a validar e dar endosso às marcas, pautadas por seus comportamentos corporativos, em ambientes digitais e offline. A questão agora é olhar para o propósito da organização e entender que legados estão sendo deixados. A autenticidade no comportamento corporativo será cada vez mais cobrada e fiscalizada pelo consumidor da marca, onde mais do que o storytelling , o que será levado em consideração será o storydoing . Não só o consumo passa a ser mais consciente, como a comunicação será cobrada para ser ainda mais legítima; entram os fatos e saem os posicionamentos. É a era da cumplicidade entre marca e consumidor.  Na Era de cumplicidade com o consumidor, sai o storytellinge entra o storydoing Priscilla Staell, Headde Comunicação Externa da Philip Morris Brasil Entender sua extensão, esquecer de momento os resultados e focar no essencial – clientes, colaboradores e seus familiares – foi a aposta da Fato Relevante na crise, como mostra aquiAlcides Ferreira . E para uma empresa cliente, como foi isso? Priscilla Staell, da Philip Morris, considera que a pandemia fez aflorar o sentido de humanidade das corporações e seus executivos, mexendo na lógica entre marca e consumidor.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=