4 Anuário Abipeças e Sindipeças Abipeças and Sindipeças Yearbook 2025 Na atualidade, a geopolítica mundial vem exigindo vigilância constante, diálogo intenso e maior concertação política. Da eclosão dos conflitos no Leste Europeu e na Faixa de Gaza ao paradoxo das ações protecionistas exaradas pelo governo americano, estamos experimentando o avanço da complexidade e dos desequilíbrios que em conjunto se apresentam. São crescentes os desafios para produzir de forma eficiente e rentável, todos sabemos. Em nosso setor, apresentam-se vertentes relacionadas à conectividade, aumento da segurança, transição e eficiência energética e, em um futuro não tão distante, veículos autônomos. Em adição, os novos modelos de negócio para atender o consumidor e a revolução tecnológica em curso lançam desafios importantes, sobretudo em um contexto local em que 44% dos domicílios de mais alta renda compraram/trocaram seus veículos em 2005, enquanto apenas 18% o fizeram em 2023. Nos confrontamos diariamente com essa realidade e práticas que eram eficazes até ontem podem não ser mais efetivas amanhã. Novas rodadas de consolidação devem acontecer no setor, em busca de aumentar os volumes e adquirir musculatura para enfrentar os vultosos – e necessários – investimentos em PD&I, digitalização, Inteligência Artificial, outras tecnologias etc. Compreendo que essa consolidação acontecerá em todos os níveis: OEMs, Tiers 1 e Tiers 2 e 3. Há no Brasil oportunidades que nos diferenciam do resto do mundo e nos dão condição de protagonizar os caminhos futuros. Em março, estive na reunião do G7, grupo formado pelas associações automotivas dos EUA (Mema), México (INA), Brasil (Sindipeças), Canadá (Apma), União Europeia (Clepa), Japão (Japia) e Índia (Acma). Naquela oportunidade tivermos a chance de apresentar o Brasil como uma economia de baixo carbono e matriz energética sustentável, o que nos torna excelente opção de investimento, além do potencial para as novas tecnologias de hidrogênio e biocombustíveis que já estamos desenvolvendo. A nova dinâmica mundial, provocada pela China, traz a necessidade de uma aproximação colaborativa entre essas associações e impõe que as empresas mundo à fora decidam estrategicamente onde produzir de forma sustentável, com menor pegada de carbono. Descarbonizar será fator de redução de custos, desde que a escolha por regiões/países para novos investimentos seja adequada. Nesses termos, em função de sua matriz energética limpa e sustentável, o Brasil reúne as condições para se posicionar na vanguarda desse processo. Ressalte-se, nesse sentido, que a compensação voluntária das emissões no setor automotivo deverá evoluir de forma acelerada, já que os preços da tonelada de carbono para compensação no Brasil se encontram em patamar baixo e a venda de créditos, principalmente após a regulamentação do mercado de créditos de carbono no Brasil (Lei nº15.042/2024), advindos da redução das emissões pela melhoria dos processos produtivos podem inclusive ser monetizadas em mercados internacionais, a preços vantajosos. Os desafios para 2025 são visíveis. Além dos ventos desfavoráveis vindos da geopolítica mundial, continuaremos enfrentando a acirrada concorrência dos veículos chineses – que correspondiam a 2,8% das vendas em 2023 e atingiram notáveis 8,8% em janeiro deste ano –, os obstáculos trazidos pela elevação dos juros e a volatilidade do câmbio, e as regulamentações de eficiência energética, segurança e emissões, que avançarão no caminho da mobilidade sustentável. A minha impressão é que, mais uma vez, o setor está pronto para enfrentar e superar esses desafios, guardando a confiança de que temos plenas condições de liderar o processo de descarbonização do planeta. Como afirmei em meu discurso de posse para um novo mandato até 2028: “Nunca sequer cogitamos a possibilidade de desistir de nossa histórica vocação de produzir e integrar a complexa e apaixonante cadeia de produção automotiva, enfrentando com resiliência todos os desafios do nosso caminho”. Palavra do Presidente A vanguarda do setor da mobilidade no Brasil Cláudio Sahad Presidente da Abipeças e do Sindipeças
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