Anuário ABLA | 2012

33 Anuário ABLA 2012 Artigo economistas têm se dedicado a encontrar a fórmula que revelaria a condição “suficiente” para a realização do desenvolvimento econômico. Após o término da Segunda Guerra Mundial o progresso tem sido lento e, de fato, ainda não sabemos se a fórmula existe e seria de aplicação universal. Mesmo com o aperfeiçoamento das estatísticas, a construção de infindáveis modelos, muita Matemática e Econometria (às vezes com uma pitada de História), depois de dois séculos e meio na busca do Graal (cuidadosamente escondido), temos resultados práticos pífios. Talvez tenhamos encontrado algumas condições “necessárias”, mas não muito mais do que Adam Smith já conhecia. Trata-se, contudo, do mais importante problema a ser esclarecido pela Economia. Afinal, por que na longa caminhada desde o neolítico até a segunda metade do século XVIII a produção per capita cresceu num ritmo extremamente baixo? Talvez uma armadilha malthusiana. E por que sofreu uma rápida transformação depois de 1750? Por que a partir dai pelo menos uma economia, a Britânica, foi capaz de capturar a energia dispersa em seu território (água, madeira e carvão), auto-organizar-se com instituições convenientes e dissipá-la, na produção de itens e serviços consumidos por uma população crescente. Há alguns anos, Gregory Clark (“A Farewell to Alms”, 2007) propôs uma interessante hipótese que continua gerando uma enorme literatura. A causa eficiente do desenvolvimento da Inglaterra teria sido a emergência de uma classe média, com seus valores de prudência, poupança e disposição para o trabalho. Clark reduz o foco do desenvolvimento da “qualidade das instituições” ou, pelo menos, sugere que diferentes “instituições” podem produzir o desenvolvimento econômico. A hipótese de Clark é compatível com a pesquisa de Acemoglu et. Al (2005) quando afirmam que os ganhos do comércio exterior apropriados pelas classes médias da Holanda e da Inglaterra foram a causa eficiente do seu desenvolvimento. A contra prova desse fato foi a estagnação de Portugal e Espanha, onde os mesmos efeitos foram apropriados por uma pequena elite. Os economistas têm, hoje, diante de si um novo e excitante momento. Infelizmente não existe (e provavelmente nunca existirá) a receita que nos diga qual é a condição “suficiente” para garantir o desenvolvimento econômico. Mas existem, sim, condições “necessárias” observadas na História e racionalizadas na Economia. Para nós brasileiros é muito bom saber que uma dessas condições é a existência de uma forte classe média. O que é preciso é aproveitar as novas oportunidades que se abrem à profissão para renovar o trabalho mais modesto de oferecer instrumentos para a boa governança dos Estados e a melhor alocação de seus recursos, sem o que não haverá desenvolvimento e não se afastará o risco das turbulências. Finalizando, precisamos recuperar a História, a Geografia, a Sociologia, a Psicologia, a Antropologia e usar mais modestamente a Topologia.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=