Revista Locação 97

18 LOCAÇÃO: O que está acontecendo hoje no mercado de locação norte-americano? CHRIS BROWN: O mercado aqui está aquecido, com gran- de demanda, mas poucos veí- culos para comprar. Isso acaba pressionando o preço das tarifas, que estão em alta. O setor de usados também está em alta, diante desse cenário. Os preços dos veículos usados no atacado subiram 8,3%. No acumulado, o aumento médio em um ano atingiu 54,3%. Com problemas no forneci- mento de veículos novos, cau- sado pela falta de suprimentos para a indústria automotiva, que não consegue retomar a produção em níveis pré-pan- demia, as locadoras não con- seguem renovar suas frotas. Não há veículos para comprar, em um nível de escassez nun- ca visto por aqui. Enquanto isso, a demanda pelos serviços é crescente, principalmente no rent a car, com a volta do turismo. Tamanha demanda faz com que, muitas vezes, não haja carros no pátio para serem alugados. No Havaí, começaram a alugar trailers. Isso nunca havia acontecido antes. As tarifas dispararam e alcançaram um pico histórico. Qual a previsão para o mercado voltar à normalidade? CB: É uma situação complica- da. Não há perspectivas muito animadoras. A temporada de verão aqui se aproxima, e muita gente vai fazer sua primeira viagem após a pandemia. Seria a hora de as locadoras renova- rem e ampliarem a frota. Mas a indústria automotiva não produz hoje o suficiente, em virtude da escassez de semicondutores, e prioriza o mercado final, em detrimento dos pedidos das locadoras. A situação é ainda mais preocupante na produção Entrevista A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA NÃO PRODUZ HOJE O SUFICIENTE, EM VIRTUDE DA ESCASSEZ DE SEMICONDUTORES, E PRIORIZA O MERCADO FINAL, EM DETRIMENTO DOS PEDIDOS DAS LOCADORAS de SUVs, utilitários e caminhões, onde o atraso pode levar meses. Muitos pedidos estão sendo can- celados ou prometidos apenas para o último trimestre do ano, estrangulando a operação das locadoras, exatamente quando elas estão precisando fazer frente à alta procura por seus serviços na pós-pandemia. Para efeito de compara- ção, no primeiro trimestre de 2020, antes da Covid-19, quando o mercado estava em um excelente momento, as montadoras nos Estados Uni- dos venderam quase 500 mil veículos para as locadoras. Po- rém, em abril do ano passado, veio a pandemia e os números despencaram. Então a melhor comparação seria pegarmos o primeiro quadrimestre do ano anterior. De janeiro a abril de 2019, essas vendas atingiram quase 700 mil carros. Agora, nos quatro primeiros meses de 2021, as locadoras consegui- ram comprar apenas 360 mil veículos, quase a metade do que vinha comprando. Acredito que esse quadro vai persistir pelo menos até o final do ano. Como as locadoras estão contornando esses problemas? CB: Elas estão administran- do a frota da melhor maneira possível, inclusive adquirindo veículos seminovos. Algumas delas descrevem esse momen- to como uma luta pelo ativo. Muitas se desfizeram de parte da frota no ano passado e agora precisam comprar para recompor a operação. A frota em operação já está sendo afetada? CB: Sim. Sem carros para comprar, a idade média da fro- ta deve subir. Já há levanta- mentos de algumas locadoras

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