Revista Locação 101

10 Capa TAKEDA: SETOR DE SERVIÇOS PODE TER CRESCIMENTO ACELERADO "UM CRESCIMENTO DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA EM TORNO DE 5% JÁ TERIA UM IMPACTO POSITIVO NO MERCADO" ENTRE VISÕES mais otimistas e as catastróficas, existe uma certeza sobre o futuro da economia: 2022 será um ano de recuperação. A atividade econômica continuará recuperando o terreno perdido para a pandemia. Resta saber em que ritmo esse processo se dará nos próximos meses. "O crescimento deste ano deve ser avaliado sob a perspectiva da pandemia. Porque 2021 foi um ano de elevada taxa de crescimento, 4,6%, com demanda, nem sempre com a devida oferta. Ocorre que a comparação do ano passado é com o ano de 2020, duramente afetado pelas restrições da pandemia. Em 2022, haverá um crescimento, mas o número não será próximo ao de 2021", avalia o economista Helcio Takeda, sócio da Pezco Economics. A percepção dele é um pouco mais otimista do que a média de mercado. "Aqui na Pezco trabalhamos com um crescimento do PIB de 1,5% em 2022, o que seria algo ligeiramente superior ao ritmo de crescimento pré-pandemia, cerca de 1,4%, entre 2017 e 2019", destaca. Outra visão, não tão otimista, é a do consultor econômico da FecomercioSP, Guilherme Dietze. Para ele, 2022 será "mais um ano de resultado muito aquém das expectativas ao longo deste terceiro ano de pandemia no Brasil" (leia a opinião completa na seção Fim de Papo). Em busca da recuperação – Segundo Takeda, dois grandes fatores contribuem para sua análise. Primeiro, a pandemia criou um desarranjo na oferta em vários setores, e agora esse terreno tende a ser recuperado. Isso deve ajustar o desequilíbrio entre oferta e demanda. "É esse movimento do mercado em busca de recuperação que está por trás da alta de preços, por exemplo, de veículos novos e seminovos. Os números das principais entidades desse setor mostram que falta oferta do produto. Isso está acontecendo também com outras áreas de serviço, que reduziram a oferta na pandemia, e agora vão aumentar", explica o economista. Para Takeda, as medidas de restrição, que reduzem mobilidade, não devem voltar. "O que parece provável é manutenção do rigor nos protocolos sanitários", acrescenta. O segundo fator apontado por ele como sustentáculo da recuperação econômica é a necessidade de as empresas recontratarem mão-de-obra. "A taxa de desemprego deve continuar em queda. Essas contratações continuarão, até porque o momento é propício para isso, uma vez que as empresas encontram mão-de- -obra com custos favoráveis", afirma Takeda. Um efeito desse movimento de contratação é a recuperação dos salários e do poder de compra, o que trará confiança ao mercado. O novo comportamento cria um ciclo virtuoso. Assim, a inflação que pressionou muito nos últimos meses seguirá alta, mas recuará em 2022, em função dessa aguardada retomada. A inflação vai cair dos dois dígitos (10%) para algo em torno de 7% em meados de 2022, podendo chegar a 6,5% no final do ano, números compatíveis com uma economia aquecida. No entanto, alerta Takeda, com a perspectiva de economia aquecida, o governo deve seguir com medidas para evitar o descontrole da inflação, como aumentos adicionais na taxa de juros pelo Copom.

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