Revista Locação 101

A n o X I X | # 1 0 1 | 2 0 2 2 | M A R Ç O / A B R I L Preço dos combustíveis vai permanecer em alta HORA DE DEC O L AR Ana Renata Navas analisa demanda e oferta de seminovos Entregas via aplicativos estimulam locação de motos Empresas miram sustentabilidade com frota de caminhões elétricos Conflitos internacionais complicam cenário, mas a retomada em meio à pandemia já é realidade no horizonte

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3 Editorial Boa leitura! CHEGAMOS a março de 2022 com muita expectativa sobre a superação da pandemia, que já completa dois anos e segue impactando a economia global. Especialistas científicos evitam afirmar que a situação esteja sob controle e logo a população possa abandonar os protocolos sanitários. Mas alguns setores, como o de serviços, demonstram otimismo. A falta de semicondutores, um reflexo direto do desarranjo que a proliferação do novo coronavírus provocou na cadeia da indústria automotiva, segue como um desafio. A resiliência das locadoras brasileiras será mais uma vez colocada à prova. Essas são algumas das impressões que esta edição da Revista Locação colheu, no intuito de traçar um cenário para a economia brasileira em 2022, particularmente em temas que afetam diretamente o negócio das locadoras. Ouvimos os economistas para saber como devem se comportar o câmbio, a taxa de juros, o nível de emprego e a inflação nos próximos meses. No meio do caminho, eclodiu no leste europeu o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, embaralhando as previsões. No entanto, mesmo com essa sombra que vem do Exterior, permanece a ótica do otimismo moderado, que deverá ser a tônica na economia brasileira, neste ano de eleições. Há porém quem discorde dessa visão mais confiante na retomada, como mostramos ao final, na seção Fim de Papo. Importante confrontar opiniões para tirarmos nossas próprias conclusões. O caminho para a recuperação está posto e será árduo para as locadoras. Elas continuam enfrentando dificuldades impostas pela pandemia, como a escassez de carros novos, a alta no preço dos ativos e as tarifas defasadas. É preciso estar atento a oportunidades de mercado, à aplicação da tecnologia no ambiente de negócios e aos benefícios que são oferecidos no âmbito associativo, por meio da ABLA. A edição 101 traz várias abordagens desses assuntos para elucidar a realidade empresarial, inspirando as locadoras a evoluírem e se tornarem mais competitivas. O CAMINHO DA RECUPERAÇÃO

4 ANO XIX | No 101 | MARÇO / ABRIL | 2022 8 CAPA Perspectivas para a economia em 2022 foto: Rudragos/Pixabay 18 CENÁRIO Otimismo moderado da indústria automotiva 20 MERCADO Delivery estimula aluguel de motos e inspira as locadoras que oferecem a experiência de dirigir modelos com mais cilindradas 23 FROTA Pesados e elétricos: ganhando espaço na locação 7 NA FRENTE Os 45 anos da ABLA 13 ENTREVISTA Ana Renata Navas, da Cox Automotive, fala sobre a expectativa de comportamento de novos e seminovos em 2022 16 PESQUISA Levantamento da ValeCard aponta para preços elevados dos combustíveis

5 23 FROTA Use o leitor QR Code do seu smartphone para acessar o site da ABLA 44 POR DENTRO 13 ENTREVISTA 34 COMUNICAÇÃO O Instagram como aliado na divulgação das locadoras 36 REGIONAL Força-tarefa contra a apropriação indébita no Rio Grande do Norte 37 SAÚDE Estamos perto de superar a pandemia? 38 BRASIL VIAGEM Na esquina do país, o litoral potiguar tem muitas atrações para serem descobertas com carro alugado 44 POR DENTRO BYD Tan EV, um SUV totalmente elétrico 46 FIM DE PAPO Grandes desafios da economia para 2022, por Guilherme Dietze 28 BENEFÍCIOS Tecnologia antifraude disponível para associados 30 PÍLULAS DE GESTÃO Os cursos on-line da UNIABLA 32 PUBLI Serpro ajuda a combater a clonagem de veículos

6 EXPEDIENTE CONSELHO GESTOR Marco Aurélio Gonçalves Nazaré (Presidente do Conselho Nacional), Jacqueline Moraes de Mello (Vice-Presidente do Conselho Nacional), Carlos César Rigolino Junior, Dirley Ricci, Lusirlei Albertini, Paulo Miguel Junior, Saulo Tomaz Froes e Tercio Gritsch. CONSELHO GESTOR (SUPLENTES) Eduardo Correa, Eladio Paniagua Junior, Kleiton Aguiar, Miguel Ferreira Jr, Nildo Pedrosa e Renato Franklin. CONSELHO FISCAL Alvani Laurindo, Amadeu Oliveira, Marconi Dutra e Paulo Bonilha Junior. CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Ricardo Zamuner e Sidnei Reche. CONSELHO CONSULTIVO Adriano Donizelli, José Zuquim Militerno, Paulo Gaba Junior e Paulo Nemer. COORDENAÇÃO GERAL Olivo Pucci e Francine Evelyn. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS LOCADORAS DE AUTOMÓVEIS – ABLA www.abla.com.br / email: abla@abla.com.br São Paulo: Rua Estela, 515 – Bloco A – 5º andar – CEP 04011-904 – (11) 5087.4100. Brasília: SAUS Quadra 1 – Bloco J – edifício CNT sala 510 – 5º andar – Torre A – CEP 70070-010 – (61) 3225-6728. COORDENAÇÃO EDITORIAL Em Foco Comunicação Estratégica E-mail: revista@abla.com.br | (11)3819-3031 Editor: Nelson Lourenço [MTB 22.899] Textos: Carolina Maia, Aurea Figueira e Nelson Lourenço www.agenciaemfoco.com.br ARTE: Estúdio Mirador Direção de arte: Leandro Cagiano www.estudiomirador.com.br A Revista Locação não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos assinados. Permitida a reprodução das matérias, desde que citada a fonte. SIGA NO INSTAGRAM @ABLABRASIL SIGA-NOS NO TWITTER TWITTER.COM/ABLA_BR CURTA NOSSA PÁGINA FACEBOOK.COM/ABLABRASIL INSCREVA-SE NO YOUTUBE @ABLABRASIL

7 Na Frente NO DIA 30 DE MARÇO, a ABLA — Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis — completa 45 anos de atividade. Ao longo dessas quatro décadas e meia, a entidade se fortaleceu e se consolidou como representante de um segmento que se expande ano após ano, com geração crescente de empregos e divisas para o país. A defesa de um mercado competitivo e sintonizado com as modernas práticas de gestão e tecnologia sempre foram bandeiras da ABLA. Outra frente a que a associação se dedica desde a sua origem é a disseminação da cultura da locação de veículos, uma tendência que está sendo cada vez mais incorporada aos hábitos e ao comportamento do brasileiro. Hoje, a locação de veículos está envolvida com algumas das principais discussões que afetam a sociedade brasileira — como a mobilidade urbana, a acessibilidade, as medidas sanitárias de controle da pandemia, a eletrificação do transporte, a defesa do meio ambiente, a segurança no trânsito e a excessiva tributação —, tendo a ABLA como principal interlocutora do setor em todas essas questões. Em sua atuação, visando o fortalecimento do mercado e de seus associados — locadoras de todos os portes, espalhadas por todo o país, com um enorme grau de capilaridade no território nacional —, a ABLA participa de vários fóruns empresariais relevantes, estreitando parcerias com entidades que são referência em segmentos relacionados à locação, tais como as do setor automotivo e do turismo. A ABLA tem experimentado um contínuo processo de modernização, com vistas a melhorias em suas gestões e na ampliação de sua representatividade, em benefício do associado. A pandemia trouxe novos desafios para a associação, que, atenta às necessidades das empresas que atuam no setor, soube responder às demandas de um novo cenário, articulando mecanismos que permitissem à atividade de locação de veículos permanecer sólida, mesmo diante de uma realidade atípica para o aluguel de carros. ABLA COMPLETA 45 ANOS

8 SUPERAR OS Conflitos internacionais complicam o cenário, mas a retomada já é realidade no horizonte dos economistas Capa OBSTÁCULOS PARA crescer

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10 Capa TAKEDA: SETOR DE SERVIÇOS PODE TER CRESCIMENTO ACELERADO "UM CRESCIMENTO DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA EM TORNO DE 5% JÁ TERIA UM IMPACTO POSITIVO NO MERCADO" ENTRE VISÕES mais otimistas e as catastróficas, existe uma certeza sobre o futuro da economia: 2022 será um ano de recuperação. A atividade econômica continuará recuperando o terreno perdido para a pandemia. Resta saber em que ritmo esse processo se dará nos próximos meses. "O crescimento deste ano deve ser avaliado sob a perspectiva da pandemia. Porque 2021 foi um ano de elevada taxa de crescimento, 4,6%, com demanda, nem sempre com a devida oferta. Ocorre que a comparação do ano passado é com o ano de 2020, duramente afetado pelas restrições da pandemia. Em 2022, haverá um crescimento, mas o número não será próximo ao de 2021", avalia o economista Helcio Takeda, sócio da Pezco Economics. A percepção dele é um pouco mais otimista do que a média de mercado. "Aqui na Pezco trabalhamos com um crescimento do PIB de 1,5% em 2022, o que seria algo ligeiramente superior ao ritmo de crescimento pré-pandemia, cerca de 1,4%, entre 2017 e 2019", destaca. Outra visão, não tão otimista, é a do consultor econômico da FecomercioSP, Guilherme Dietze. Para ele, 2022 será "mais um ano de resultado muito aquém das expectativas ao longo deste terceiro ano de pandemia no Brasil" (leia a opinião completa na seção Fim de Papo). Em busca da recuperação – Segundo Takeda, dois grandes fatores contribuem para sua análise. Primeiro, a pandemia criou um desarranjo na oferta em vários setores, e agora esse terreno tende a ser recuperado. Isso deve ajustar o desequilíbrio entre oferta e demanda. "É esse movimento do mercado em busca de recuperação que está por trás da alta de preços, por exemplo, de veículos novos e seminovos. Os números das principais entidades desse setor mostram que falta oferta do produto. Isso está acontecendo também com outras áreas de serviço, que reduziram a oferta na pandemia, e agora vão aumentar", explica o economista. Para Takeda, as medidas de restrição, que reduzem mobilidade, não devem voltar. "O que parece provável é manutenção do rigor nos protocolos sanitários", acrescenta. O segundo fator apontado por ele como sustentáculo da recuperação econômica é a necessidade de as empresas recontratarem mão-de-obra. "A taxa de desemprego deve continuar em queda. Essas contratações continuarão, até porque o momento é propício para isso, uma vez que as empresas encontram mão-de- -obra com custos favoráveis", afirma Takeda. Um efeito desse movimento de contratação é a recuperação dos salários e do poder de compra, o que trará confiança ao mercado. O novo comportamento cria um ciclo virtuoso. Assim, a inflação que pressionou muito nos últimos meses seguirá alta, mas recuará em 2022, em função dessa aguardada retomada. A inflação vai cair dos dois dígitos (10%) para algo em torno de 7% em meados de 2022, podendo chegar a 6,5% no final do ano, números compatíveis com uma economia aquecida. No entanto, alerta Takeda, com a perspectiva de economia aquecida, o governo deve seguir com medidas para evitar o descontrole da inflação, como aumentos adicionais na taxa de juros pelo Copom.

11 Capa com a desaceleração na alta dos preços. Com esse cenário, o risco de inadimplência é menor. Para o setor automotivo, a Pezco trabalha em cima da expectativa da Anfavea, que projeta um crescimento de 9% na produção, o que seria um ritmo forte. "Mas ainda existem incertezas, como a crise dos semicondutores. Então acreditamos que um índice mais realista seria em torno de 4,55-5%, o que já teria um impacto positivo no mercado. Na pior das hipóteses, isso seria suficiente para manter os preços nos atuais patamares, evitando novos aumentos", comenta Takeda. Takeda lembra que o risco político é o grande elemento de incerteza em 2022. "É difícil antecipar o desfecho das eleições. Porém, o comportamento do mercado financeiro sinaliza que existe um risco, que deve ser monitorado, mas não deve se caracterizar por ruptura e revisão das reformas já feitas", observa ele. n GUILHERME: UM ANO AQUÉM DAS EXPECTATIVAS "HAVERÁ CONDIÇÕES MAIS FAVORÁVEIS PARA O ACESSO AO CRÉDITO. MAIS CONFIANÇA E MENOS CAUTELA" O conflito da Rússia com a Ucrânia embaralhou um pouco as previsões dos especialistas para 2022. A pressão sobre a taxa de câmbio é um dos efeitos externos aguardados pelos economistas, assim como a elevação do custo dos combustíveis. "Potencializada pela alta do câmbio, uma disparada no preço do petróleo deve fazer subir ainda mais o preço dos combustíveis. É provável que isso tenha reflexos sobre a próxima decisão do Copom de aumentar a taxa de juros em março", avalia a equipe da GO Associados, liderada pelo professor da GV Gesner Oliveira. No início de março, com a guerra em andamento, a cotação do barril de petróleo superava os US$ 110, o maior valor já registrado nos últimos oito anos. A solução momentânea era o aumento da produção por parte de outros países, prometida pela OPEP, Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Gesner considera o conflito na Ucrânia um choque adverso que, naturalmente, terá impactos e poderá amortecer o crescimento. Antes dessa crise, a previsão da GO para a expansão do PIB em 2022 era de 1%. A indústria também poderá ser afetada com a escassez de insumos, como o aço (Rússia e Ucrânia são grandes produtoras de minério). Se a guerra se prolongar, projetos de investimentos podem ser postergados. EFEITOS EXTERNOS "Se as condições de oferta realmente se recuperarem, a tendência é que a avaliação de risco feita pelos bancos será revisada de acordo com o novo ambiente. Em resumo, haverá condições mais favoráveis para o acesso ao crédito. Mais confiança e menos cautela. Mais crédito, mas a um custo maior, em função do aumento na taxa Selic", pondera o economista. Na sua opinião, a dinâmica do mercado favorece a recuperação do poder de compra,

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13 Entrevista diretora geral no Brasil da Cox Automotive, grupo dono da consultoria automotiva Kelley Blue Book (KBB) é a entrevistada desta edição. Ela aborda aqui as perspectivas do mercado automotivo em 2022, em especial o segmento de usados. FOTO: ARQUIVO PESSOAL DEMANDA POR NOVOS E USADOS CONTINUA EM ALTA ANA RENATA NAVAS

14 REVISTA LOCAÇÃO – Qual a previsão da Cox para o mercado de usados nos próximos meses? Será um 2022 muito parecido com 2021? ANA RENATA – A gente está ainda vivendo uma fase complicada. Com a pandemia, o mercado de usados apresentou grandes transformações. Houve uma paralisação mundial na indústria, não apenas na automotiva. O que aconteceu é, de certa forma, algo que seria impensável para muitos que acompanham esse mercado. Foi uma mudança estrutural. O mercado automotivo no Brasil gira em torno de 20 milhões de veículos por ano e a maior parte desse volume, cerca de 80%, é formada por usados. Os dois segmentos estão unidos, o mercado de novos alimenta o de usados, na medida em que estes são dados como entrada na compra dos novos. Seminovos, com até três anos de uso, chega a ser um negócio maior do que o de novos nas concessionárias. É uma unidade de negócios que, muitas vezes, fatura ou sustenta mais a operação do que os novos. Então é muito importante se atentar para a recuperação desse segmento. Ocorre que tudo está interligado. Com a falta de produção de carro zero, a indústria deixa de abastecer a concessionária. Assim, o estoque da concessionária fica em baixa, e o mercado recorre ao seminovo para atender à demanda não-suprida pelos novos, como alternativa. Com o aumento na procura dos carros, maior do que o normal, os preços subiram abruptamente, e esse cenário continua o mesmo neste ano, porque as fábricas já adiantaram que não conseguirão voltar rapidamente aos patamares de produção pré-pandemia. Alguns analistas acreditam que isso só ocorrerá em 2024. Mesmo que as fábricas retornem com força máxima e em três turnos, não será possível atingir a produção de antes da pandemia, pois faltam componentes, principalmente semicondutores. Os microchips usados pela indústria automotiva são os mesmos comprados pela indústria eletroeletrônica. Elas brigam pela mesma matéria- -prima, o que explica a escassez. RL: E o mercado brasileiro não está imune a isso, correto? Qual a perspectiva de retomada no mercado interno? AR – O mercado brasileiro é, de fato, muito resiliente. Pode ser que haja uma recuperação mais rápida. A própria Anfavea conta com um crescimento em 2022, ainda que modesto. Os primeiros sinais disso já foram observados. Temos uma população compradora de veículos, muito ativa. O Brasil recuperou sua sede de compra de carros rapidamente, mas falta carro. A aguardada normalidade no abastecimento do novo terá um impacto em toda a cadeia. No entanto, ainda estamos longe de recuperar a média de 3,5 milhões de veículos por ano que a gente já produziu. De qualquer forma, as montadoras estão se estruturando para a retomada. Entre as previsões apocalípticas e as mais otimistas, eu arriscaria que as vendas do mercado automotivo possam crescer entre 9% e 9,5% este ano, incluindo novos e seminovos. RL – Qual é o papel das locadoras nessa equação? AR – Com suas frotas, as locadoras são um elemento muito importante para abastecer o mercado de usados, mas hoje, como todo mundo, enfrentam dificuldade para adquirir ativos. Falta carro zero no mercado. Portanto, hoje o inventário das locadoras tem uma tendência a ser alongado. As locadoras não podem se desfazer de seus seminovos sem ter a contrapartida de comprarem veículos novos, sob pena de não conseguirem alugar. Nesse momento de escassez de novos, é preciso gerir a frota de maneira estratégica para equalizar o que pode ser liberado para desmobilização e o que fica para o aluguel diário. RL – A oferta de crédito preocupa? AR – Sim, o crédito é uma das preocupações. O nível de financiamento dos veículos ainda é baixo no Brasil: 30% apenas, considerando que metade dos novos é financiada e somente 25% dos usados são adquiridos com a ajuda do financiamento. Os bancos preferem não correr risco. Eles deveriam oferecer novos modelos de contratação de crédito. E a entrada de novas instituições financeiras no mercado é bem-vinda. Entrevista "TEMOS COMPRADORES, MAS NÃO TEMOS CARROS. TAMBÉM FALTA FINANCIAMENTO"

15 O potencial de crescimento é enorme. A gente tem 20 milhões de veículos sendo comercializados a cada ano, e um volume considerável que fica de fora dessa conta, não gira, pois o comprador não tem o dinheiro à vista e nem acesso a crédito junto aos bancos de varejo. Em linhas gerais, o que houve não foi um cancelamento das compras, e sim um adiamento. A demanda permanece. Temos compradores, mas não temos carros. Também falta financiamento. O crédito está mais caro. Com tudo isso, quem puder se preparar em meio a esse cenário e se abastecer, deve aproveitar o momento. RL – Os preços dos carros continuarão subindo? AR – Alguns carros subiram 35% de 2020 até aqui, mas chegamos a um limite. O mercado comprador não está mais absorvendo esses reajustes. Não cabe mais no bolso. Quem pretende financiar o veículo também não tem como arcar com valores maiores no parcelamento. Os bancos precisam ter a habilidade de conciliar preço, spread, riscos e a capacidade de pagamento do comprador para não paralisar o mercado. E os próprios bancos de montadora precisam desempenhar um papel para que a compra de um veículo novo seja algo acessível. RL – O comércio on-line de veículos, que ganhou força na pandemia, continuará sendo uma tendência? AR – Esse é um caminho sem volta. Não é mais uma opção para a concessionária ser ou não ser on-line. O brasileiro já adotou a compra on-line em todos os setores de consumo, ele gosta de tecnologia. Toda empresa precisa estar preparada para o mundo on-line, repensando o negócio para atender o cliente no universo digital. A resposta do cliente nesse universo é imediata, ele está aberto para isso. Hoje, já é possível realizar uma operação de venda de veículo 100% digital, inclusive com o financiamento. O mesmo é válido para as locadoras, que precisam comprar e vender seus veículos. RL – O carro popular é coisa do passado? AR – Conforme falei, o brasileiro busca tecnologia. Ele quer se conectar, ter um ambiente multimídia, usar as facilidades tecnológicas a partir do carro. E isso encarece o custo do veículo. Assim, não existe carro popular no Brasil há pelo menos cinco anos. Qualquer carro de entrada aqui começa hoje a partir de R$ 50 mil. E esse é também um caminho sem volta. A montadora tende a investir cada vez mais em tecnologia aplicada ao uso do carro. Carros conectados, moderninhos e com design que agrade o brasileiro demandam investimento. RL – E com relação aos elétricos? Chegou finalmente a vez deles? AR – A venda de veículos elétricos no ano passado cresceu bastante. Mas foi um crescimento em cima de uma base que é muito pequena. Existe demanda, mas ainda é um veículo muito caro para o brasileiro. O mercado ainda aguarda modernizações e avanços em infraestrutura para que o dono de um veículo elétrico ou eletrificado possa abastecer e ter autonomia com o carro. RL – A saída da Ford como fabricante do Brasil pegou o mercado de surpresa. Existe o risco de novas movimentações como essa? AR – Não, a saída da Ford foi motivada por questões administrativas, não em função do mercado. O Brasil é um mercado atrativo para qualquer montadora, riquíssimo e com grande potencial. Outras marcas, como a General Motors, estão anunciando investimentos bilionários no país. RL – Se pudesse dar um recado final para as locadoras, qual seria essa mensagem? AR – As locadoras precisam adotar o modelo de parceria com os lojistas, que ainda veem a locadora como ameaça. É preciso pensar mais na parceria, em vez de encarar a relação como de concorrência. Olhar não só a árvore, e sim olhar para a floresta inteira. n Entrevista "COM O AUMENTO NA PROCURA DOS CARROS, MAIOR DO QUE O NORMAL, OS PREÇOS SUBIRAM ABRUPTAMENTE"

16 Pesquisa SEM REFRESCO NO PREÇO DA GA$OLINA Projeção da ValeCard aponta para evolução dos valores praticados nas bombas de combustíveis

17 Pesquisa UM LEVANTAMENTO feito pela ValeCard (empresa especializada em gestão de frota) para a projeção do preço da gasolina em 2022 revela que o combustível voltará a subir. Ainda segundo a análise, em setembro a gasolina deve atingir o preço médio mais alto. Segundo José Geraldo Ortigosa, CEO da ValeCard, o grande influenciador do preço do combustível é o dólar. "Nossa projeção levou em consideração a previsão do dólar e a formação do preço do combustível, levantamentos realizados pelo Banco Central e pela Petrobrás, respectivamente", afirma o executivo. Assim como em 2021, a expectativa do mercado é de que o real continue desvalorizado frente ao dólar, e a diferença deve aumentar ainda mais a partir de abril. O CEO da ValeCard destaca que, como o valor do barril de petróleo é pautado pela moeda americana, todos os custos e produção e distribuição da gasolina são impactados com a alta do câmbio. De acordo com o último levantamento do Índice de Preços Ticket Log (IPTL), os postos de combustíveis apresentaram estabilidade no valor médio da gasolina somente até os primeiros dias de fevereiro. O combustível fechou o período a R$ 6,868, valor 0,09% mais baixo em comparação com o fechamento de janeiro. Já o etanol registrou baixa de 1,53% em relação ao mês anterior, e fechou a R$ 5,670. "Também devemos ficar atentos aos reflexos das tensões internacionais que tendem a impactar o comportamento do preço dos combustíveis aqui no país nos próximos dias”, destaca Douglas Pina, head de Mercado Urbano da Edenred Brasil. “Na análise sobre o combustível mais vantajoso para abastecimento, segundo a relação 70/30, também houve uma mudança no comportamento. No fechamento de janeiro, o etanol se apresentava como uma opção mais favorável apenas para Goiás. Já neste último levantamento, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso também tiveram o combustível como uma opção mais econômica para abastecimento. A gasolina é considerada a opção mais vantajosa para o restante dos estados, exceto para o Amapá, onde não foi possível analisar”, conclui Pina. n ORTIGOSA: O CÂMBIO TEM GRANDE IMPACTO NO PREÇO DA GASOLINA PINA: ATENÇÃO AOS REFLEXOS INTERNACIONAIS

Cenário FALTA DE VEÍCULOS NOVOS SEGUE IMPACTANDO AS LOCADORAS Dificuldades no fornecimento prosseguem, mas Anfavea e Fenabrave aguardam um 2022 melhor do que o ano passado PROCURA ACIMA da oferta, preços em alta para veículos novos e seminovos e até mesmo a falta de alguns modelos para adquirir. O cenário enfrentado pelas locadoras em 2021 pouco mudou no começo deste ano. A esperança é que a indústria automotiva retome aos poucos o nível de produção pré-pandemia. A Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, prevê uma discreta melhora em 2022. Segundo a entidade, no ano passado já houve uma leve recuperação, apesar da crise global de componentes eletrônicos. “Essa falta de componentes provocou diversas paralisações de fábricas ao longo do ano, levando a uma perda estimada em 300 mil veículos. Para este ano, a previsão ainda é de restrições na oferta desses materiais, mas num grau inferior ao de 2021, o que projeta mais um degrau de recuperação”, afirma o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes. “Temos uma indústria resiliente, que trabalhou de forma intensa para mitigar perdas e manter investimentos em produtos. Para 2022, apesar das turbulências econômicas e do ano eleitoral, apostamos numa recuperação de todos os indicadores da indústria, que poderiam ser ainda melhores se MORAES, DA ANFAVEA: A FALTA DE SEMICONDUTORES É UM TESTE PARA A RESILIÊNCIA DA INDÚSTRIA

19 Cenário indicadores promissores. A entidade atribuiu ao contexto essa largada com o freio de mão puxado. Historicamente, o primeiro bimestre tem as piores médias de vendas de veículos no ano, devido às paradas nas fábricas e feriados. Os impactos da variante ômicron sobre a força de trabalho também contribuíram para o resultado aquém do esperado. Em janeiro, a produção de veículos atingiu 145,4 mil unidades e foi 27,4% inferior à de janeiro de 2021. O presidente da Anfavea também alerta para o fato de que a indústria automobilística começa 2022 lidando com o novo sistema do Registro Nacional de Veículos em Estoque, o Renave, idealizado para desburocratizar e trazer maior segurança ao processo digital de licenciamento. Segundo ele, a curva de aprendizado de todos os agentes envolvidos nessa operação da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) atrasou alguns licenciamentos de veículos vendidos em janeiro, mas a situação já está normalizada. Moraes ainda aposta numa boa reação do mercado para este ano, apesar de um primeiro mês frustrante. “Os problemas causados pela ômicron deverão ser amenizados nos próximos dois meses, permitindo um quadro mais próximo da normalidade em todas as atividades. Não teremos todos os semicondutores que precisamos este ano, mas o nível de escassez será menor que em 2021. O único sinal de alerta é para a alta dos juros acima do que era esperado, o que pode desaquecer o mercado, caso não haja contrapartidas que tragam algum alívio para o orçamento dos consumidores”, disse o dirigente. Na Fenabrave, Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, o clima também é de otimismo moderado. O presidente da entidade, José Maurício Andreta Jr., diz que 2021 terminou com crescimento superior a 10,5%, considerando os emplacamentos de todos os segmentos automotivos. “Foi positivo, mas aquém do estimado inicialmente, em torno de 16%”, observa ele. Andreta acredita que 2022 será um ano ainda mais desafiador. “Teremos eleições e a projeção para o PIB é próxima de zero. Há que se considerar também os reflexos do aumento das taxas de juros, que impactarão os financiamentos. Projetando que a regularização da oferta dos componentes para a produção deva ocorrer a partir do segundo semestre, é possível estimar um crescimento global de 5,2% para todos os segmentos automotivos e de 4,4%, se considerarmos, apenas, automóveis e comerciais leves”, completa. n houvesse um ambiente de negócios mais favorável e uma reestruturação tributária sobre os produtos industrializados”, acrescenta Moraes. Em fevereiro, ao fazer o comparativo dos últimos 12 meses e avaliar o desempenho do primeiro mês do ano, a Anfavea não apresentou JOSÉ MAURÍCIO, DA FENABRAVE: EXPANSÃO COMEDIDA

@HONDA/DIVULGAÇÃO

Mercado DE OLHO NO DELIVERY Locadoras aumentam aquisição de motos em função do aumento de demanda por esses veículos para serviços de entrega A PANDEMIA MUDOU consideravelmente os hábitos de consumo do brasileiro, favorecendo o e-commerce (comércio baseado em vendas on-line). O aumento do volume de entregas de produtos adquiridos via internet faz com que haja um esforço maior para fazer a distribuição dessas mercadorias. Isso explica o bom momento das motocicletas (e também dos caminhões: leia a matéria a seguir, na seção Frota). Além disso, a necessidade de distanciamento social favoreceu o hábito de se encomendar refeições para o consumo doméstico, o chamado serviço de delivery. Todo esse cenário faz com que a locação de motocicletas surja como mais uma oportunidade de negócio. De acordo com levantamento feito pela ABLA, com base em números do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), em 2021 foram adquiridas 7.737 motos por locadoras, a maior compra anual desse tipo de veículo da história do setor. Além disso, podemos notar o crescimento expressivo da frota de motos entre as locadoras. Antes da pandemia, ao final de 2019, as empresas detinham um total de 8.093 motocicletas na frota — número que deu um salto para 16.303 ao final de 2021. Durante a pandemia a locação de motos deixou de ser apenas uma tendência para se transformar numa realidade. A grande maioria dessas motocicletas adquiridas pelas locadoras nos últimos meses é formada por modelos de baixa cilindrada, os mais utilizados pelo pessoal que trabalha nos serviços de entrega. Ao se dedicarem a esse nicho, as locadoras terão a concorrência — ou a parceria — de startups que começam a surgir para oferecer a moto alugada aos entregadores que não possuem o veículo e querem ter renda com essa atividade. É o caso da Mottu, que funciona a partir de aplicativo próprio, e oferece uma moto padrão para o aluguel (hoje, são mais de mil unidades disponíveis). MODELOS HONDA BIZ: ENTRE OS MAIS ACESSÍVEIS NO MERCADO, QUE PREFERE AS MOTOS DE BAIXA CILINDRADA PARA AS ENTREGAS

22 Mercado A locação de motos tem como público-alvo, além de pessoas e empresas que trabalham com delivery, também usuários que procuram a experiência de pilotar motos de alta cilindrada, para lazer ou viagens. Nesse segmento, a montadora líder de vendas para locadoras em 2021 foi a BMW. Porém, a pesquisa da ABLA mostrou que praticamente 90%das compras das locadoras foramdemodelos de baixa cilindrada, voltados principalmente ao atendimento daqueles que procuram a locação para trabalhar. Nesse segmento, a Honda (7.124 unidades) liderou com folga as vendas para locadoras em 2021, seguida pelos modelos da Yamaha (398). Evelyn Lima, gerente de marketing da locadora Roxmoto, confirma que a procura continua ALUGUEL DE EXPERIÊNCIA TAMBÉM ESTÁ EM ALTA em alta. Especializada na locação das chamadas “motos de luxo”, na comparação entre 2020 e 2021 a empresa viu seu faturamento subir em 92%. “Em número de clientes, fechamos 2019 com 389 contratos, crescemos para 434 em 2020 e encerramos o ano passado com 659 contratos”. Segundo ela, a perspectiva de locação é ainda mais positiva “se considerarmos que o preço das motos de luxo está em alta e, por serem motos que costumeiramente não são usadas no dia a dia, cada vez mais gente conclui que é mais vantajoso alugar do que gastar muito mais para comprar e manter a moto parada na garagem na maior parte do tempo”, avalia a gerente da Roxmoto. Com o aluguel, o usuário também deixa de ter custo e trabalho com manutenção, documentação, seguro e outras despesas e responsabilidades que ficam por conta da locadora. A Roxmoto opera desde outubro de 2018 e está entre as principais locadoras de motocicletas do Brasil. Junto com a Triumph Experience, do mesmo grupo, atua também como operadora de viagens de moto no país. “Se, por um lado, os ‘tours’ ficaram mais restritos durante a pandemia, por outro a demanda pela locação diária, sem dúvida, avançou”, acrescenta Evelyn Lima. Até o final de 2021, a empresa atuava apenas no estado de São Paulo, mas no mês de janeiro já iniciou o serviço de locação também em Belo Horizonte (MG), em parceria com uma fabricante de motos de alta cilindrada, a Triumph do Brasil. “No primeiro semestre devemos ampliar a operação para outras capitais, além de aumentar a nossa frota de motos de alta cilindrada para locação em São Paulo”, complementa a gerente. n EVELYN LIMA: AFICIONADOS COMEÇAM A PERCEBER A VANTAGEM DO ALUGUEL MODELOS DA TRIUMPH: PARA QUEM BUSCA EXPERIÊNCIA

23 UMA ONDA DE PESO Frota

24 REALIZADA NO ANO PASSADO, a última Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 26, definiu que até 2040 todos os fabricantes automotivos têm o compromisso de produzir apenas veículos com emissão zero de carbono. Pode parecer uma meta distante, mas o mundo já começou a se preparar para essa realidade, como atestam algumas estatísticas. No Brasil, ainda sem subsídios e condições favoráveis para esse tipo de investimento, a presença dos elétricos na frota cresce paulatinamente. No mercado de locação, já se nota, mesmo de maneira tímida, o surgimento de um nicho com grande potencial: o aluguel de veículos pesados elétricos. Afinal, muitos clientes têm como horizonte atender às demandas da chamada agenda ESG (meio ambiente, sociedade e governança, na sigla em inglês), que inclui medidas como a descarbonização (uso de outras fontes de energia, mais sustentáveis, em substituição aos combustíveis fósseis, como o petróleo). "A locação de pesados, por si só, já é um assunto diferente para a maioria das empresas. A inclusão de veículos elétricos é uma novidade ainda maior", atesta Paulo Miguel Junior, do Conselho Gestor da ABLA. Para ele, a visão sobre esse serviço começa a mudar entre os clientes. "Empresas de grande porte achavam que possuir frota própria era algo estratégico, que isso fazia parte do seu business. Mas esse sentimento de posse começou a mudar quando se percebeu que o importante para a operação é o transporte da carga, e não quem é o dono do veículo em que ela é transportada. Especialistas em logística que se debruçaram sobre o assunto na pandemia tiveram uma grande influência na mudança dessa cultura. Os clientes passaram a entender a locação não mais como uma despesa, mas sim como uma solução. Os investimentos que seriam destinados à renovação da frota própria foram aplicados no próprio negócio", analisa Paulo Miguel Junior. "Os clientes de pesados ainda possuem esse sentimento de posse, e faz parte do nosso trabalho desmistificar essa ideia. Estamos conseguindo quebrar barreiras", atesta Marluz Cariani, head comercial da Ouro Verde, locadora paranaense que atua há quase 50 anos, e desde 2019 vem sendo gerida pela companhia canadense Brookfield, que administra ativos em mais de 30 países. Segundo o executivo, a visão de compartilhamento e foco no resultado e performance vem ganhando força, principalmente entre os gestores mais jovens. Ele conta que há casos em que as empresas começam locando uma parte da frota e, conforme comprovam os benefícios do serviço, ampliam essa fatia. Esse movimento também é detectado em outras empresas do setor que possuem áreas dedicadas à locação de pesados. É o caso da Unidas, que já incorporou a aquisição de veículos elétricos à sua operação e passou a incluir também, nesse esforço de eletrificação, os pesados. “A demanda por locação de caminhões elétricos existe, em função da necessidade de dar uma resposta à sociedade no avanço da sustentabilidade. Existem compromissos futuros das empresas com a redução de emissão de CO2, e o uso do caminhão elétrico atende a essa exigência. Mas a oferta ainda é embrionária”, afirma o head de frotas da Unidas, Breno Davis. Ele explica que a migração para uma matriz elétrica está começando pelo veículos leves, segmento em que o desenvolvimento da tecnologia da eletrificação já está mais avançada. “De qualquer forma, os caminhões elétricos já estão na rua, e o impacto dessa mudança já pode ser observado”, completa Breno. Frota EMPRESAS COMEÇAM A INCORPORAR PESADOS ELÉTRICOS À FROTA FOTO: DIVULGAÇÃO

25 FUTURO VERDE Com tradição em terceirização, a Ouro Verde está presente com seus pesados em vários setores – desde o agronegócio, onde a empresa tem história, até a atividade florestal, de mineração, saneamento e outras. Mas não pensem que essa diversificação é algo fácil. "Praticamente cada contrato do aluguel de pesados é customizado de acordo com as necessidades do cliente. Precisamos ter a visão de um especialista que analisa como funciona o negócio do cliente", acrescenta o head da área na empresa, Marluz Cariani. Ele conta que nesse mercado os contratos são longos – ao menos 24 meses, na Ouro Verde – e, antes de serem fechados, exigem uma imersão nas demandas específicas do cliente, inclusive com visitas ao local em que os caminhões ou máquinas serão alocados. "É realmente uma venda consultiva, em que cada projeto tem suas especificações. É comum, por exemplo, a gente avaliar o pedido inicial e concluir que é possível atender a uma operação com uma frota menor do que a inicialmente imaginada", afirma Marluz. O executivo assinala as diferenças de uma locação de pesados da modalidade de veículos leves. "O aluguel de um caminhão é outra história. Enquanto a escolha de um veículo de passeio é marcada pela emoção, em nosso caso é a razão que comanda o serviço. Os clientes da terceirização de pesados buscam retorno de investimento, garantia de produtividade. A locação precisa trazer resultado para o cliente. Sem isso, não há negócio", relata ele. A Ouro Verde adota algumas premissas, entre elas a capacidade de atender no melhor prazo possível os novos contratos. Isso exige grande investimento na ampliação da frota, como a compra de 1.200 caminhões no ano passado para atender de imediato novos clientes e projetos. Nesse esforço está a aquisição dos primeiros caminhões elétricos para compor a frota, veículos que já estão comprometidos com as primeiras operações da locadora com esse perfil atrelado ao ESG. "O foco ambiental será uma preocupação cada vez maior das empresas nos próximos anos. Essa demanda por sustentabilidade atinge certamente o transporte e a logística, daí o fato de os caminhões elétricos ou a gás passarem a ser mais utilizados", explica Marluz. Outra linha de atuação da Ouro Verde é buscar inovação na oferta do serviço. Entre os clientes da área de mineração, por exemplo, já existe a possibilidade da locação de caminhões com o condutor (locação + operação), o que agrega valor à gestão. "Um caminhão parado durante um dia na mineração pode gerar um prejuízo maior do que o valor do próprio caminhão, então a garantia de operação nesse caso é muito importante para o cliente", comenta o executivo. NEGÓCIO EM EVOLUÇÃO Com uma das maiores frotas do setor, a Unidas figura entre as empresas que evoluem rapidamente em um cenário que favorece a incorporação dos veículos elétricos aos ativos das locadoras. “À medida que tivermos operações com mais Frota MARLUZ: CLIENTES BUSCAM GARANTIA DE PRODUTIVIDADE CRÉDITO: FERNANDO DIAS

26 escala, a atratividade desses modelos crescerá. As expectativas em torno desse nicho são ótimas”, avalia o head de frotas da empresa, Breno Davis. Um ponto importante para essa evolução é a mudança que temsido consolidada entre os gestores de frotas. “As empresas se enxergam hoje como prestadoras de serviços e não mais como proprietárias de uma frota. Isso é fundamental para a locação deslanchar no Brasil”, acrescenta Breno. Elesalientaqueaslocadoraspossuemdiferenciais que as colocam como parceiras naturais das empresas que planejam terceirizar suas frotas de pesados e utilizar caminhões elétricos. O custo da tomada de dinheiro para investir em uma frota com esse porte é elevado. E o elétrico ainda é relativamente caro, mesmo considerando que a empresa lucrará ao longo do tempo com a economia de combustível. “Ao contar com a terceirização, esse custo de capital fica a cargo das locadoras”, destaca. Além da desalavancagem, o head da Unidas elenca como vantagens para as empresas que terceirizam os seguintes fatores: possibilidade de reservar mais recursos ao core business; melhoria na entrega e desempenho; e também benefícios tributários (a partir da IFRS 16, de janeiro de 2019, que traz disposições sobre políticas de arrendamento). O modelo de negócio da locação, na ponta do lápis, é muito favorável para as empresas. Do ponto de vista das locadoras, Breno lembra que existe uma série de competências internas que as empresas dedicadas ao aluguel de caminhões devem desenvolver. “É um tipo de serviço completamente diferente da locação diária”, resume ele. EMPRESA INAUGURA O USO DE ELÉTRICOS NA FROTA Gigante do setor de alimentos, a Danone anunciou que vai incorporar caminhões elétricos à sua frota dedicada à logística, como mais um passo rumo à chamada “descarbonização”. Inicialmente, os elétricos serão utilizados a partir dos centros de distribuição de Guarulhos (refrigerados) e Jundiaí (líquidos), para atender clientes da empresa na região metropolitana da capital paulista. “É preciso cuidar da saúde do planeta. Estamos muito felizes em avançarmos em mais uma frente de descarbonização de nossa cadeia”, afirma o diretor de supply chain da Danone, Maurício Rios. A empresa acredita que, além do impacto ambiental, o transporte em caminhões elétricos traz benefícios como a economia por quilômetro rodado – quase três vezes menor em comparação com um veículo à combustão – e a redução de ruídos, que possibilita a realização de entregas noturnas. Segundo a Danone, ainda é preciso avaliar outros aspectos de desempenho, para garantir a autonomia das frotas, como o tempo de manutenção dos automóveis e a durabilidade das baterias. “Optamos por investir em um projeto piloto neste momento, para avaliar a performance dos caminhões. Até o final do semestre, teremos dados conclusivos sobre a eficiência dos veículos e, então, poderemos definir uma estratégia mais ampla e certeira para todo o Brasil”, reforça Rios. EXPECTATIVAS EM TORNO DESSE NICHO SÃO ÓTIMAS, AVALIA BRENO DAVIS Frota

27 AUMENTA O EMPLACAMENTO DE PESADOS As estimativas são de que cerca de 123 mil caminhões foram emplacados em 2021, 43% a mais do que em 2020. Além da expansão do e-commerce, um fator que favoreceu esse aumento da demanda por caminhões foi o crescimento da chamada atividade primária (agronegócio, commodities e mineração), que exige mobilização de caminhões para o escoamento dessa produção. O potencial de renovação da frota é imenso. Hoje, circulam no país cerca de 2,5 milhões de caminhões, dos quais 1,5 milhão tem mais de 15 anos. n CAMINHÕES ELÉTRICOS DA FROTA DA DANONE: RUMO À DESCARBONIZAÇÃO DIVULGAÇÃO Frota

28 Benefícios TECNOLOGIA ANTIFRAUDE AO AL CAN CE DE TODOS “A UNICO DISPONIBILIZA A BIOMETRIA FACIAL, POR MEIO DO UNICO|CHECK, SEM A NECESSIDADE DE UMA FRANQUIA MÍNIMA PARA ASSOCIADAS DA ABLA” A APROPRIAÇÃO indébita, que basicamente é a não devolução do veículo alugado dentro dos prazos e condições previstos em contrato, está entre as modalidades de fraude que mais causam preocupação às locadoras que atuam no Brasil. E mais: com os preços dos zero km nas alturas, cada carro que “deixa de voltar para casa” representa um prejuízo médio de R$ 70 mil que, dependendo do porte da locadora e da quantidade de casos, pode até inviabilizar a continuidade do negócio. “Se uma pequena locadora, por exemplo, com uma frota de 10 a 20 veículos, levar duas, três, quatro fraudes dessas em um ano, certamente há a chance de ela ir à falência”, projeta Silvia Andrade, diretora de parcerias e canais da unico, IDTech líder em soluções de identidade digital. A empresa acaba de expandir sua parceria com a ABLA para facilitar às locadoras associadas acesso à biometria facial, colocando essa tecnologia ao alcance também dos pequenos e médios negócios. O benefício chega às locadoras associadas da seguinte forma: a unico disponibiliza a biometria facial, por meio do unico|check, sem necessidade de uma franquia mínima. Logo, todas as associadas, sejam de grande, médio e principalmente as de pequeno porte, ganham as melhores condições possíveis para o acesso à plataforma. É um movimento muito interessante para todas, "pois se trata de uma tecnologia robusta e que, sem a parceria, talvez não fosse possível exatamente para negócios menores e que são aqueles que ainda não têm instrumentos antifraudes”, avalia Silvia Andrade, da unico. “Para nós, da ABLA, é de extrema importância auxiliar as locadoras do Brasil a evitarem fraudes e manterem seus negócios lucrativos”, acrescenta Francine Evelyn, gerente da associação e responsável pelas parcerias comerciais que geram benefícios e economia às locadoras que já fazem parte do quadro associativo. Conforme Francine, o segmento de locação continua passando por transformações e a demanda por veículos locados tende a crescer daqui para frente, por exemplo. “Nesse cenário, aumenta a importância de garantir que as inovações sejam eficientes e aconteçam de forma segura para o setor”, avalia ela. “Na prática, nossa parceria com a unico vai exatamente ao encontro disso”. Tanto é que, já no ano passado, estima-se que a biometria facial tenha evitado perdas de aproximadamente R$ 85 milhões em apropriações indébitas de veículos de locadoras no Brasil. E foi também em 2021 que a unico comprou 100% das

29 SILVIA ANDRADE, DIRETORA DE PARCERIAS E CANAIS DA UNICO AJUSTES E MIGRAÇÃO Uma etapa importante de todo esse processo foi a migração das locadoras associadas que já utilizavam soluções da CredDefense para o unico|check. Isso permitiu acesso a uma base biométrica 265%maior e trouxe ainda mais segurança e proteção contra fraude no tratamento dos dados pessoais dos titulares. Isso porque o unico|check já opera seguindo uma política de governança de dados formulada de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e com os padrões de governança e privacidade da unico. Vale lembrar que, antes de concluir a migração para o unico|check, foi imprescindível que o contrato anterior de cada locadora com a CredDefense fosse encerrado – e então firmado novo acordo com a unico. Na medida em que esse procedimento avançou, bastou às empresas associadas confirmarem o recebimento da nova minuta contratual com a ABLA para finalização dos trâmites de assinatura. AABLAtambémmantémumplantãoparadúvidas, viae-mail paula@abla.com.br ou pelo (61) 3225-6728. SAIBA MAIS SOBRE A UNICO A unico (ex-Acesso Digital) desenvolve soluções para a proteção da identidade dos brasileiros nas relações com empresas privadas. São elas: biometria facial para autenticação de identidades, assinatura eletrônica biométrica e admissão digital. Primeira IDTech brasileira e líder no segmento, está presente nos maiores bancos, varejistas, fintechs, e-commerces e indústrias para simplificar processos e combater fraudes. Em 2021, também foi reconhecida pelo ranking “100 Startups to Watch”, da Pequenas Empresas & Grandes Negócios. atividades da CredDefense, empresa antifraude que utiliza sistema de biometria facial e, assim, expandiu sua atuação para o mercado de locação. “Com isso, conseguimos levar mais segurança e longevidade para negócios que ficaram protegidos de golpes”, lembra Silvia Andrade. Segundo a diretora da unico, a aquisição da CredDefense fez parte de um movimento “de expansão e de fortalecimento da nossa presença nomercado de identidade digital, pois são duas empresas que se complementam e aumentam o potencial da nossa entrega de valor ao mercado, aos nossos clientes e à sociedade”, explica. Agora, em 2022, a unico e a ABLA democratizarão ainda mais o acesso à solução unico|check e trouxeram inovação via tecnologia para auxiliar as locadoras espalhadas pelo Brasil. “A iniciativa é para contemplar de verdade todos os negócios, principalmente por conta do impacto que esse tipo de dano pode causar às empresas de locação”, complementa Silvia Andrade. n

30 ATENDIMENTO EFICAZ FAZ DIFERENÇA? O QUE SÃO COMPETÊNCIAS GERENCIAIS? 2 1 O curso de Educação a Distância (EAD) sobre Atendimento Eficaz Operacional da UNIABLA ensina as características do atendimento de qualidade e mostra como manter o relacionamento com os clientes sempre em alta. O programa inclui aspectos como a percepção do que de fato é qualidade, as queixas, reclamações e como lidar com elas, além de estimular as pessoas que trabalham nas locadoras a enxergarem seus próprios colegas dentro da empresa como seus clientes internos. As inscrições são gratuitas pelo portal www.uniabla.com.br Neste curso on-line da UNIABLA, você vai ficar conhecendo as competências gerenciais e entender sua importância e seu papel dentro da evolução da locação de veículos. O conteúdo inclui a compreensão do Código do Consumidor, o conceito de mobilidade urbana, aspectos da responsabilidade civil das locadoras, comprometimento com a sustentabilidade e até a importância do associativismo. Toda a estrutura virtual foi desenvolvida em parceria com o SEST/ SENAT e as inscrições gratuitas são feitas pelo portal www.uniabla.com.br

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