Revista Locação 101

24 REALIZADA NO ANO PASSADO, a última Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 26, definiu que até 2040 todos os fabricantes automotivos têm o compromisso de produzir apenas veículos com emissão zero de carbono. Pode parecer uma meta distante, mas o mundo já começou a se preparar para essa realidade, como atestam algumas estatísticas. No Brasil, ainda sem subsídios e condições favoráveis para esse tipo de investimento, a presença dos elétricos na frota cresce paulatinamente. No mercado de locação, já se nota, mesmo de maneira tímida, o surgimento de um nicho com grande potencial: o aluguel de veículos pesados elétricos. Afinal, muitos clientes têm como horizonte atender às demandas da chamada agenda ESG (meio ambiente, sociedade e governança, na sigla em inglês), que inclui medidas como a descarbonização (uso de outras fontes de energia, mais sustentáveis, em substituição aos combustíveis fósseis, como o petróleo). "A locação de pesados, por si só, já é um assunto diferente para a maioria das empresas. A inclusão de veículos elétricos é uma novidade ainda maior", atesta Paulo Miguel Junior, do Conselho Gestor da ABLA. Para ele, a visão sobre esse serviço começa a mudar entre os clientes. "Empresas de grande porte achavam que possuir frota própria era algo estratégico, que isso fazia parte do seu business. Mas esse sentimento de posse começou a mudar quando se percebeu que o importante para a operação é o transporte da carga, e não quem é o dono do veículo em que ela é transportada. Especialistas em logística que se debruçaram sobre o assunto na pandemia tiveram uma grande influência na mudança dessa cultura. Os clientes passaram a entender a locação não mais como uma despesa, mas sim como uma solução. Os investimentos que seriam destinados à renovação da frota própria foram aplicados no próprio negócio", analisa Paulo Miguel Junior. "Os clientes de pesados ainda possuem esse sentimento de posse, e faz parte do nosso trabalho desmistificar essa ideia. Estamos conseguindo quebrar barreiras", atesta Marluz Cariani, head comercial da Ouro Verde, locadora paranaense que atua há quase 50 anos, e desde 2019 vem sendo gerida pela companhia canadense Brookfield, que administra ativos em mais de 30 países. Segundo o executivo, a visão de compartilhamento e foco no resultado e performance vem ganhando força, principalmente entre os gestores mais jovens. Ele conta que há casos em que as empresas começam locando uma parte da frota e, conforme comprovam os benefícios do serviço, ampliam essa fatia. Esse movimento também é detectado em outras empresas do setor que possuem áreas dedicadas à locação de pesados. É o caso da Unidas, que já incorporou a aquisição de veículos elétricos à sua operação e passou a incluir também, nesse esforço de eletrificação, os pesados. “A demanda por locação de caminhões elétricos existe, em função da necessidade de dar uma resposta à sociedade no avanço da sustentabilidade. Existem compromissos futuros das empresas com a redução de emissão de CO2, e o uso do caminhão elétrico atende a essa exigência. Mas a oferta ainda é embrionária”, afirma o head de frotas da Unidas, Breno Davis. Ele explica que a migração para uma matriz elétrica está começando pelo veículos leves, segmento em que o desenvolvimento da tecnologia da eletrificação já está mais avançada. “De qualquer forma, os caminhões elétricos já estão na rua, e o impacto dessa mudança já pode ser observado”, completa Breno. Frota EMPRESAS COMEÇAM A INCORPORAR PESADOS ELÉTRICOS À FROTA FOTO: DIVULGAÇÃO

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