Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2020

119 S e já era importante a preparação de empresá- rios e executivos para enfrentar os desafios de uma comunicação onde tudo acontece em on , a pandemia da Covid-19 trouxe uma perspectiva de ur- gência para esse assunto. Em meio a tanta ansiedade e pessoas ávidas por informação, há uma corrida por audiência em lives e streamings , pois o ambiente digital é o elo disponível nessa fase de isolamento social. Do ponto de vista estratégico, é muito salutar que líderes exponham- -se com a missão de passar confian- ça em um momento tão delicado. O que chama a atenção em alguns ca - sos, contudo, é a falta de narrativas consistentes, a pouca familiaridade com o ambiente digital e, por ve- zes, até algum desconforto em desempenhar aquele papel. A verdade é que fazer parte dessa dinâmica complexa que se estabeleceu a partir dessa nova ordem, posicionando-se com carisma, sensibilidade e com capacidade de dar contribuições relevantes e enriquecedoras, não é tarefa simples. Para começar, aqueles que desejam encarar essa empreitada precisam ter consciência de que não há possibilidade de desatrelar a vida pessoal da profissional. Ao mesmo tempo em que precisam estar confortáveis e preparados para a exposição, é necessário colocarem-se em completo alinhamento com os valores da empresa, já que os impactos de suas atitudes e comportamentos nos negócios são inevitáveis. Com a rápida circulação das informações e na ausência de linhas divisórias claras en - tre o público e o privado, um executivo não pode encher a boca para defender um tema sensível para a socieda- de e ser flagrado praticando O protagonismo dos líderes e a escolha das narrativas ações opostas. O público, ávido por transparência – e claro, sempre com aquela vontade incontida de com- partilhar o que afeta a reputação alheia – não perdoa esse tipo de deslize. O melhor caminho para direcionar a narrativa em torno de um líder é fazer uma análise cuidadosa de seu estilo e personalidade. Quanto mais à vontade ele estiver, melhor e mais autêntico será o seu desempenho ao lidar com os seus diferentes públicos. Essas escolhas, como todas as outras na vida, implicam também certa dose de renúncia. Em um mundo caracte- rizado pela superexposição, quem deseja investir na construção de uma marca pessoal consistente não pode ter telhado de vidro e cabe ao profissional de comunicação estar de olhos bem aber- tos para identificar potenciais riscos e orientar em to- dos os detalhes. Na 2PRÓ, temos trabalhado há algum tempo na orien- tação de executivos para muito além do que fazíamos antes, quando os treinamentos resumiam-se aos tradicio- nais media trainings , voltados exclusivamente para o rela- cionamento com a imprensa. O propósito é a identificação de habilidades e áreas de conhecimento para a cons - trução dessas narrativas e o cruzamento de forma veros - símil com os valores intrínse- cos das marcas e as múltiplas plataformas com as quais é necessário lidar hoje em dia. Temos investido tempo e nos entusiasmado com a riqueza de possibilidades em torno desses projetos. Especialmen- te agora, quando vemos cres- cer a demanda por um novo perfil de liderança, em um novo mundo, que pede atitu- des muito mais voltadas para o social e uma preocupação genuína com o outro. Myrian Vallone Presidente da 2PRÓ Comunicação

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