Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2020

121 A relevância no depois de amanhã É impossível sabermos quando esse artigo for pu- blicado qual será a nossa situação. O que é fato é que o mundo mudou permanentemente e tere - mos que lidar com uma sensação constante de não nos sentirmos confortáveis por um longo tempo. Quando olhamos o que já aconteceu em outros países, as experiências internacionais podem nos apontar alguns caminhos. O que já sabemos é que as pessoas estão dispostas a experimentarem novos ser- viços online, o que criará uma gama de oportunidades de novas abordagens e produtos para as companhias. Como exemplos, as pessoas passaram a realizar exercícios em casa, aniversários, festas e jantares virtu- ais. Essas mudanças de comportamento causadas pelo isolamento estão moldando uma nova sociedade e não há volta para isso. Para as marcas, que vinham sentindo os consumi- dores cada vez mais conscientes da necessidade de um propósito para a construção de uma sociedade melhor, essa tendência tem crescido de forma exponencial. Mais do que nunca, as corporações servirão como uma força para o bem na comunidade global e em seus mer - cados locais. Isso passa a ser inerente para a sua licença para operar. Milhares de iniciativas ao redor do globo, de empre- sas de todas as indústrias e tamanhos, têm demonstra- do isso. As companhias destacam-se por conseguir de forma prática e inovadora contribuir com a adequação de seus produtos, transformação de suas linhas de produção e oferta de soluções gratuitas por períodos de tempo e, emmuitos casos, com doa- ções para quem precisa mais. Só dessa forma será possível manter-se relevante. O que vemos não é a busca por marcas que te - nham ações heroicas, mas sim aque- las que possuam iniciativas que de - monstrem sua proximidade com o consumidor ao longo do caminho. Para isso, a necessidade de da- dos será ainda mais essencial, com o objetivo de entender essas transfor- mações contínuas, de forma rápida e assertiva, dada a velocidade dessa mudança. Ainda estamos acompanhan - do espaço para fortalecimento de fontes confiáveis de notícias, enquanto algumas empresas ga - nham protagonismo, por estarem criando conteúdos aderentes aos interesses e momento do consumidor e, com isso, crescendo sua base de seguidores. O foco deixa de ser o produto e serviço em si, passando a mostrar como a vida das pessoas pode ser facilitada ou ape - nas trazendo narrativa mais leve, em um período de tantas incertezas. As mesmas tendências vão se aplicar na forma como nos comunicamos com nossas audiências, pedindo mais criati- vidade, mais vídeo e uso de streaming como uma forma de conectar e engajar continuamente. Tudo isso tem que trazer à tona a au- tenticidade e os valores que as marcas já pregam. Exis- tem muitas maneiras de agir dentro do arquétipo da marca e permanecer fiel à sua herança – para que você não fique com uma percepção deslocada, que é apenas uma ação de momento, sem valor no longo prazo. A maneira como nos vemos hoje e entendemos como queremos ser reconhecidos é crucial. O essencial para a relevância do amanhã é ser empático e mostrar comprometimento com um futuro melhor. Ser trans- parente, rápido e flexível. Fazer mais, falar menos. Ser verdadeiro e criar uma sensação de valores comparti - lhados. Ouvir muito e continuar ouvindo sempre. En- fim, ser mais humano. Afinal, a mudança só começou e nós, comunicado- res e consultores, temos a responsabilidade de ajudar nossos clientes a navegar e entender como manter a relevância nesse novo contexto. Elaine Rodrigues Vice-presidente sênior da BCW (Burson Cohn & Wolfe)

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=