Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2020

129 Novos negócios (tecnológicos) de comunicação A capacidade de reinvenção é a força motriz dos comunicadores. Em poucas décadas, as agên- cias remodelaram-se e reestruturaram-se di- versas vezes, adaptando-se aos ventos econômicos e ao mercado, com suas (nem sempre claras) exigên- cias. Mesmo com todos os obstáculos, é inegável que existe um segmento de comunicação estabelecido no País, com geração de empregos, movimentação de cifras expressi- vas e, principalmente, relevância. Apesar disso – uma vez mais –, o momento exige reinvenção. Dife- rente do que temos ouvido como resposta de muitos empreendedo - res de comunicação, o caminho a ser trilhado para en- tregar algo ao cliente que justifique a manutenção do fee ou a ampliação de contrato não é tão somente de - senvolver mais conteúdo . Ele passa necessariamente por uma garantia clara de que a audiência será impac- tada e que dele se extrairá algum tipo de inteligência ou dado no processo. As empresas de comunicação estão com o desa - fio de pensar e formular novos negócios, sem per- der suas características e expertises, mas entenden- do que o cliente tem feito cada vez menos distinção entre as ações de relações públicas, marketing digital e ações comerciais. Até por isso, muitas empresas come- çam a considerar a possibi - lidade de internalizar todos os braços de comunicação, o que faz com que a pressão sobre a agência aumente demais. E, para mim, o novo modelo de comunicação corporativa que interrompe esse ciclo depende não ape - nas de adotar , mas principal- mente abraçar a tecnologia enquanto oferta de negó - cios. Se um dia as inovações tecnológicas tomaram es - paços da mídia, das institui- ções financeiras, das salas de reunião – onde temos vivido nos últimos meses –, agora devemos entender se e como a tecnologia vai gerar receita para as agên- cias de comunicação. É possível, por exemplo, ter parceiros que ofere- çam ferramentas, softwares e serviços de tecnologia que podem ser repassados como portfólio da agência sem que o fornecedor apareça (fórmula consagrada em outros segmentos, principalmente o de alimen- tos). Aliás, essa talvez seja a manei- ra mais convincente de abrir novas oportunidades de negócios, en- quanto ainda há uma corrida pela digitalização nas empresas clientes. Em pouco tempo, a agência vai pas- sar a ser vista pelas interfaces como um hub de consultoria em inteligência. Algumas agências já estão criando um dashboard próprio para fazer face única de conteúdo, design , indexação digital, informação, inteligência, banco de dados, interação com stakeholders via multicanais e outras tecnologias para o cliente. Mas da tela do computador para dentro, tudo será segmentado com parceiros da agência numa relação ganha-ganha. A grande pegada é que o conteúdo de qualidade per- meia todas essas oportunidades, portanto nada faz mais sentido do que a união entre conteúdo e tecnologia encabeçada pelas agências de comunicação. Abraçando tecnologia, as agências conquistam no- vos espaços de negócios, os rendimentos diversificam e, como bônus, até renovam um segmento que está um tanto quanto estafado das mesmas práticas. As parcerias tam- bém permitirão criar grande diversificação entre as con- corrências que hoje têm se resumido muito em bater em preço. Como líder de um for- te player de tecnologia para comunicadores, estou traba- lhando para garantir a nossa fatia de participação nesse cenário futurista e economi - camente eficiente. O que es- peramos é que mais agências abracem essa visão. Fernanda Lara CEO do I’Max

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