Anuário da COMUNICAÇÃO CORPORATIVA | 2020

134 A tendência são as pessoas E nquanto escrevo este artigo, o Brasil está em casa. O mundo está em casa. Não porque seja cedo de- mais, mas porque uma pandemia inimaginável pa- rou o mundo e colocou em xeque muitos dos milhares de conceitos com que esta sociedade moderna vinha trabalhando. E a comunicação, seu presente e seu fu- turo, ocupa uma parte importante dessas discussões. O pêndulo constante das opini- ões exacerba os discursos, amplia os interlocutores e coloca a comuni - cação como uma das ciências mais importantes desta nova Era. Mas, e nós, comunicadores de formação, o que temos efetivamente com tudo isso? Tudo. Porque nunca se precisou tanto da comu- nicação como uma força motriz do desenvolvimento da sociedade e, consequentemente, das instituições. Enquanto as empresas reduziam ou modificavam a operação, as áreas de comunicação trabalhavam fei- to loucas para encontrar os caminhos adequados para orientar as pessoas e manter as relações. Enquanto os aplicativos de mensagens esbravejavam “verdades”, o jornalismo trabalhava incansavelmente para ter a fon- te mais segura. E quando as pessoas ficaram em suas casas, a comunicação das organizações reinventou-se para falar com um público disperso e diverso. Mas, ao mesmo tem- po, o que se viu foi a evidenciação da falta de controle da comuni - cação. O ser humano é dono e autor das suas histórias. E a matriz de steakholders mixou de vez e escancarou o desa - fio que já estamos traba- lhando há alguns anos na comunicação: falar com esse público que ocupa todas as posições na ma- triz de uma forma única e objetiva. Com poucas semanas de isolamento, os da- dos já apontavam para uma aceleração de mais de três anos na nossa evolução digital. Aplica- tivos nunca antes vistos ganharam notoriedade mundial (para o bem e para o mal). Inteligência artificial, datacenters, tudo foi co- locado a serviço da pandemia e utilizado também na comunicação. Os estudos que falavam de uma entrada gradual das novas tecnologias na comunicação caíram por terra. A tecnologia foi acionada várias vezes, novos canais foram criados em poucas horas e a tão falada revolução digital na comunicação en - trou de vez no cenário e nos obrigou a aceitar (e adaptar) nossos canais e nossas mensagens. A pandemia en- curtou o caminho que havíamos tra- çado para os próximos anos. E aí vem mais uma pergunta: se a crise foi capaz de acelerar tão drasticamente as inova - ções na comunicação, quais serão as próximas tendên- cias? Eu aposto nas pessoas. Sim, o ser humano no cen- tro da nossa comunicação, uma comunicação que transforma relações. Não que a tecnologia estará fora da nossa atuação. Muito pelo contrário. Utilizaremos cada dia mais a inteligência artificial e os datacenters para nos ajudar na assertividade da nossa comunica- ção. Seremos mais ágeis, mediremos mais as ações, encontraremos com mais rapidez o canal mais efetivo, faremos discursos mais personalizados, falaremos de forma customizada com cada indivíduo, quando e onde ele escolher, mas, acima de tudo, seremos orientados para e pelas pessoas. Enquanto escrevo aqui, a maioria dos seres humanos está em suas ca - sas. Utilizam os milhares de recursos para a próxi- ma call , a live do setor, o webinar tão aguardado. Entre uma mensagem do whats ou o uso de um aplicativo de compra, todos estaremos, na es- sência, buscando na co- municação uma forma de conexão. Que assim seja! Investir em comunica - ção é acreditar em cone - xões mais humanas. Flávia Rios CEO da Rede Comunicação de Resultado

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0Njk=