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A via utilizada para chegar aos objetivos era
o benchmarking (processo em que uma
empresa aprende com outras do próprio
segmento de atuação as melhores práticas
para funções semelhantes).
Como os clientes da terceirização de
frotas já eram muito exigentes desde aque-
la época, as locadoras que conseguiram
conquista-los foram as que, antes disso,
souberam acompanhar e assimilar as prá-
ticas das grandes empresas do setor. “Eu
mesmo aprendi muito com elas e aliei este
conhecimento ao meu natural instinto de
servir os clientes da maneira mais eficien-
te”, revela Luiz Mendonça Filho. “Ganha-
ram mercado somente as locadoras que
também desenvolveram essa expertise e
que tentaram ao máximo fazer com que os
clientes atendidos se sentissem satisfeitos
e seguros em relação ao serviço prestado”.
Além disso, saber observar foi outra das
características importantes dos empresá-
rios de sucesso que estão até hoje no setor
de locação. Trata-se de enxergar onde es-
tão as dicas, ouvir as críticas e analisar os
atos dos clientes. “A partir disso é possível
ampliar o negócio e aperfeiçoar a presta-
ção de serviços”, diz o empresário baiano.
Para exemplificar, ele cita que na dé-
cada de 70 era usual no Nordeste que os
clientes dos táxis, na necessidade de um
veículo por um ou mais dias, procurassem
os taxistas com a proposta de pagar por
diárias, e não pelas corridas. A constatação
dessa prática também está entre os moti-
vos que levaram alguns empreendedores
da região a ingressarem no setor de loca-
ção. “Não havia um mercado evoluído de
aluguel, mas descobrimos que havia opor-
tunidades de negócios”, conta ele. “E isso
se deu muito em função da observação do
comportamento dos clientes dos táxis”.
As locadoras de veículos da Bahia e de
todo o Nordeste tiveram de rapidamente
buscar o aperfeiçoamento e a inovação, im-
pulsionando o desenvolvimento da terceiri-
zação de frotas e do setor como um todo
na região. “Tivemos de aprimorar métodos,
desburocratizar e tornar mais ágeis os trâ-
mites para otimizar a prestação dos servi-
ços de terceirização”, confirma Luiz Men-
donça Filho. “Especificamente na Bahia,
esse ritmo de profissionalização ganhou
um enorme impulso após
a instalação do Polo Petro-
químico de Camaçari”.
A partir dali, o estado
e o setor de locação de
veículos começaram a se
transformar, já que gran-
des clientes passaram a
precisar da terceirização
de frotas para suas opera-
ções. “As experiências com
as empresas que estavam no
Polo Petroquímico foi um dos principais fa-
tores que fizeram com que o setor ganhas-
se o impulso definitivo na região”, afirma o
ex-conselheiro da ABLA.
Assim, boa parte das locadoras do Nor-
deste, e principalmente as que atuavam
na Bahia, passaram a sonhar mais alto e
a competir como “gente grande”, atenden-
do com a qualidade necessária inclusive
as empresas multinacionais da região.
“Havia multinacionais que já naquela épo-
ca mantinham convênios mundiais com as
locadoras globais”, lembra Luiz Mendonça
Filho. “Começamos a derrubar esse enges-
samento a partir da demonstração de que
também as empresas locais já possuíam
condições de atendê-las com alta qualida-
de, por um preço dentro da realidade do
mercado brasileiro”.
Saindo do passado e vindo ao presente,
a partir da experiência de 38 anos com a
locação de veículos, Luiz Mendonça Filho
diz que a participação da terceirização de
frotas no Brasil ainda é muito pequena. “A
existência de frotas corporativas terceiri-
zadas no País gira em torno de 5% a 8%,
enquanto na Europa e nos Estados Unidos
isso chega a 50%”. Mesmo assim, ao olhar
para o horizonte de 2015 o empresário é
otimista: “a nossa expectativa é que o setor
continue crescendo, com a expansão de
negócios para novas regiões a partir dos
esforços de marketing e da força de ven-
das das locadoras”. Como se pode obser-
var, onde muitos só veem dificuldades, Luiz
Mendonça Filho segue enxergando tam-
bém as boas oportunidades.
Luiz Mendonça Filho
Ex-Conselheiro Nacional da ABLA
Former ABLA National Councilor