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Anuário ABLA 2012
Negócio
Quem vai pagar a conta?
A tecnologia aplicada à fabricação de
automóveis certamente tem contribuído, ao
longo dos anos, para aumentar a segurança
no trânsito, visando em última análise reduzir
o número de vítimas e, mais do que isso, de
mortes causadas por acidentes.
O posicionamento da ABLA sempre foi
bem claro: a associação dedica apoio a todas
as medidas que visam reduzir os acidentes,
assim como as medidas voltadas para proteger
a integridade física do condutor, dos demais
ocupantes do veículo e do cidadão que transita
pelas vias públicas.
A obrigatoriedade de freios ABS e de
air
bag
duplo nos automóveis a partir de 2014,
é um exemplo disso. Trata-se de resolução
do CONTRAN elogiável sob o ponto de
vista da segurança, já que os freios ABS são
comprovadamente importantes para evitar
acidentes, assim como os
air bags
colaboram para
minimizar sequelas da ocorrência de sinistros.
Porém, não entendemos justo que a conta
seja integralmente paga pelos consumidores,
já que a obrigatoriedade de tais equipamentos
deverá trazer, como efeito colateral, significativo
aumento de preços dos automóveis.
No caso das locadoras de veículos,
qualquer aumento de preço traz consequências
multiplicadas exponencialmente. Estamos
aqui nos referindo a frotas inteiras de veículos,
cujo custo para renovação se torna ainda mais
oneroso, quando comparado ao das pessoas
físicas que possuem somente um, dois ou três
unidades.
No caso das empresas do nosso setor,
veículo é sinônimo de instrumento de trabalho.
Qualquer aumento de preço torna mais difícil a
renovação da frota e, por tabela, exige ainda mais
necessidade de crédito para tal objetivo.
Assim, entendemos que as montadoras
que pretendem atuar com responsabilidade,
precisarão agir para não penalizarem o cliente
final de seus produtos. Há ações que não
poderão mais ser postergadas, no sentido
de garantir que os preços permaneçam
competitivos para todos, inclusive para as
locadoras de veículos, que hoje já são os
principais clientes das montadoras no Brasil.
Trata-se de um desafio que, entendemos,
não é de fato complicado. A própria
obrigatoriedade determinada pelo CONTRAN
fará com que a fabricação dos dispositivos
de segurança ganhe escala e, desta forma, a
tendência é que seus preços caminhem para
se tornarem mais acessíveis.
Porém, não seria prudente confiar somente
no fator “escala”. Para introduzir novas
tecnologias nos automóveis, sem a contrapartida
de grande repasse nos preços, também será
preciso que as montadoras aperfeiçoem as
negociações com os seus fornecedores e,
ainda, que risquem a palavra “ganância” de
seus dicionários. Basta lembrar que hoje as
fabricantes cobram, em média, cinco mil reais
do cliente pelos freios ABS e pelo
air bag
duplo
nos modelos, sendo que o custo real destes
equipamentos não atinge sequer os um mil reais
e será reduzido ainda mais ao considerar os
ganhos de escala quando a nova regulamentação
entrar em vigor.
Portanto, não somos contrários à aplicação da
tecnologia ou da sua obrigatoriedade, mas sim
a favor do óbvio: que a conta seja dividida entre
os diversos agentes econômicos envolvidos na
cadeia produtiva, sem o quê se perde totalmente
o princípio que fez nascer a exigência dos freios
ABS e do
air bag
duplo nos veículos, que é a
redução de acidentes e suas sequelas.