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SUSTENTABILIDADE
SUSTAINABILITY
Depois da reengenharia, dos círculos
de controle da qualidade (CCQ), outsour-
cing (terceirização) e de outras “modas” do
mundo corporativo nos anos 1980 e 1990,
sustentabilidade tornou-se uma espécie de
troféu a ser conquistado e exibido pelas
empresas neste início de milênio.
As empresas querem ser sustentáveis
a qualquer custo, embora muitos dirigentes
sequer saibam o que isso significa. Algu-
mas “adotam” o jardim de uma praça ou
uma avenida e colocam uma placa anun-
ciando a sua proeza nesse campo, como
se cumprissem sua parte na salvação do
planeta Terra.
Sustentabilidade, porém, não é apenas
um ato isolado em prol da natu-
reza. É o comprometimento
com a preservação dos
recursos naturais para
uso das futuras gera-
ções, combinado com
o atendimento das ne-
cessidades sociais e
financeiras de hoje.
“Ser sustentável
é ser solidário com
o meio ambiente e
com as pessoas”,
define Nádia Rebou-
ças, diretora e consul-
tora da empresa que leva
o seu nome e em cujo por-
tfólio de clientes constam companhias que
estão entre as maiores do Brasil em seus
segmentos de atuação.
Nádia defende novos conceitos de pro-
dução e de parâmetros para obtenção
de lucros, além de conscien-
tização do consumo,
como forma de reduzir o
ritmo de degradação do ecossistema que
já afeta o mundo. “Aquilo que se acreditava
que ocorreria em 2030 está acontecendo
agora”, revela, alertando para a elevação da
temperatura, o derretimento de geleiras e
alterações climáticas bruscas em todas as
estações do ano.
“Isso já não são mais previsões, são
fatos”, alerta a consultora. “O planeta está
interligado por meio do ecossistema, que
funciona como unidade. A questão da fal-
ta de água em São Paulo é um exemplo,
pois está constatado que a redução dos
tradicionais índices de chuva no Estado é
decorrência do desmatamento realizado a
milhares de quilômetros de distância, na
floresta amazônica”.
Por mais paradoxal que possa parecer,
esses acontecimentos têm deixado Nádia
Rebouças esperançosa. “O que sensibiliza
as pessoas são os desastres. Quem sabe
agora, que o problema bate à nossa porta
e afeta a todos, as atitudes comecem a mu-
dar”, questiona.
Nádia vislumbra maior aproximação
entre empresas e consumidores no futuro,
em busca do equilíbrio. “A organizações
empresariais não terão clientes, terão inter-
locutores, com os quais trocarão informa-
ções constantes, saberão da satisfação ou
não com os produtos ou serviços de uma
companhia Os consumidores serão mais
exigentes e vão querer saber mais sobre a
origem de seus produtos e os procedimen-
tos de quem os fabrica”, prevê.
A escassez de recursos naturais e o ex-
cesso de poluição pressionam o planeta e
resvalam em todas as formas de vida. Mui-
tos negócios serão duramente afetados,
mas isso não significa o caos. Longe disso,
trata-se de uma renovação.
A hora é agora!
Sustentabilidade não é modismo. Uma prova é que as
alterações climáticas previstas para 2030 já afetam inclusive o
Brasil. O momento é de ação, diz Nádia Rebouças